Cidade

Foto de Anderson Maciel

O GUARDIÃO E A MULHER

certo dia em uma cidade ele nasceu
com olhos verdes e cor semelhante
em uns dias ja grande, cresceu
para ser em breve um eterno amante

passaran-se uns meses e ele ganhou
milhares de pessoas ao seu redor
uma grande nobreza ele contemplou
pois ele pode ver que não estava só

conheceu uma jovem com nome de Isabel
teve com ela um momento de carinho
ela era como um grande pote de mel
e naquela hora não o deixou sosinho

o guardião que hoje aqui vem ser
imperador de um pais que esta mau
mesmo assim ele honrra o seu viver
tendo um mundo que não é banal

guardião desta pequena cidade
lembra-nos aquela história
tinha muita paz e liberdade
para fazer o mundo um país de glória

casou-se com a sua amada
teve filhos dentro de uma prisão
o guardião foi preso por roubada
por não andar nesta educação

ja velho começou a ensinar
o que ele poderia ser amanhã
olhavam ele bravamente falar
dia de luz a luz da sua sã

certo dia chegou o seu fim
nem uma alma estava ao seu lado
estavam perdidos em coisa ruim
foi-se o dia do guardião casado

seu enterro foi muito venerado
pela cidade teve mui pranto
levaram o seu corpo em mal estado
para a cidade do glórioso encanto

sua mulher com seus filhos aqui ficou
triste sosinha nesta terra sem ninguém
esperava algo para que ela se firmou
cantava lagrimas em seu caração refém

até o dia que ela partil para outro mundo
la teve o encontro com ele seu amado divinal
ficaram juntos eternamente neste novo aprumo
junto com os que conseguiram em fim ser racional

estar ao seu lado e seus filhos em suas mentes
a sua amada ainda sim não desistil de nada
correu para seu maior pedio eles como viventes
voltando ela vio que era uma mulher amada

certa guerreira que lutava pra ter os seus
até que o guardião percebeu e cantou
a mulher perceverou para com o divino Deus
e o guardião o clamou o seu nome ele chamou

formaram enfim uma familia divina e amada
foram o guardião e a mulher caminhando
creram nesse dia maravilhoso na pegada
amaram uns aos outros e construiram enfim um eterno ninho. Anderson Poeta

Foto de Osmar Fernandes

Pedro Mentira

Pedro Mentira

Numa cidadezinha do interior de São Paulo, existia um sujeito mentiroso, engraçado e de meia idade. Gostava de inventar lorotas, enganar os outros. Era a mentira em pessoa! Por isso, perdeu seu nome de batismo e foi apelidado pela população de Pedro Mentira.
Certa vez, ele chegou à Sub-Prefeitura, o pessoal estava tomando o cafezinho da manhã, quando o funcionário de primeiro escalão, Luis Manco perguntou-lhe:
- Qual a mentira dessa vez Pedro Mentira?
Pedro Mentira ficou cabisbaixo, triste, e respondeu-lhe:
- Hoje me recuso a contar uma, estou chateado.
- Ah!... Conta uma mentirinha, nem que seja bem pequenininha, conta! Só para não perder a força do hábito.
- Não! Hoje meu coração está de luto.
- Por quê? O que houve?!
- Um velho amigo faleceu agora a pouco.
- Quem?!
- O mais ilustre dos cidadãos da nossa cidade, o meu compadre e pioneiro, Neném Baiano.
- Sério? Meu Deus!
Luis Manco correu para o telefone e avisou o prefeito. Fez-se um alvoroço... Foi decretado luto oficial por três dias, imediatamente. Os funcionários foram dispensados. O comércio baixou as portas. O badalo da Igreja anunciou o acontecido. O povo colocou tarja preta no ombro em sinal de luto. A lamentação tomou conta daquele lugar.
Luis pegou a família, pôs no seu carro e partiu para o Distrito rumo à casa do falecido. Formou-se um comboio. O ônibus da prefeitura, lotado, partiu pra lá também. Quem não tinha carro ou carona foi do jeito que pôde.
O Distrito ficava a uns seis quilômetros. A cidade partiu pra lá. O choro tomou conta do comboio.
Luis Manco, que puxava a fila, ao se aproximar da casa do morto, observou que não havia movimento algum nela.
O povo do Distrito ficou assustado com tantos carros e visitantes. Luis Manco gritou para o Zitão que estava sentado a beira da porta:
- Onde é o velório!
- Sei não sinhô!
Luis Manco fez a volta e foi até a pracinha, centro do Distrito, e percebeu que os TRUQUEIROS estavam em silêncio, e ao se aproximar, desmaiou... Quando acordou, notou que estava no quarto do Hospital Municipal, e assustado, rodeado de muita gente, gritou:
- Que aconteceu! Que estou fazendo aqui?!
Observou dentre a multidão a presença de Pedro Mentira, e irado, gritou:
- Pedro Mentira, seu desgraçado! Você quase me matou! Por que fez isso?!
Pedro Mentira meio embananado respondeu-lhe:
- Ué, você não me pediu para contar uma mentirinha!

