Cidadãos

Foto de Edson Milton Ribeiro Paes

"MUNDO MELHOR"

“MUNDO MELHOR”

Haverá um mundo...
Em que a alegria será institucionalizada...
A saúde será perpetuada...
E o amor será requisito básico!!!

Haverá um mundo...
Onde os cidadãos serão todos irmãos...
Onde a cortesia será praticada...
Onde a harmonia reinará em todos corações!!!

Haverá um mundo muito melhor...
Onde não existiram as diferenças de fracos e fortes...
Ricos ou pobres, pretos ou brancos, pior, ou melhor...
Apenas pessoas saudáveis e felizes!!!

Haverá um mundo...
E nós iremos encontrá-lo...
Senão construí-lo...
Construí-lo para nós, para podermos falar...
Existe um mundo, um mundo melhor...
Um mundo onde a poesia se torne constante...
Onde amor se torne presente...
Onde o ser humano seja respeitado...
Onde as crianças tenham futuro...
Onde o ancião seja ouvido...
E onde o nosso Deus se orgulhe de sua criação...
Um mundo melhor!!!

Foto de Manoel Lúcio de Medeiros

O DESAFIO DE SER MÃE!

Poeta Malume (Manoel Lúcio de Medeiros).
Fortaleza – Ceará – Brasil. 10/05/2009. 00h10min.
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Palavra às mães!
Quero dedicar e ofertar a todas as mães estes sonetos que compus com muito amor, carinho e esmero, justamente para esta data, o dia das mães. (Segundo Domingo de Maio).
Ser mãe é uma árdua e sublime missão doada pelo criador eterno. Deus quando esboçou a mulher na eternidade, fê-la com o pacote completo: “amor, abnegação, bravura, carinho, cuidado, competência, coragem, desempenho, força, maternidade, profissionalismo, submissão, ternura, e zelo”. Em fim, tudo quanto uma mãe necessita, Deus colocou no seu coração, porque ser mãe, sempre foi, e sempre será o maior desafio da história. O desafio de ser mulher, enfrentar o machismo exacerbado de muitos homens e de muitas sociedades, os quais foram no passado, um verdadeiro duelo para a mulher, onde muitas tiveram que pagar o preço com seu sangue derramado, vitimadas pela injustiça e preconceitos sociais. No entanto, o desafio de ser mãe, de gerar no seu ventre materno a vida, amamentando-a sob seu seio; a enobrece, a dignifica, e a eleva sobre todos os seres da terra, ao privilégio de ser mãe do ser mais importante da natureza, a vida humana!
Ser mãe é desafiar a vida, pois muitas vezes, levada pelas circunstâncias, tem que lutar pela própria sobrevivência, se submetendo aos desatinos de uma sociedade competitiva e muitas vezes discriminatória! E nesta peleja, ela tem se sobressaído com êxito, e com garbo! O desafio de ser mãe e ser esposa, compartilhando com o marido e com os filhos, o amor, a construção do lar, a educação dos filhos, e a formação espiritual e social deles, como cidadãos, (como disse Salomão, a mulher sábia, edifica a sua casa), a tem tornado, um colosso nas páginas do tempo e nas folhas do coração!
O desafio de enfrentar a violência, por parte de seres inescrupulosos que procuram usar a mulher como objeto de seus desejos imorigerados. Tudo isto, é muito duro e difícil para uma mulher! Pelo que ela necessita por parte do homem, o amor, a ternura, o carinho, uma postura ética saudável e a devida compreensão. Mãe, que Deus te abençoe ricamente, não somente nesta data dedicada ao teu dia, como todos os dias de tua existência sobre a face da terra. Que Deus te ilumine a cada dia, te enchendo de sabedoria e discernimento, para que possa desempenhar o papel mais sublime e sagrado, o papel de ser mãe, o papel de aceitar todos os desafios e de vencer todas as barreiras! Que Deus te conceda a vitória sobre tudo e sobre todos, pois a carga que recebeste, é deveras pesada, contudo, recoberta de uma inaudita e inefável glória, a glória de ser mãe. Meus parabéns!
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Do amigo, poeta Malume.

