Em repentino momento,
Onde a vida morosa nos acomoda
Como em um amorável acalento
Urge o que me desperta
Em plena rotina,
Sol a sol, dia a dia,
Surge sorrateiramente o que me fascina,
Algo que me desconcerta.
Sinto a mais intensa alegria,
Faz-me esquecer o tempo,
Desordena a fina harmonia
Que a vida então me oferta.
Primeira flor da primavera
No vazio do meu coração,
Em vasto campo prospera
A beleza ora liberta.
Vivo experiência singela
Com insanos pensamentos carnais,
Não importa o quanto é bela
Quero essa flor para mim.
E se um dia for esquecido,
Saiba que prefiro por isso passar
A nunca ter conhecido
Teu rosto de serafim.
Ambos somos comprometidos
Mas ando alegre por te conhecer,
Descompassas o bater atrevido
Do meu coração carmesim.
Por fim, se o destino porfia em nos afastar,
Por cruas noites de inverno passarei,
Mas jamais cansarei de esperar
Que a primavera da vida,
Em generoso ato gentil,
Faça florir a minh'alma
E te traga de volta para mim
Cândida, formosa, sutil.
João F..R. 16/09/2011