Começo a olhar-me ao espelho outra vez,
De novo as dúvidas de uma vida em vão
E de um passado sozinho invadem,
Parecendo ser mais fortes que tu e eu
E tu e eu somos muito, mas talvez não chegue
Para apagar tudo de uma só vez.
Poucos foram ainda os nossos dias irracionais
Em que nos deixámos levar por um plano maior,
Um destino impossível de remedeios,
E uma história de amor perfeita na humidade
De um Inverno e de olhares curiosos.
Na falta que nos mata lentamente,
Os dias passados sozinho aumentam a degradação…
O tempo que pare, por favor, o tempo que pare
E me deixe viver com ela o sonho que é dos dois,
Porque juntos somos mais que dois.
A minha muralha de cartão não dura para sempre…
E ela não existe comigo quando não está
E isso faz-me sofrer mais que imaginaria ou esperava
Suspiro, atrás de suspiro e de lamentação
Vou esperando a vinda gloriosa de dias maiores e melhores
E alegro-me sem saber, disse-me o espelho,
A ver o sorriso contente na sua foto que é de mim.
Antevejo pouco mais que o amanhã com um pouco dela
Tê-la-ei nos braços outra vez,
E chega para continuar, mas não para matar as saudades.
Pouco posso falar e eu adoro fazê-lo com ela.
Sobre o que lhe sinto e espero alcançar
Sonhos de poeta e de escritas para desabafar…
Falta-me a fala e sua boca na minha depois
De tudo dito.
Ilumina-se meu rosto com ela à minha frente
E sei que estarei bem amanhã, mas e depois,
Quando pressentir que já não caminha no meu lado outra vez?
Bem sei que o papel e lápis estarão aqui,
Mas queria-la antes, que minha mão já dói de escrever
E minha boca está morrendo por se abrir.
Não quero guardar só para mim o que sinto
E escrever também não é solução já, por isso,
Fica comigo eternamente e falar-te-ei
O que na alma me anda a perseguir,
Explodindo um pouco de cada vez que penso demais.
Amo-te e já nem caminho vejo sem ti…
Preciso de te falar
E assim peço-te:
-Não me fujas, enquanto fora estou