(Autor – Prof. Osmar Soares Fernandes)

Publicado no Recanto das Letras em 07/03/2009
Código do texto: T1474106

Foto de Chácara Sales

O Reencontro (Crônica)

Um dia a perambular pelas ruas da cidade, resolvi ir até a praça, ao centro, onde havia muito tempo que já não ia; ao chegar avistei um menino tocando flauta, com certeza na esperança de ganhar uns trocados.
No momento em que me aproximei ele me olhou firmemente, num ato solene, então entendi que era gratidão pela minha atenção.
Sentei no banco da praça e continuei a perceber-lhe; o vento soprava fortemente no rosto, as árvores balançavam adornadas de flores, cheias de vaidades; até que num olhar o menino parecia questionar-me, continuava tocando, levantei-me, prossegui meus passos a seu encontro, ele tocava e me reparava; devia ter mais ou menos uns 14 anos. O povo a passar colocava trocados em seu chapéu, ele contente a se deliciar com sua flauta, dava pra ver a alegria brilhando em seus olhos, era a sua luta diária...
Aquilo tocou profundamente minha alma, via uma grande virtude naquele menino, tinha algo de especial, tocava com alma, fazia o instrumento chorar como dizem... até uma senhora que o escutava saiu emocionada, a chorar, as lágrimas eram como diamantes em seu rosto. O povo ali ia saindo aos poucos, devagar, quando me vi só com o menino, então aproveitei para conversar; ele inocente e meigo pediu-me educadamente um trocado e riu-se, eu meio desconcertado nem mesmo percebi que me havia esquecido de dar-lhe umas moedas, que coisa!
__ Por favor, Senhor que reparas tanto! Não o conheço nem tu me conheces, com meu sorriso no rosto que é minha dádiva, superando as dificuldades para não chorar, peço-lhe gentilmente um trocado se não for precisar.
Contive nas pálpebras gotas que não eram de orvalho, que naquele momento de emoção poderiam se derramar. Parado em frente sorri, estendi-lhe a mão, dei-lhe, realmente não iria precisar. E me perguntou.
__ Desde que chegaste me olhas tanto! Algum problema?
__ Não! Na verdade eu pensei lhe conhecer, mas acho que me enganei.
__ Achas que me conheces?
__ Tive um pressentimento, mas deixamos!
Há muito tempo algo aconteceu comigo, eu havia perdido um filho que me roubaram, e já sofria há tanto tempo com a morte de minha esposa, minha linda esposa a qual nunca consegui esquecer; como ela era linda! Tão humilde e realmente mulher!
Naquele momento tinha as mãos trêmulas, entrelaçavam-se, as palavras pareciam fugir dos meus lábios, quase não conseguia falar, eu senti algo naquele menino, um pressentimento estranho, parecia que já o conhecia, e por alguns instantes imaginei ser ele do meu sangue. As lembranças do passado vieram a me perturbar, não queria tirar conclusões antes do tempo.
__ Menino, acho que se eu lhe dissesse algo a respeito, talvez não entenderia a razão.
__ Talvez entenda, Senhor! Tenho o dom de entender as pessoas __ Disse tirando o dinheiro do chapéu para guardar no bolso.
__ Seria estranho pra você, creio que não entenderia.
Mas, serenamente a me olhar disse:
__ Não custa tentar!
Como aquele olhar me trouxe segurança. Eu pude me abrir com aquele menino; nem mesmo o conhecia, mas vi sinceridade nele e parecia querer me ouvir. Não mais receoso o chamei para caminhar, ele apanhou seu instrumento e o guardou, então prosseguimos...
__ Senhor, o brilho do teu semblante parece apagar lentamente.
__ Sabe, menino, a vida deixa marcas e na velhice elas doem. Se não são boas, trazem alegria, se são ruins, trazem mágoas. De certo não deixam de doer.
__ É tão ruim assim?
__ Não, basta saber viver para que as lembranças más não venham a lhe atordoar mais tarde. E se por capricho da vida alguma coisa ruim acontecer a você, como ter que perder alguém, passe por cima; a vida tem dessas coisas...
__ Eu quando era criança perdi minha mãe e meu pai.
Quando o Menino me disse aquilo, meu coração começou a bater forte. Então expliquei a ele o motivo de minha emoção ao conversar com ele, e por quais motivos meu semblante ia-se apagado.
__ Hoje tenho 40 anos, se estivesse com meu filho, talvez ele estaria com a sua idade.
O menino escutava atento, suspirava.
__Eu estaria mais feliz junto a ele e minha esposa que perdi há alguns anos atrás.
__ O que aconteceu com ela? O senhor deve sofrer muito não é?
__ É, dá pra suportar. Minha esposa morreu no parto, 4 horas depois do nascimento de Emmanuel, meu filho. A escrava que eu tinha, cuidou de tudo pra mim, inclusive dele. Eu não tinha forças para nada, não conseguia comer nem dormir; tremenda era a dor que sentia. Depois de alguns meses tive que me conformar com a morte dela. Esabelle, uma linda mulher!
__ E Teu filho, onde está?
__ Juro que não sei, o perdi também.
__ Ele fugiu?
__ Não, a escrava o roubou de mim logo após lhe dar sua alforria. Tentei de tudo para encontrá-la, mas se escondeu muito bem de mim. Outra perda que tive de aceitar. Oh, Deus, tu sabes o quanto sofri! Aquela escrava... Confiava tanto nela! Mas imagino o motivo por qual partiu, apesar de achar que mesmo livre continuaria comigo.
__ E qual seria o motivo, Senhor? A propósito, qual é mesmo teu nome?
__ Eu não tinha coragem de olhar pro meu filho, não que eu não gostasse dele, é que não imaginava como iria criá-lo sem uma mãe, pensava se seria um bom pai, se ele se acostumaria... Uma série de pensamentos me invadia, acabei por entrar em depressão. Talvez a escrava Alice por gostar tanto de mim o levou para que eu não sofresse; não foi uma boa idéia, e durante anos a procurei e nada. Ah, Desculpe, havia perguntado meu nome, sim, é Antônio.