Foto de geovana_tita

ARTE

O que dizer da Arte?
Será que existe algo não dito?
O que falta para perceberam que é o princípio?
A arte é mãe de um grande e forte personagem chamado Dom,
Sem ele onde estaríamos?
O Dom levou alguém a inventar algo fundamental à vida humana,
Sem este personagem jamais seria criado o poder de criar,
Seja carro, computador, português, matemática e até mesmo celular.
Onde está a valorização de quem sede sua vida à arte e através dela transmite sua mensagem?
Luz...
Palco...
Figurino...
Maquilagem...
Um excelente texto e...
Ação!
Onde está a população?
Este resposta é de fácil dedução:
Em casa assistindo televisão.
Algo que também transmite arte, mas às vezes...
Com vulgaridade, com politicagem,
Muitas vezes com má fé
Tornando cada vez menor quem o deixa cada vez maior.
Não convém aos grandes cofres, a evolução do homem
Mas convém a cada homem buscar a sabedoria, respirar a arte,
Unir-se ao dom.
As cartas estão na mesa minha gente!
Basta erguer as mãos e evoluir a mente, vamos formar bons cidadãos.
Valorizar o que temos de melhor em um mundo
Criticado por muitos e julgado o pior
A sorte está lançada
Feliz do homem que agarrá-la.
Enquanto a arte espera sentada,
O dia de ser apresentada.

Foto de Osmar Fernandes

Pedro Mentira

Pedro Mentira

Numa cidadezinha do interior de São Paulo, existia um sujeito mentiroso, engraçado e de meia idade. Gostava de inventar lorotas, enganar os outros. Era a mentira em pessoa! Por isso, perdeu seu nome de batismo e foi apelidado pela população de Pedro Mentira.
Certa vez, ele chegou à Sub-Prefeitura, o pessoal estava tomando o cafezinho da manhã, quando o funcionário de primeiro escalão, Luis Manco perguntou-lhe:
- Qual a mentira dessa vez Pedro Mentira?
Pedro Mentira ficou cabisbaixo, triste, e respondeu-lhe:
- Hoje me recuso a contar uma, estou chateado.
- Ah!... Conta uma mentirinha, nem que seja bem pequenininha, conta! Só para não perder a força do hábito.
- Não! Hoje meu coração está de luto.
- Por quê? O que houve?!
- Um velho amigo faleceu agora a pouco.
- Quem?!
- O mais ilustre dos cidadãos da nossa cidade, o meu compadre e pioneiro, Neném Baiano.
- Sério? Meu Deus!
Luis Manco correu para o telefone e avisou o prefeito. Fez-se um alvoroço... Foi decretado luto oficial por três dias, imediatamente. Os funcionários foram dispensados. O comércio baixou as portas. O badalo da Igreja anunciou o acontecido. O povo colocou tarja preta no ombro em sinal de luto. A lamentação tomou conta daquele lugar.
Luis pegou a família, pôs no seu carro e partiu para o Distrito rumo à casa do falecido. Formou-se um comboio. O ônibus da prefeitura, lotado, partiu pra lá também. Quem não tinha carro ou carona foi do jeito que pôde.
O Distrito ficava a uns seis quilômetros. A cidade partiu pra lá. O choro tomou conta do comboio.
Luis Manco, que puxava a fila, ao se aproximar da casa do morto, observou que não havia movimento algum nela.
O povo do Distrito ficou assustado com tantos carros e visitantes. Luis Manco gritou para o Zitão que estava sentado a beira da porta:
- Onde é o velório!
- Sei não sinhô!
Luis Manco fez a volta e foi até a pracinha, centro do Distrito, e percebeu que os TRUQUEIROS estavam em silêncio, e ao se aproximar, desmaiou... Quando acordou, notou que estava no quarto do Hospital Municipal, e assustado, rodeado de muita gente, gritou:
- Que aconteceu! Que estou fazendo aqui?!
Observou dentre a multidão a presença de Pedro Mentira, e irado, gritou:
- Pedro Mentira, seu desgraçado! Você quase me matou! Por que fez isso?!
Pedro Mentira meio embananado respondeu-lhe:
- Ué, você não me pediu para contar uma mentirinha!

