Choro

Foto de tizapoe

SONS, IMAGENS, TEMAS DE NÓS 2

Tudo em nossas vidas ecoa e escoa
E sempre soa como uma pessoa
Que de si sempre caçoa;
Mas eu sei que nossa voz nada entoa
Quando o tempo está verdadeiramente à toa.

Tudo em nosso mundo em todo o mundo se reflete,
Mesmo sobre aqueles a quem nada compete,
Mesmo sob baitas tempestades de confete
Sobre os tantos topetes – de generais,
De garis, de playboys e de pivetes.

Tudo em nossa história é uma eterna fuga do tédio,
Uma epidemia de amor para a qual não há remédio.
Todo o choro é hilário, todo inferno é etéreo,
Os pecados são todos vãos, então deixemos-nos como estão:
Sem nomes, sem telefones; sem juízo, sem perdão...

Foto de Fernanda Queiroz

Oi Mãe

Que bom dizer teu nome
Mesmo que não possa me ouvir
Que bom contornar os dedos pela tua face
Mesmo que você não possa sentir
Que bom percorrer teu álbum de foto
Maior herança de tua presença
Que bom poder te amar tanto
Sabendo que mesmo distante ira sentir

Um dia Deus determinou
Que eu iria existir
E deste amor intenso que brotou
E na semente fecundou
Em momentos de profundo amor
Vencendo a maior corrida da vida
Para tua alegria infinita
Em teu útero me alojei

Neste pequeno habitat
Que por tempos passei
Conheci tuas ânsias
Ou profundo mal estar
Que mesmo querendo evitar
A natureza ou a sábia ciência
Sempre soube explicar
E em teu ventre, gerei

Ouvia tua voz baixinha
Acompanhava teu caminhar
Que depressa ou lento
Levava-me a embalar
Tuas canções de ninar
Sempre a me acariciar
Onde teu toque singelo
Ensinou-me a te amar.

Mas os melhores momentos
Foi te acompanhar a bordar
Sentadas nós duas no lago
No enxoval a trabalhar
Com os teus pés a banhar
Onde teus pensamentos
Era parte do momento
Aguardando meu chegar

E em uma noite de verão
Onde o frio estarreceu
Trazendo sinais de vida
Mas de morte também
Onde meu primeiro choro
Foi acompanhado em coro
E depositando-me em teu leito
Silenciou teu coração no peito

Hoje sei de tua dor
Que é minha também
Queria me ter em teus braços
Apenas por um momento
Fecundando teu anseio
Ofertando-me teu seio
Como se amamentar
Fosse protocolo de amar

Mas Mamãe!
Você me passou tudo isto
Quando me alojou em teu ventre
Pude ouvir teu coração
E este amor infinito
Chegou que nem um grito
Que me deixou de herança
Que sempre será mais que lembrança.

Mãe!
Muitos versos existem
Muitos poetas escrevem
Tentando te completar
Falam de você em três letras
Comparam-te tamanho do céu
Ou um pouco menor que Deus
Só te digo Mãe querida
Meu coração sempre será teu.

Fernanda Queiroz
Direitos Autorais Reservados

Foto de InSaNnA

Duvidas

Nao sei se choro ou se rio
Se eu me aqueco ou morro de frio
Fazer escolhas para mim,passou a nao ser normal
E essa loucura,que antecipa meu final ?

Nao sei se renego essa vida que ganhei
Ou a morte que ainda nao me levou
Tenho tantas duvidas..eu sei
Que ser e esse que sou?

Nao sei se eu me solto ou se eu te deixo
Ou vivo das sobras que voce nao levou
Tenho ainda esperanca
De alguem me amar como voce nao me amou

Nao sei se te ofereco esse poema
Ou se faco dele um dilema
Vou guarda-lo junto das feridas do meu coracao
Onde a dor me faz pequena e sem direcao

Nao sei de mais nada..me perdi nessa longa estrada
Preciso de alguem,que me mostre a direcao
Taga junto o meu perdao..a minha comunhao!
Para salvar esse meu pobre coracao!

Foto de InSaNnA

Meu fim

Quando nao te vejo...Tambem nao me vejo...
Fico perdida na minha fragilidade
Entre as feridas de minha alma,no vazio de meu coracao!
Vou ficar, a tua espera..e assim provoco uma guerra..com meus anseios.
E nas lembrancas ,eu remexo...a me procurar!sem encontrar..
E nessa hora de desepero..descubro..que a vida me ensinou pouco..
Transformando esse sentimento..lindo..em um amor louco!
Nada me foi dado...e o que eu tinha..foi roubado!
Quero minha alegria..minha vida..eu quero a mim!
Mas ,eu nao sei viver sozinha..e a solidao,e uma arma na minha mao..
Ainda entregue ,nessa incessante busca..de mim..
Eu choro...pelo tempo perdido..pela a historia que nao escrevi..
Nao tenho vida!!!!nao tenho nada...porque nao tenho voce!
Talvez esse poema seja a historia que nao escrevi..
E a solidao..quer me ajudar a escreve-la..
A unica..e a mais triste historia..O MEU FIM!

Foto de paulobocaslobito

Apaixonado em loucura!!!

Por quem me tomaste
Lua menina e bela?!
Por acaso julgaste-me
Ser eu mais um comandante
Ou um arrebatador de donzelas?!
Julgaste-me, quando queria só
E apenas falar-te.