(...)

__ Senhor, queira me perdoar, não consigo conter as lágrimas.
Olhei para aquele menino, percebi o quanto chorava, fiquei espantado.
__ O que foi? Não chores assim, não se comova tanto, é uma dor que não quero que sintas, esqueça.
__ Não diga isso, Senhor! Choro, pois tenho uma história parecida com a sua. A minha mãe Alice, a preta que me cria, disse que mamãe Esabelle morreu no parto, que meu pai um grande fazendeiro se chamava Antônio, e por motivo que nunca quis falar me criou longe, na cidade grande; só agora é que retornamos aqui para o vilarejo Filadélfia. Ela muito doente já sem condições de trabalhar veio descansar aqui onde me disse que tudo começou. Eu com poucas expectativas nunca imaginei que pudesse te encontrar, achei que tinha me abandonado, por fim é muito divino ver a história circundando assim, oh, meu pai! Diga que és? Agora entendo porque preta Alice me trouxe de volta, para te encontrar de novo. Oh, Deus, que alegria! Como eu quis tanto te ver! Te conhecer!
Não acreditava no que via nem no que ouvia. Meu filho estava diante de mim. Parecia um sonho, era um sonho. Comecei a dizer alto: É um sonho!
Ele me dizia: __ Não pai é realidade, não é sonho, sou eu, Emmanuel!
E me Abraçava fortemente; choramos juntos. Contemplando-lhe beijei-lhe a face, dizia: __ Finalmente, oh, Deus! Finalmente.
Ajoelhado agradeci a Deus pelo inesperado reencontro. E ele todo eufórico me pegou pelo braço e me puxava.
___ Vamos, vamos que Preta Alice tem que te ver. Vamos, vamos, ela vai querer te ver, eu sinto isso.
___ Vamos sim, meu filho, vamosssss...