(Autor – Prof. Osmar Soares Fernandes)

Publicado no Recanto das Letras em 07/03/2009
Código do texto: T1474106

Foto de pttuii

Interior I

Um crime poderá estar prestes a acontecer. Em princípio, não será uma coisa mediática. As coisas acontecerão porque, simplesmente, o epílogo terá de ser esse. O autor não deve ainda fazer prognósticos sobre o modus operandi do alegado homicídio, porque na prática ainda não estão reunidas as condições para descrever uma situação que constitui sempre o último recurso da demonstração da animalidade humana.

A sala onde se adivinha semelhante desfecho é esparsa. Pintada de um branco reflector, com uma génese criadora de epilepsia, não terá mais que 10 metros quadrados. Trata-se de uma repartição de atendimento público, situada numa localidade do interior do país.

São três e 15 da tarde, e lá fora venta como se esperava de um dia de início de ano. Chuva adivinha-se, mas por enquanto está contida por entre o negrume das nuvens agrupadas em posição ofensiva.
Uma senhora, dos seus 40 e poucos anos, impõe a si própria um regime de calma auto-inflingida. Poderá ter a ver com a fila de cidadãos que se acotovelam no parco e sufocante espaço.

Mas não é de descartar que a senhora esteja a braços com uma situação de violência psicológica de índole doméstica, já que segundo as pesquisas prévias a esta dissertação, a localidade em causa ocupa um lugar de destaque nas queixas policiais apresentadas por mulheres de meia idade.
Faltam menos de 48 horas para terminar o prazo burocrático de entrega dos impressos de cobrança do imposto sobre o rendimento do trabalho, e a ansiedade colectiva forma uma nuvem espessa, difícil de contentar, e ainda mais complicada de controlar. A uma supremacia de idosos, respondem dois jovens, aparentando uma vida com duas dezenas de anos.
O ar taciturno e irritado que demonstram, revela que estarão ali para fazer o 'português' recado a uma pessoa de família. Uma jovem contenta-se a tilintar o piercing que pende de duas narinas aquilinas, e com uns laivos judaicos. Uma gabardine preta, tão densamente negra que contrasta com o politicamente correcto ambiente, oculta um corpo que se auto-esconde de olhares reprovadores. A jovem mulher terá tentado fazer uma demonstração recente de independência perante os progenitores, uma vez que tem o cabelo quase rapado. Os olhares de reprovação que a cercam num ataque quase 'Juliocesariano', aparentemente não a incomodam. (continua)

Foto de Edson Milton Ribeiro Paes

"DINHEIRO PODRE"

“DINHEIRO PODRE”

