- não!... Por Deus!... Não!...
- não posso deixar a mãe de vocês sozinha
Nesta casa de tratamento!...
- meu coração não resistiria vê-la sozinha!...
- não!... Por Deus!... Não posso ir!...
Declaração de paixão eterna...? Sim...!
Magnífica prova de amor essa do velho Noah,
Que se internara na clínica psiquiátrica
Para ficar ao lado de sua grande paixão,
E de lá, não arredava o pé, por nada neste mundo.
Entre o sonho e a realidade,
Noah acabara de receber a visita de seus filhos,
E de prima facie, de súbito fora indagado por eles,
Do porquê dele não querer mais retornar para casa.
Dado o estado de total letargia em que Allie se encontrara,
E relembrando cenas passadas de um amor eterno,
Noah, subitamente, respondeu-lhes:
- não, meus filhos! Eu não voltarei para casa!...
- minha casa agora é aqui ao lado da mãe de vocês!...
- Ela é o meu lar!...
- O nosso amor não permite separação!...
Lembram de “Diário de uma Paixão”,
Inesquecível filme americano que narra história
De um grande amor
Vivido por dois jovens de diferentes classes sociais?
Pois é, assisti esta pérola cinematográfica em Teresina.
Emocionei-me com a história.
Aprendi o enredo do amor e agora já sei a lição de cor.
Filme como este deveria ser assistido por todo mundo
Em face de pura lição de vida que ele nos intui.
Extasiado, conclui que “o amor não precisa Razão”.
Não pede esmola. Não usa favor. Não engendra passagem.
Não anima circos de desamores, nem antros de libertinagens.
Lembrar que para ter o amor verdadeiro junto de si,
Aquele, que, movido pela ânsia de ter para sempre
O calor dos corpos, o afago do beijo,
O entrelaçar das mãos nervosas da mulher amada
Até chegar à conquista da vida a dois,
Noah e Allie: atravessaram guerras,
Terminaram romances, beberam cicuta,
Mergulharam na força da felicidade,
Em busca da verdadeira face do amor...
Já que é ao lado de quem se ama,
Que se vive a vida.
O amor é assim... Cheio de segredos,
De caminhos tortuosos, de lagos contaminados,
De dores redivivas, de lágrimas sentidas.
O amor, se amado à exaustão,
Remove montanhas, recobre vales, assopra nuvens,
Bebe oceanos e mares, comove o seu executor.
O amor, não precisa sabedoria, pois já é pós-graduado.
Não precisa arrebatamento, pois já é alado.
Não precisa ciúme, pois já é sincero.
Não precisa paga, pois já está de graça.
Não precisa ser três, pois dois, é-lhe o bastante.
O amor, quando tem a alma comprometida,
Transcende a energia desconhecida do infinito.
Quando temos amor e vivemos somente para ele,
A cor do coração torna-se incolor,
O sentimento torna-se alimento coletivo,
A água da chuva sacia almas semi-áridas,
O frio torna-se manta quente,
O quente torna-se brisa dos mares,
A montanha caminha até o outro lado do rio.
O amor não oferta dívida já que por ser idôneo
É ao mesmo tempo patrão e inquilino.
O amor não distribui riqueza já que por ser honesto
É ao mesmo tempo devedor e tesoureiro.
O amor não submerge na dúvida já que por ser oceânico
É ao mesmo tempo náufrago e timoneiro.
O amor não expele ódio já que por ser amor
É ao mesmo tempo criador e criatura.
Plagiando o bom Neruda,
Eu abro um sol, e canto aos amantes:
“... Oh amor! Quando eu morrer
Quero as tuas mãos em meus olhos:
Quero a luz e o trigo de tuas mãos amadas
Passar uma vez mais sobre mim seu viço:
Sentir a suavidade que mudou meu destino... “.
Todas às vezes em cujo mirante eu relembro esse filme,
Uma lágrima cai sentida, e um grito ecoa bem alto:
Oh amor, amor,
As orações ao castelo do céu
Ascenderam como triunfantes parreiras
E tudo inflamou em céu, foi tudo estrela:
O navio, a nave, o dia se expatriaram juntos.
Oh amor, amor,
O ódio de quem não ama alguém,
Está associado ao rancor.
O ódio e o rancor são inseparáveis com as duas
Faces de uma moeda.
Abandonando o ódio e o rancor,
As pessoas conseguem ser felizes.
Oh amor, amor,
O desejo de amar,
É anseio latente no âmago de nosso ser;
Trata-se de algo inato, transcendente,
E não algo que se adquire pela existência.
Nossa existência é a vida,
E a vida é uma energia que deve ser manifestada.
Por isso, é inerente em todos,
O desejo de amar.
Oh amor, amor,
O verdadeiro amor existe e perpassa a violência
Transformando-a em pétalas copuladas,
Perpassa a guerra salvando-a das lágrimas maculadas,
Ignora a fome desmedida, e na medida certa,
Desvia-se do precipício...
E como sendo dono de sua onipresença,
O amor está sempre presente e constante
No âmago de quem lhe anseia.
Oh amor, amor,
Por ser infinito, o amar não abriga defeito,
Já se basta inteiro, é suficientemente comparte,
É cálice absoluto, senhor de si, consorte:
E sua dor,
Não precisa razão.