E ali meu semblante se acendeu, a vida devolvia-me a vida mais uma vez. Eu vi a felicidade e a razão de viver me abrangendo o ser. Sentia-me no paraíso. Saímos correndo pelas ruas e meus pés junto aos passos dele pareciam flutuar. Correndo olhei para o céu em ato de reverência, e vi nas nuvens a imagem de Esabelle sorrindo para mim. Senti que naquele momento nossas almas atormentadas se acalmaram para sempre.

Foto de Marcelo Henrique Zacarelli

ENGENHEIRO MANOEL FEIO

ENGENHEIRO MANOEL FEIO

Não existe lugar mais feio que o Manoel
Nem engenheiro melhor que Manoel feio
Rascunho de um bairro rabiscado no papel
Criança desnutrida debruçada em teu seio.

Manoel feio, tão feio quanto o próprio nome!
O nome de Manoel não é tão feio assim
Subúrbio da periferia que adormece pobre
E acorda na estação a multidão sem fim.

Longas ruas de terra (terra de verdade)
Manoel não se envergonha e nem culpa tem
O engenheiro que morreu nos deixou saudade
Deixou seu nome feio não importa a quem.

Mauá foi de Barão, Manoel de itaquá!
Na descoberta de Anchieta um anseio
Que ele jamais poderia imaginar
Ter um bairro da cidade com o nome feio.

Nos dias de hoje presto uma homenagem
A esta gente humilde que vive em nosso meio
Aos viajantes que por aqui passaram
Jamais irão esquecer de Manoel feio.

Homenagem á estação ferroviária
Subúrbio Engenheiro Manoel Feio.

Pelo autor Marcelo Henrique Zacarelli
Novembro de 2002 no dia 29
Itaquaquecetuba (sp)

Foto de Belinha Sweet Girl

Convite...

Vem...
E me espera na sacada daquele quarto,
E de lá fugiremos desta cidade
Para nunca mais voltar...

Nas malas coloquei saudade, da família, dos amigos,
Da vida que deixei para trás...
Também coloquei a felicidade,
Que carregarei comigo enquanto estivermos juntos.

Quero andar contigo pelas mais incríveis paisagens,
Nas mais altas e belas montanhas!
Onde a relva alcance os joelhos,
Onde o silêncio bucólico é tudo que se pode ouvir...

Vem...
E eu te mostrarei que existe muito mais vida
Escondida em um simples beijo...
Que o teu amor é o meu único desejo...

Quero te roubar por um longo instante,
Ser tua menina, tua mulher e tua amante,
Fazer de ti o homem mais feliz do mundo...
Vamos, não há tempo para despedidas...

Vem...
Que o sol não espera pra se pôr
E amanhã pode ser tarde demais
Para começar uma linda história de amor...

Foto de Edevânio

A VERDADEIRA LOUCURA DE CHAPEUZINHO.

SÉRIE PLACEBO
Episódio Um
A Verdadeira Loucura de Chapeuzinho
Edevânio Francisconi Arceno

Dias atrás, estávamos passando pela sala quando ouvimos uma chamada de um filme na televisão: “Deu a Louca na Chapeuzinho”.Achei curioso, é claro que hoje em dia é muito comum retornar à moda coisas antigas , com uma roupagem totalmente moderna e as vezes até surreal, mas até contos infantis? Então resolvemos assistir. O Filme não tinha nada a ver com a versão antiga, até a história foi mudada. A chapeuzinho era a suspeita número um de estar trapaceando para obter vantagens em cima dos deliciosos docinhos que ela transportava em meio a floresta. Apesar da dinâmica surpreendente do filme, a crítica achou que ele retirava o brilho e a inocência da história, que por décadas vem alimentando nossas crianças e até mesmo nossas ex-crianças. Porém, isso não é nada comparado à verdadeira e triste saga da menina Chapeuzinho Vermelho. Preparem-se e entendam que apesar de ignorarmos certos problemas e mazelas sociais, eles existem, estão lá e depois deste relato, você poderá até fazer de conta que é só um conto, mas no fundo você sabe que tudo pode ser real!