Por favor, troque pra mim, pelo amor de Deus, pegue este dinheiro e me de apenas um terço em créditos, estou com fome e não consigo comprar comida, meus filhos estão passando fome, me ajudem, esta bem, quatro por um, tenha pena tenho duas crianças, preciso levar leite e pão para casa!!!
Estamos em 2020, e este pedinte exibia dinheiro vivo nas mãos, mas não tinha sequer um centavo de crédito, no começo deste século nosso Pais passou por uma reformulação na sua área financeira e tributária que ficamos escravos de um sistema contábil totalmente fiscalizado pelo governo, já não existe mais caixa dois, tudo passa pela Secretaria da Fazenda, tudo que vendemos ou compramos tem que ser informado instantaneamente a Secretaria da Fazenda, quando vendemos algo ou prestamos algum serviço a alguém ou a alguma empresa, usamos um palm que debita da conta do comprador e credita na conta do vendedor, simultaneamente a Receita Federal contabiliza seu saldo, assim quando precisamos comprar algo temos que ter saldo em nossa conta, o dinheiro vivo passou a não ter valor, algumas pessoas ainda pagam com dinheiro vivo, mas declarados que estão guardados em casa, ai paga-se o vendedor e da mesma maneira debita do seu saldo, mesmo que este esteja em parte em seu poder e não de bancos, daí acontece que a corrupção praticamente foi extinta, os roubos são mais cibernéticos do que assaltos propriamente ditos, a inadimplência inexiste, e as falcatruas agora são tidas como lendas.
A classe política encolheu hoje por ironia os políticos são escolhidos por capacidade e varias são as vezes que os escolhidos não aceitam os cargos, pois os mesmos só recebem o que esta estipulado, acabou a corrupção.
O dinheiro podre aquele que os políticos,traficantes,ladrões,estelionatários do começo do século,
Guardavam em paraísos fiscais, já não servem para mais nada, é comum estarem colados em álbuns de recordação.
Propinas para guardas não existe mais, comissões por obras superfaturadas, jamais, hoje a maquina do governo aqui em nosso Pais emprega menos do que dez por cento que empregava a quinze anos atrás, sabe aquele negocio de colocar vários nomes para receber e dar um cala boca??? Acabou!!!
Tudo isso graças a um lunático que por volta de 2010 apresentou e pois em pratica um projeto do imposto único, onde todos cidadãos de 16 a 65 anos pagavam um imposto de 5% de seu faturamento, quem não trabalhava declarava um valor mínimo e também teria que viver com aquilo, não podendo comprar mais do que declarava receber, caiu todos os impostos de circulação de mercadorias de produção de serviços, todos os produtos ficaram isentos, mas todas as matérias primas foram taxadas em 5%, o combustível e o veiculo também em 5%, cigarros e bebidas 200%, em dois anos o Brasil acumulou um superávit jamais imaginado, o governo investiu em saúde e educação e foi adaptando seu programa e hoje temos o que se chama de decência no setor político, o povo tem acesso a Hospitais decentes e as escolas são de primeiro mundo, na época fizeram um calculo que apenas evitando os roubos dos políticos o Pais se equilibraria em quatro anos, a sonegação hoje é lenda, bens e serviços são vendidos e executados com a maior tranqüilidade, debito e credito funcionam muito bem, os Bancos estão ai mais para auxiliarem os investimentos do que para se servirem dos correntistas como no inicio do século, realmente o dinheiro não declarado ficou podre!!!

Foto de janaina barbara

Professor

PROFESSOR!

É ser pura determinação,
É perder noites de sono planejando aulas...
É ser Paulo Freire mesmo quando não o conhece.
Ser professor, é ser paciente, é aprender a todo instante;
É preparar pequenos grandes cidadãos, gênios ou não.
Preparar seres humanos, ensinar novos conceitos
E banir pré-conceitos.
Respeitar as diferenças.
É sofrer com o sofrimento do aluno...
È ser pai e mãe, tudo ao mesmo tempo.
Chorar quando as dificuldades parecem ser imensas
E sorrir quando elas são superadas.
E abrir páginas amareladas de um velho livro,
E tentar ler um bilhetinho piquitórico do primeiro aluno;
É voltar ao tempo e se orgulhar de vê-lo agora, graduado.
Sentir o mesmo orgulho por aquele que não se graduou,
Mas que venceu os obstáculos que a vida lhe impôs.
Nesse confuso caminho da vida ouvir de alguém que,
Você nem sequer lembra a fisionomia te chamar.
Meu Professor! E se orgulhar muito de ser determinado.
Isso é ser professor!
É não passar pela vida em vão.
È saber que veio ao mundo e não perdeu a viagem.

Foto de Edson Milton Ribeiro Paes

"NOS TEMPOS EM QUE O HORROR SE VESTIA DE VERDE OLIVA "

“NOS TEMPOS EM QUE O HORROR SE VESTIA DE VERDE OLIVA”

As ilusões ficaram para traz...
Os sonhos já não eram os mesmos...
Aos quinze anos não era mais rapaz...
Minhas noites viraram pesadelos!!!

A brutalidade a mim aplicada...
Com certeza foi um exagero...
Não tinha feito nenhuma coisa errada...
Mas mesmo assim me impuseram o desespero!!!

