Contradições do Ser
Sou mesmo assim, côncavo e convexo.
Do jeito que você vê e não entende.
Doce e salgada, agridoce, contradição.
A suavidade da rosa se despetalando.
Mas que ao chegar ao chão quebra tudo.
Assim mesmo, o dito e o não dito, desconforme.
Graça e sutileza, pretensão e falta de jeito.
Afinal, ninguém é totalmente uniforme.
Na lente, olhado de perto, nada é normal!
Ninguém consegue andar em linha até o final.
Gente tem altos e baixos, variação do tempo,
Ama sem razão e odeia só por sugestão,
E no mesmo diapasão da sonoridade perfeita,
Atravessa o tom no tempo da desarmonia.
E nesta antítese milenar que é viver a vida,
A brisa acolhe sem cerimonia a tempestade.
E no auge do caos, no vórtice do furacão.
Os ventos destruidores sem razão se dissipam,
Para que inexplicavelmente se abra um lindo dia.
Por que logo eu deveria manter a constância?
O convexo, o agridoce, a suavidade,
O chão quebrado, desconforme e sem jeito.
O nada normal da linha, as variações do tempo,
A sonoridade de atravessar o tom sou eu.
A antítese da vida que acolhe a tempestade,
Vivendo como uma brisa sem cerimonias,
Caos que se abre e dissipa inexplicavelmente,
O vórtice destruidor no auge de um lindo dia.
Rosamares da Maia – 30.10.2012