A Chapeuzinho como vocês bem sabem, era uma linda garotinha que incansavelmente todos os dias levava docinhos para a vovó, e no trajeto vivia mil e uma aventuras.Acontece que as idas até a casa da vovó foi diminuindo, não por uma razão especifica, mas várias. A primeira delas é levar para a vovó o que? Sua mãe teve que trabalhar para ajudar a suprir as necessidades do lar, pois seu marido estava muito doente. Sim, o pai de chapeuzinho era um homem muito doente, se é que um alcoólatra pode ser designado assim. E como todo alcoólatra, uma das primeiras coisas que perdeu, foi o senso de responsabilidade. Responsabilidade com a família, com o trabalho e por fim com a sociedade. Diante disto, a mãe de chapeuzinho não teve mais como fazer docinhos para a vovó, pois começou a trabalhar dia e noite, muito mais a noite.

Cada vez que sua mãe se preparava para trabalhar, Chapeuzinho a abraçava como se fosse a última vez. Depois que a mãe saia, Chapeuzinho ouvia a voz de seu algoz, que se disfarçava de pai e culpava a bebida por seus crimes: ___ Filhinha vem com o papai, vem. Chapeuzinho então mais uma vez se submetia a perversão do seu inescrupuloso pai, que vinha abusando da pequena e indefesa filha a muito tempo. Mesmo ainda quando entregava docinhos para a vovó, era estuprada e obrigada a sair correndo pela floresta dizendo que havia sido vítima de um grande lobo. Você deve estar se perguntando, porque ela não denunciou este monstro. Acontece que o monstro morava com ela e dormia com a mãe dela e as ameaçava dizendo que mataria ambas se falasse. Depois que sua mãe começou a trabalhar a situação ficou insuportável. Chapeuzinho decidiu dar um basta, tinha que fazer algo para minimizar seu sofrimento, então conheceu o mundo das drogas e logo ficou viciada em “Crak”, uma droga de fácil acesso e extremamente destrutiva. Ela agora se submetia aos desejos criminosos de seu pai, completamente drogada, para proteger a si mesmo e sua mãe. Também começou a se prostituir em meio aos arbustos da floresta, com os caçadores infiéis, tudo isto, para manter o seu vício. Sempre orientada que se por ventura chegasse alguém, ela deveria sair gritando é lobo é o lobo, pois a maioria dos caçadores eram casados e não ficaria bem serem vistos com uma prostituta viciada.

E o caçador herói, onde anda? Cansado de pagar propina aos guardas florestais e entidades governamentais responsáveis pela prevenção das florestas, resolveu fazer um concurso e entrar para este seleto grupo, e logo também se tornou um corrupto. Agora não paga mais propina, apenas recebe! Da prostituição de Chapeuzinho e de muitas outras crianças viciadas, ele apenas cobrava em serviços, nada além de um delicioso...! Quanto aos caçadores, a prostituição também fazia parte de um pacote, com demais itens: podia cortar árvores, caçar, pescar, enfim pagando bem, mal não tem, pelo menos na ótica dele. Chapeuzinho agora estava em um degradante círculo vicioso, se drogava para prostituir, e se prostituía para se drogar.

Em uma de suas viagens alucinantes, lembrou-se do tempo que ainda podia visitar sua Vovó e levar-lhe os docinhos, bons tempos aqueles! Agora existe uma ordem judicial, que a impede de chegar a duzentos metros da residência da vovó, pois segundo o ministério publico, Chapeuzinho tentou culpar um animal conhecido como Lobo, pelos hematomas deixados na Vovó e por furtos misteriosos em sua propriedade. A Justiça não acreditou e chegou à conclusão de que Chapeuzinho era uma ameaça à integridade da Vovó. Ainda bem que temos justiça!