Aqueles que ganhavam para servir aos cidadãos...
Acabaram por me crucificar...
Não aceitaram nenhuma explicação...
A preocupação era me humilhar!!!

Após este lamentável episódio...
Tive medo até de pensar...
Afastei-me dos estudos...
Com pavor de os reencontrar!!!

Classe de homens inúteis...
Que sequer sabem servir a Nação...
Soldados com afazeres fúteis...
Faziam um desserviço aos cidadãos!!!

Com medo de serem suplantados...
Generais impunham o terror...
Jamais foram punidos...
Por terem espalhado tanto horror!!!

Agora décadas depois das atrocidades...
Vejo que a eles nada aconteceu...
Meu Brasil não apurou as verdades...
E a todos medalhas deu!!!

Pobre espaço de tempo...
Que tanto este País envergonhou...
A nós as vitimas só sobrou o esquecimento...
Mais uma vez o mal triunfou!!!

Foto de Cretchu

SOBRE O AMOR LÉSBICO

Muito se tem discutido sobre o homossexualismo masculino, o que não é de se estranhar, já que nossa civilização é fundamentada no pensamento socrático-platônico e no cristianismo, que nada mais são do que a negação da mulher como deusa, já que Apolo e Jesus venceram Dionísio e Afrodite, consolidando o império masculino e patriarcal. Ocorre que, negando-se a mulher chega-se a uma situação limite, que é a baitolagem institucionalizada que vemos entre acadêmicos e sacerdotes virados, digo, voltados justamente para o pensamento greco-cristão. Em suma, é aquilo que vemos ocorrer nos cursos de filosofia e teologia que insistem em existir de forma autônoma nas instituições de ensino superior e seminários religiosos, quando poderiam muito bem se unir aos milhares de cursos no estilo jardinagem, casa e cia., corte e costura, etc., abrindo caminho àquilo que realmente interessa, ou seja, os cursos que formarão cidadãos conscientes no plano científico, social e político, a exemplo do Direito, Medicina, Sociologia, Física, Pedagogia, Administração e demais cursos úteis e necessários ao progresso humano.
Deste modo, urge citar aqui o chamado homossexualismo feminino, ou lesbianismo, que tomou este nome de sua cidadela de origem, a ilha de Lesbos na Antiga Grécia e que era respeitado na civilização grega antes dos estúpidos boiolas socráticos (futuramente batizados pelos hipócritas cristãos) assumirem o comando. Dentre as praticantes e divulgadoras desta forma legítima de amor encontramos a reitora Safo, escritora cujos escritos eram sabidos de forma decorada pelos cidadãos cultos da época dionisíaca anterior ao enfadonho Apolo. Em nenhum momento o lesbianismo da época era uma negação da relação sexual entre mulheres e homens, mas apenas a afirmação da mulher como fonte e receptáculo de prazer. Nesta situação, a mulher era vista como sacerdotisa e deusa, devendo o homem lhes prestar as devidas homenagens. Ora, quem entende o corpo da mulher senão a própria mulher? Daí a iniciação praticada na academia de Lesbos. Estes ensinamentos úteis e necessários poderiam muito bem ser passados aos homens, que agiriam de forma ativa e passiva, aprendendo como fazer a mulher chegar ao prazer. E colocando (e muito bem) este aprendizado na prática.
Infelizmente ainda impera o machismo socrático-platônico-cristão que concede gentilmente total enfoque ao mundo gay, sendo que mundo gay deve ser aqui entendido (no sentido de entender) como o universo do homossexualismo masculino, mas impede a visibilidade lésbica. Ora, como dissemos, a deusa Afrodite, adorada pelo deus Dionísio, foi substituída na época socrática pelo nauseante Apolo, que encontrou um similar no cruel Jesus do cristianismo pós-Jesus. Lembremos que Afrodite foi amante de Ares, o deus da guerra, e que suavizava os efeitos desta prática tão temida e necessária, humanizando-a com seu poder feminino. A partir da queda de Afrodite, as guerras se tornaram mais desumanas, culminando com as guerras pós-modernas que deixam de lado o combate corpo a corpo para se valerem de aparatos tecnológicos a maioria das vezes traiçoeiros. Para se evitar tudo isto, é necessário se debruçar (e muito) sobre a forma de amor que faz da mulher aquilo que ela realmente é: deusa, fonte e transmissora de prazer, a quem se devem render homenagens. E homenagens sérias, sem partir para a artificialidade do estilo viagra ou prótese peniana que parecem reações ao corpo, toque ou ruído da mulher, mas que na verdade é uma reação química ou física independente do desejo.

