Desordem

Foto de Professor

"Impacientite rancoróide depressiva"

Afeta grande parte da população em uma determinada época da vida a partir dos 12 anos.
Tem início lento com discreto prazer e tendência ao vício, podendo evoluir para a escravidão.
A pessoa apresenta períodos de enorme alegria e satisfação e num outro momento experimenta um estado de angústia, inquietude e depressão típicas da doença.
Evolui com problemas de desordem social podendo afetar trabalho e vida familiar.
O indivídiuo torna-se monossilábico e com baixa tolerância a conversas mais complexas.
Tem vontade de estar só e mesmo acompanhado tem a sensação de realmente estar só.
Não fala sobre o assunto a não ser com a pessoa que o contaminou.
Fica caracterizado um estado de dependência química e física, necessitando de constante feedback com seu agente etiológico (causador da doença).
Na ausência desse intercâmbio entra num quadro de impaciência severa, rancor e depressão que finalizam o quadro.
Normalmente o ser contaminante é ausente física e/ou sentimentalmente o que agrava a doença.
Nos casos de ausência sentimental do agente etiológico os sintomas são duradouros e o tratamento é mais prolongado.
Já nos casos de ausência física, a terapêutica é simples e eficaz.
Basta aproximar o indivíduo infectado do agente causador. Neste caso específico, eu de você.

Foto de HELDER-DUARTE

O ACTO SEXUAL

Em resposta às vossas questões:
Diz, São Paulo, aos coríntios, sem hesitações:
Para que não haja imoralidade, sexual,
Que façais, como Deus ordenou, afinal.

Cada homem, tenha a sua única mulher.
E a mulher, tenho o mesmo proceder.
Para que haja, nisto ordem,
neste mundo de desordem...

E assim deeiem, prazer, um ao outro, em amor,
Pois eis que uma só carne são,
Estando ligados, assim no Senhor.

Por isso, não se neguem, um ao outro,
Ou digam não...
Porque deste modo, Deus o fez e não noutro!...

Helder Duarte

Foto de joão jacinto

Verdejante jardim

No meu verdejante jardim,
descuidadamente abandonado,
crescem em desordem entrelaçados,
arbustos de urze, alfazema e alecrim.
Gladíolos e jarros esmagados,
sob a grandeza de patas de veado,
envolvidos com rebentos de jasmim.
Ervas daninas viçosas de orvalho,
manto de azedas, amarelo limão,
desenho sombreado de um carvalho,
projectado, em movimento lento, no chão.
Buchos não aparados cercam a hortelã,
trinco a maçã caída da fortalecida macieira,
debaixo dela, durmo em silêncio, a tarde inteira,
eternizando o sono quebrado, pelo romper da manhã.

Acácias, orquídeas, manjericão,
por borboletas constantemente beijadas,
sardineiras em vermelho misturadas,
com rosas virgens, ainda em botão,
desfolhadas por barulhento escarevelho,
que procura sobreviver à sua solidão.
Cardos de tristeza envelhecidos,
trevos de quatro folhas perdidos,
entre rastejantes craveiro e chorão.

De pétalas abertas, sorridentes,
brilhando a céu aberto, em cor garrida,
desnudada, aprumada, de corpo inteiro,
ornamentada de beleza de margarida.

Folhas rasgaram-me o caule e abraçaram-me,
impregnando-me a alma de doce cheiro,
preso à terra pela raíz da sua raça,
senti-me estame e em graça,
pelo sabor do seu atractivo e sensual gineceu.
Fecundamo-nos mutuamente,
para parir o fruto da sabedoria consciente,
que dentro do nosso ventre em união cresceu.

Senti a cor do verde, o azul do céu,
o odor da terra e dos medos,
senti a vida, medi o tempo, olhei para o fim,
perdido no caminho que estava traçado dentro de mim.
Dancei aos ventos, bebi da chuva, tremi de frio,
sofri de amor, sangrei de dor, guardei segredos...

No meu jardim pouco cuidado, de natura bravia,
germinaram poucas, mas fecundas margaridas.
Nunca murcharam.

Tenho dentro de mim várias vidas.

O buquê das minhas vidas
é composto por tinta e quatro margaridas.

Foto de Ana_Luar

Hoje!!! Não ontem... nem Amanhã.

Gosto deste silêncio
deste som que me deixa calma
deste silêncio de mim mesma,
do silêncio que me rodeia
Deste vislumbre
que muitas vezes preciso,
para que as palavras na sua desordem,
busquem uma razão para explicar algumas vivências.
No calor de cada verso resgato um pouco do que fui,
ressuscitando-me a medo das profundezas.
Aos poucos quebro as barreiras
que um dia me detiveram...
Na suspensão de passagens tristes.
Hoje...
Meu corpo, brota lírios azuis
como se a Primavera nele tivesse entrado
Transborda amor...
ternura...
encanto...
paixão...
E no que antes foi uma aflição contida
hoje no limiar do abismo
afundo a paixão desmedida
num abraço enternecido
por palavras de amor.
Hoje!!!
Não ontem!
Nem amanhã...

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