Agora gostaríamos de pedir sua autorização e começar a narrar, na primeira pessoa, pois gostaria de fazer algumas considerações pessoais sobre esta história, da qual fui testemunha e vítima. Primeiramente acredito que as violências sofridas pela menina Chapeuzinho, cujo autor foi aquele que se diz pai, no princípio eram cometidas sem o conhecimento da mãe, mas posteriormente ela soube, porque ela não denunciou? Talvez por medo de ser assassinada por ele, que cada vez mais se entregava ao álcool, ou talvez por medo e vergonha de admitir que o seu trabalho noturno, é tão imoral quanto o modo que Chapeuzinho conseguia dinheiro para se drogar. No contexto dessa inculpabilidade por atitudes erradas e criminosas na qual Chapeuzinho cresceu, tirou dela a possibilidade de valorar o que é moral, ético, certo, errado, justo, verdadeiro, falso, bom, mau, enfim muitos outros atributos disseminados pela sociedade como normas de conduta, ou seja, como ela podia achar que é errado prostituir-se para se drogar , quando era prostituía por seu “pai” , para preservar a vida. Quem culpar? Podemos simplesmente culpar o Estado, sim o Estado, afinal o guarda florestal representa a autoridade do Estado, se ele tivesse cumprindo suas obrigações e evitado que os caçadores se prostituíssem com jovens e crianças, escravizados pelo uso das drogas, o círculo vicioso se romperia e talvez a Chapeuzinho tivesse uma oportunidade. E a vovó, bem a vovó não tem nada a ver com isso, a única coisa que fez foi pedir para Chapeuzinho entregar umas encomendas na cidade, algumas pedras de Crak e alguns papelotes de cocaína. Talvez você não soubesse, mas a “boca de fumo da Vovó” era a mais freqüentada pelos usuários da cidade, e de vez em quando, Chapeuzinho era chamada para entregar droga a domicílio, em troca de alguns míseros trocados. Mas logo a vovó descobriu que Chapeuzinho estava viciada, desde então a menina que gentilmente levava docinhos para a vovó, perdeu sua serventia.

Bem, podemos também isentá-los da culpa e fazer como eles, vamos culpar o “Lobo”, afinal ele é um animal. Ele ameaça seus filhotes e parceiras e às vezes até come as suas crias. Também se escondem em arbustos para atacar e comer crianças desavisadas e depois desculpar-se dizendo que estava apenas caçando. Agride velhinhas inocentes, que não fazem mal algum e ainda rouba a inocência dela. Vocês podem também ignorar toda esta história e simplesmente dizer que tudo não passa de um faz de conta, que isto não é real. Pois não existem pais que estupram filhas, que não existem mães que se prostituem para manter a família, que não existem vovós que aliciam netinhas a se tornarem traficantes, que não existem homens que dizem vou caçar ou pescar e fomentam o mercado da prostituição infantil, não existem autoridades que são coniventes com todo o tipo de crime por dinheiro. E também que neste momento não existem milhares de crianças e jovens se prostituindo para manter o vício. Claro que se por ventura você se convencer de que isto não é um simples faz de conta, e que estas coisas podem existir realmente, não faça como eles, que apenas se preocupam em achar um culpado. Mas se esta história não fez você refletir, reavaliar seus conceitos e ainda quiser um culpado, aceite minha sugestão, culpe o Lobo!

Atenciosamente: Ass. Lobo.

Foto de Edevânio

UM NOVO MUNDO NO CAMINHO DAS ÍNDIAS

Edevânio Francisconi Arceno

AUPEX-UNIASSELVI

Estamos impressionados com os avanços tecnológicos, então indagamos onde o Homem vai parar? Acreditamos que a pergunta razoável seria: Onde o Homem quer parar? Dizemos isso porque cada dia mais limites são superados e quem afirmar categoricamente que a morte é o limite para o Homem, corre o risco mais tarde ser reconhecido como o Idiota que limitou a Humanidade. Entenderemos melhor estas afirmações se voltarmos no tempo para analisar as atitudes e estratégias adotadas pelo Homem diante das adversidades.

A convivência em grupo nasceu da necessidade de proteção, em virtude dos predadores. Através desta relação em sociedade, compreenderam que a união não só poderia deixá-los mais fortes tanto para defender-se como para atacar, tornando-se assim também predadores. Quando o Homem conseguiu impor sua superioridade diante das demais espécies, sentiu necessidade da disputa entre si, para descobrir quem é mais sábio ou forte. Desde então a força e o intelecto vem ditando regras entre a humanidade, no intuito de descobrir quem é o mais poderoso. Com o advento da escrita, todas as estratégias adotadas pelo intelecto e as proezas realizadas através da força, foram sendo registradas, propiciando ao Homem, aquilo que conceituamos progresso.

O Homem se organizou em Estado, após viver anos como sociedade tribal, ainda que existam sociedades tribais semelhantes, o Homem evoluiu, e quando a extensão territorial tentou-lhe impor limites, ele se lançou ao mar. Não demorou muito para perceber que o mar era uma grande oportunidade de ampliar seus poderes, com terras e povos a serem conquistados.