Foto de Darsham

A vida do Pesadelo

De quando em vez, em momentos inesperados, carregados de significados surgem no meu pensamento pequenos pedaços da vida, vistos de diferentes vertentes e ocasiões, que me fazem pensar…
Pensar, analisar, questionar o nosso papel como seres humanos, individual e colectivamente neste mundo que nos foi dado, e que posteriormente e numa constante e frenética actividade se modifica ao nosso bel-prazer e à existência das nossas pseudo necessidades.
É-se mil pessoas numa só e ao mesmo tempo não se é ninguém.
Somos os catalisadores das nossas destruições…somos fúteis, e buscamos o prazer momentâneo sem nos preocuparmos com as futuras consequências, que se traduzem na devastação completa de tudo o que temos desde que nos entendemos por gente.
Foi-nos dada a possibilidade de podermos ter o direito de escolher, de ter sempre dois caminhos por onde seguir, sem nada ser imposto nem obrigado, mas com a consciência advertida de que existe um mau e um bom caminho, e que nos cabe a nós construir a nossa consciência, estruturando-a de acordo com a capacidade de distinguir o certo do errado. Esta capacidade traduz-se pelos valores, os nossos valores e que nos comprometemos a viver de acordo com eles, por serem comuns a todos e para que seja possível uma existência pacífica e um usufruto repartido, consciente e justo sobre tudo o que nos é dado sem ser pedido nada em troca: os nossos bens mais preciosos e que são determinantes para a continuidade da nossa existência, os nossos pontos de orientação que nos permitem perceber que a nossa liberdade acaba quando começa a do próximo.
Afirmo com toda a intensidade, que somos abençoados com pequenos privilégios que se estendem pelos nossos 5 sentidos e nos deixam extasiados…sensações únicas, momentos inigualáveis, visões que mais parecem alucinações, ilusões, sons que nos penetram a alma, deixando marcas em nós e ainda a capacidade de podermos esboçar um sorriso de felicidade quando, sem sequer precisar de olhar, sentimos que alguém querido veio até nós (eu sorrio só de pensar).
Somos seres dotados de extrema sensibilidade e inteligência e temos uma exclusividade que nos torna diferente de qualquer ser vivo que exista no mundo…podemos sentir o amor, sentimento tão sublime, que ninguém, em parte alguma o consegue descrever com precisão e exactidão. Sublinho, somos abençoados, 1, 2, 3 vezes, mil vezes por acordarmos para um novo amanhecer, em que abrimos a janela e nos deixamos lavar pela vida …
Verdade, somos acima de tudo ridículos por ter tudo e passarmos a vida acreditar e a lamuriar que nada se tem, destruindo assim, gradualmente o que na nossa cegueira de querer sempre mais, não vemos, ou vemos e ignoramos, já que é essa a nossa natureza, desvalorizar coisas importantes…
Por vezes temos rasgos de sanidade e prometemo-nos a nós próprios que vamos modificar a nossa atitude perante a vida e os outros, mas depressa nos esquecemos, e promessas são levadas pelo vento…
Vivemos numa guerra constante, connosco e com os demais, pelas mais diversas razões, de uma forma continuada e impensada, porque agimos através de ímpetos, que não procuramos controlar, de impulsos que se assemelham aos dos animais, como se todo o mundo fosse uma selva.
Construímos muros em cima de histórias, colocamos pedras sobre o ar que respiramos, valorizamos o mau em detrimento do bom, por o vivificarmos e vivenciarmos constantemente sem dar espaço para a alegria entrar…nós sufocamos a alegria e o bom senso…