Deste modo os Fenícios, iniciaram aquilo que seria denominado de “Comércio Marítimo”. Segundo a Ilíada de Homero, as rotas comerciais do mediterrâneo foi o verdadeiro motivo de Agamenon ter unido toda a Grécia para lutar contra Tróia do rei Príamo, e não a desonra de Menelau, em virtude da paixão “avassaladora” de Paris e Helena. Por que tanto interesse de Agamenon e tantos outros, em monopolizar as navegações? A resposta parece obvia! Poder, isto mesmo, quem dominasse os mares e as rotas comerciais teriam mais poder sobre os demais. A soberania grega não levaria muito tempo, pois como todo império que se levanta, um dia cai, e assim tem sido durante toda a História.

No período medieval, outros povos dominariam o mediterrâneo, mas nenhum foi tão importante quanto às cidades italianas de Veneza e Gênova, que se transformaram nos centros comerciais mais ricos da Europa. Serviam de ponte entre os consumidores ocidentais e os produtores do oriente. Em virtude dos impostos aduaneiros, as mercadorias eram acrescidas de muitos juros. Depois da tomada de Constantinopla pelos turco-otomanos, sérias restrições foram impostas ao comércio no mediterrâneo, o que fez encarecer ainda mais as mercadorias. Para uma Europa Feudal, em fase de transição, a situação ficou calamitosa, em virtude da escassez do ouro e demais metais preciosos, o que dificultou ainda mais o comércio. A única alternativa era tentar uma rota comercial alternativa. Mas quem poderia aventurar-se em busca de uma nova rota em meio ao caos urbano, escassez de moedas, êxodo rural e uma eterna queda de braço entre nobres e burgueses?

Este era o Cenário em quase toda a Europa, com exceção de um pequeno país banhado pelo oceano atlântico, que recentemente havia conquistado sua independência e a consolidando com a histórica “Revolução de Avis”, que conduziu ao trono de Portugal D. João I. Este governante conseguiu unir os interesses dos Burgueses e a maioria dos nobres, com total apoio do povo. Isto fez de Portugal, o primeiro Estado nacional da Europa, dando-lhe estabilidade política e econômica necessária para dar inicio a Expansão Marítima, em busca de uma rota alternativa rumo às Índias.

O pioneirismo em navegar em mares nunca d’antes navegados, era antes de tudo uma prova de coragem e do espírito aventureiro deste povo.Pois a navegação em águas desconhecidas eram povoadas de crenças e lendas medievais sobre fabulosos monstros marinhos.Além disto, haviam registros escritos pelo navegador italiano Marco Pólo, com histórias e personagens pra lá de fantásticos. D. Henrique, o terceiro filho de D. João I, fundou a “Escola de Sagres”, onde reuniu a experiência marítima italiana, a ciência herdada dos árabes ao espírito aventureiro do povo português. A primeira investida Lusitana foi à conquista de Ceuta, cidade do norte da África, que era uma importante rota comercial, que mais tarde perdeu seu valor, em virtude da mudança de rota por parte das caravanas árabes.

Depois de Ceuta, foi a vez da Ilha da madeira, em seguida o arquipélago de Açores, e a cada expedição, mais informações eram mapeadas. Após várias tentativas, o navegador Gil Eanes ultrapassa o Cabo Bojador, um obstáculo à pretensão portuguesa de chegar às Índias. Junto com a gloriosa vitória pelo seu feito, Gil Eanes desembarca em Portugal com a embarcação cheia de negros, para serem vendidos como escravos, tornando-se uma mercadoria muito lucrativa.

Bartolomeu Dias traz para Portugal, a travessia do Cabo da Tormenta, que para o Rei, nada mais é que a Boa Esperança, de que a Índia está próxima. Instituindo Feitorias e demarcando o litoral africano para a glória de Portugal, Vasco da Gama chega com sua expedição a Calicute. Apesar de não ter êxito no contato diplomático com o Rajá (Governante) daquela cidade Indiana, Vasco da Gama oficializa a abertura de uma rota alternativa às Especiarias. Veja a narração de um trecho do poema “Os Lusíadas”, de Camões ao avistar Calicute:

Já a manhã clara dava nos outeiros
Por onde o Ganges murmurando soa,
Quando da celsa gávea os marinheiros
Enxergavam terra alta, pela proa.
Já fora de tormentas e dos primeiros
Mares, o temor vão do peito voa.
Disse alegre o piloto melindano:
-Terra é de Calicute, se não me engano;
(RODRIGUE, apud Camões. p.103)

Nos relatos registrados no diário de bordo, Vasco da Gama faz menção de que ao afastar-se da costa africana em direção ao leste, percebeu a presença de aves, o que dava indícios da existência de terra não distante dali. (SOUZA; SAYÃO, apud Bueno, p.26)

No dia 08 de março de 1500, a maior e mais poderosa frota de Portugal, comandada pelo jovem fidalgo Pedro Álvares Cabral, composta por mais de 1.500 homens distribuídos nas dez naus e três caravelas, saiu em direção à Índia. Cabral afastou-se em direção leste da rota demarcada por Vasco da Gama. A mudança de itinerário causa polêmica até hoje, afinal, esta mudança foi proposital ou casual? Se foi prevista ou não, se houve tempestade ou não, estas respostas ficaram para sempre no campo das especulações, até que o Homem crie uma “Máquina do Tempo”e retorne até 22 de abril de 1500, dia que Cabral avista a Ilha de Vera Cruz, o nosso Brasil! Dez dias depois, ele retoma sua rota para a Índia, onde fez acordos comerciais muito lucrativos para Portugal e o Mundo.

Logo o pioneirismo português, faria seguidores. Os Espanhóis chegaram a América, sob o comando de Cristóvão Colombo, pois assim como Vasco da Gama, procurava um caminho alternativo para as Índias. Em seguida foram os Ingleses, Franceses, Flamengos e Holandeses. Ao dominar águas estranhas surgiram novas terras, que também foram dominadas, muitos mitos foram colocados abaixo e um novo mundo se formou.

Há muitas terras ainda a serem conquistadas, afinal a nossa Via Láctea, é apenas uma entre muitas, há ainda vários planetas a serem explorados e também novos povos ou seres a serem encontrados. Analisando o retrospecto do Homem, você dúvida que isto acontecerá?

REFERÊNCIAS

RODRIGUE, Joelza Ester. A História em Documento. 6ª Série. São Paulo. Ftd, 2006.

SOUZA, Evandro André; SAYÃO Thiago Juliano. História do Brasil Colonial. Indaial: ASSELVI, 2007.

Foto de diny

PORTAS FECHADAS

PORTAS FECHADAS

Meia noite...
ao meu quarto me recolho
atrás de portas fechadas
quero um refúgio que seja seguro
quero a floresta em lugar da cidade
eu quero uma casa no campo
onde eu possa ficar do tamanho da paz
e tenha somente a certeza
dos limites do corpo e da alma
no meu jardim

Eu quero o silêncio!
à luz de velas acesas
ali respirar o amor, sinceridade
não vai ser em vão;
pelo menos sonhar acordada...

Foto de Jonas Melo

Vila do conde

Vila do conde

Vila do conde venha de onde, venha dos ventos do norte e arrebata a todos n`alma, dos mais puros filhos que nascem abeira do mar;

Mulheres faceiras, marotas, brejeiras, que deixam os homens confusos, a sempre querer, um querer de mulher;

Mulheres lindas, emprestadas das ilhas ou quem sabe de “Abaeté”

Vila do conde venha de onde, de onde vier, venha depressa, venha correndo, ao encontro do vento do norte, linda, menina mulher;

Vila do conde, cidade tão linda que posso contar, mulheres bonitas, carinhosas, dengosas e super discretas insanas...na arte de amar.

Vila do conde, onde quero morar, ao lado dos segredos que encantam os pensamentos, lendas e encantos do guerreiro do norte, chamado Pará.

Jonas Melo

Foto de Marcelo Henrique Zacarelli

BAIRRO DO CAMBUCI

BAIRRO DO CAMBUCI

Que fazes aqui
No bairro do Cambuci
Á sudeste do marco zero
Neste bairro que venero.

Ao subir a serra que dai descanso
Aos animais de cargas bons paulistano
De boas índoles sabemos que tu és
Ao passarem pelo córrego do lavapés.

Aos vizinhos Mooca e Ipiranga
Ao servirem ao exército deste país
É inevitável se alistar ao passarem por aqui.

Aos imigrantes sírio-libaneses e italianos
Ao largo do Cambuci e av: Lins de Vasconcelos
Faz de você meu Cambuci, nesta cidade o bairro mais belo.

(soneto) Homenagem à São Paulo 455 anos
Pelo autor Marcelo Henrique Zacarelli
Janeiro de 2009 no dia 15 / Village Itaquá.

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