Representamos na maior longa-metragem alguma vez feita, numa constante troca de papéis, e nunca acabamos por perceber qual é realmente o nosso. Em vez de nos regermos pelos nossos supostos valores, estamos mais preocupados em agradar este ou aquele, pensando o que poderemos obter dali. Vivemos na era da hipocrisia. Estamos sempre prontos a apontar o dedo, a julgar, como se nós próprios fossemos o modelo inquestionável de perfeição. Representamos o chefe sisudo, de mal com a vida, porque já não ganha tanto como ganhava com o negócio; a colaboradora, que desconhece o simples significado de sorrir, e mostra claramente que está ali a fazer um frete; o médico que nos passa a receita sem sequer olhar para nós; a senhora reformada que passa as tardes no café, falando da vida de toda a gente, criticando e apontando o dedo; a proprietária do pronto-a-vestir, que nos diz que a roupa nos assenta como uma luva, quando nos vemos ao espelho e nos assemelhamos a algo parecido com um ET; o senhor que vende peixe no mercado, e que afirma estar fresquinho, quando o peixe já está completamente vermelho de tanto gelo que levou em cima para parecer “fresquinho”; o político que faz promessas que nunca se virão a cumprir; a professora que está mais preocupada em que os alunos façam tudo certinho e em silêncio, do que propriamente em ensinar, orientar e formar futuros cidadãos; o polícia que está mais preocupado em caçar multas do que velar pela segurança da comunidade; a eterna mãe preocupada e sofredora, que vive num constante receio no que diz respeito ao caminho que os seus filhos irão seguir e que faz disso uma obsessão; o pai que sai do trabalho, cansado e que em vez de ir para casa, segue para o café, onde bebe cerveja atrás de cerveja, até que lhe vão buscar ou até ao fecho do café e que quando vai para casa culpa a mulher por todos os seus infortúnios; o (a) filho (a) certinho (a) que segue à risca tudo o que lhe é incutido no seu seio familiar e que não constitui problemas em contraste com o (a) filho(a) despreocupado(a), que quer curtir e vida, sem perder tempo com coisas que não interessam, procurando sensações cada vez mais arrebatadoras, fortes e loucas, porque é nelas que conseguem agarrar, ainda que efemeramente estados de completa euforia que acreditam conter o segredo milagroso para uma vida plena, e principalmente sem tristeza; a menina gordinha, que na escola é ignorada e gozada pelos seus colegas, em contraste com a menina popular, com quem todos querem brincar; a eterna sonhadora que acredita que a vida é um sonho construído em cima de um castelo de areia; o casal, que cheio de dívidas mal consegue dormir e discute a toda a hora questionando-se sobre como a vida de ambos teve aquele rumo…
Os ricos…os pobres… os arrogantes…os educados…os maus…os bons…os egoístas…os altruístas…os sensíveis…os insensíveis…eu…tu…os outros…nós…
Somos uma mescla de matéria mexida e remexida, produto de nós mesmos e dos nossos ardis, onde a genuinidade se extinguiu…
Vivemos assentes numa liberdade ilusória, mascarada…vivemos mais presos que um detido por homicídio. Nós construímos as nossas próprias barras de ferro, fechamo-nos dentro de algemas e jogamos a chave fora.
E a simplicidade? E a alegria de estar vivo e sorrir sem ser preciso ter um motivo? E a partilha? E a vida, só por ser vida e vivida?
Só existe esta e enquanto não tivermos a plena consciência desse facto e que também passa muito depressa vamos cavando lentamente a nossa própria sepultura e acabamos por ser autores, em parte da nossa passagem para outro mundo que não este.
Sonho e anseio por um dia em que todos nós vamos acordar e perceber que não somos personagens de um pesadelo constante e irreversível, mas sim de uma vida que teimamos transformar nesse pesadelo que já pensamos viver…
Vamos então todos juntos acordar num grito de esperança??? Um dia…um dia, quem sabe…

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