Eu sou um homem-poeta,
Quase um super-homem
Quase um homem-aranha!

Eu sou aquele que não viste
Sou quem não tens.
Adoro escrever-te e escrevinhar,
E não quero o coração dos outros roubar
Tão pouco deles conquistar...
Por serem doutros, d´alguém.

Perdão!
Se, mal me fiz passar
Perdão!
Não foi para te magoar.
Perdão!
Eu só te queria falar.

Na vida, vale mais a amizade
Que um amor enganado.
... Onde andam muitos a habitar.

Na vida em luta sempre constante
E concorrida,
Não tenho o dom de saber
E muito gostava de poder querer.

Sou um mistério...
Torno-me a desculpar,
Pois só a ti sei escrever;
... Não te queria magoar,
E depois, e depois...
.............................
Não sei quais os olhos com que me vês.

Quem escreve não é infiel,
E o papel é o meu melhor amigo
Nele digo os meus sentimentos,
Nele sonho e sorrio,
Nele sou tu...
Pois não tenho mais ninguém
E odeio a mim querer!

Só te queria falar,
Sem ter de te enganar
Por não me saber muito expressar.

Juro, este é o meu último poema,
Depois... depois quem sabe: morrerei.
Morrerei no mundo que conheço,
No mundo em que habito: o silêncio!

O silêncio,
Onde basta o teu olhar
Para me despertar,
E é bom de viver.

Pobre sinto-me
De ti culpado e envergonhado;
Já não sei se hei de me julgar
Ou disfarçar e de ti fugir.

Sou puro, selvagem, lírico e inocente,
Sou da lua
A mesma e sempre a velha madrugada.
Sou o coração do filho
E a carne do santo,
Do espírito e do amém.
Sou o olhar brotante
Das sereias desacordadas
Que me castigam;
Eu homem...
Um ser ignorante,
Fruto do pensamento,
Fruto da terra,
Fruto da carne.

Sou a vida debatendo-se numa imensa avalanche,
Descendo aos trambolhões pela montanha
Numa viagem de amor puro
Languescida como uma múmia
De poesia.
Onde os teus olhos
Me fitam
Cobertos de ligaduras,
Para não te envergonhares
E ocultarem...
Os meus
Dos teus.

Em minhas mãos o orvalho do teu nome
Soa sereno sobre um céu de Maio
E nas estrelas
Estacadas do teu perfume
O teu corpo brinda-me desfolhado,
O amor sagrado
Do teu ventre de música sangrenta.

Então; estaria triste
Entre as flores virgens
Ausente...
Ao ver os teus seios desabrochados
E palpitantes,
Agoniados de dor
Nas lágrimas de um anjo.

E os teus lábios cantantes
Como braços frágeis
Fremeriam nos teus cabelos soltos
Dançando...

A tua nudez é perfeita
No fogo do céu
E és tu a minha fonte,
O meu pensamento.

Tu és a forma do rosto
No meu peito transfigurado,
Embalado pelas harpas,
Às quatro da madrugada.

Tu és o rosto da ângustia
Que se veste de branco
Nas trevas dos anjos acordados
Sonâmbulos e libertos
Da estéril agonia
Imutável ante o meu olhar.

... Os teus seios tumulos,
Teu ventre um sarcófago;
Que horror!

Silencio!

Silencio!

Coração despojado
Dormente entre as flores.
Braços insensíveis,
Orquídeas parasitas.

Não há lamentação
Só há vaidade,
Plantas carnivoras,
Que no meu corpo gelado
Correm as lágrimas dos meus olhos
Em alucinante fuga
Para o desconhecido.

Pára!

Pára meu amor!
Pára por favor!
Amo-te tanto!!!
És tão bonita...
Ó a minha namora é linda
Tem olhos como besourinhos do céu
Tem olhos lindos como beijos de mel,
É tão bonita!

Tem o cabelo fino
E um passinho pequenino
Boca de jackpot
E morre de amores por mim.
É doce
A minha namorada!

A minha namorada,
Anda sobre o coração de Deus,
E só Deus a escuta andar.

Tem cabelos castanhos
Mãos de seda
E é louca por mim.

Tem lábios de pitanga
Um rosto menino
E o seu dorso é um campo de rosas.

Tem a boca fresca e macia
Mil cores no cabelo,
E os seus pelos são relva amena e boa.

Seus braços são cisnes
Sua voz a ventania,
O seu nome estremece o meu corpo
De perfumados odores,
Que me beijam em versos
Num amor de cobras;
Única entre todas...
Tão bela!

No seu colo
O meu choro desce serenamente,
Para se embebedar no seu sexo,
Que confuso me contém
E, de onde não me posso esconder;
E, não é um sonho!

Tem pudor,
É luz e cantiga e esplendor.
Meu anjo mendigo,
Minha namorada.

Preto-branco...
Preto-branco...
Preto-branco...
Preto-branco...
Preto-branco...

Moça carne cor de rosa
Verde jovem, formosa.
Moça brancura de louça
Negra do meu ventre puro.
Moça joga entreaberta e nua,
Eu sou a triste noite sem lua.

Sombras decapitado
Entre os campos,
Cadavér que não se enterrou,
Lua se consumiu.

Mar rugente e forte
Vertigem da morte.
Oh, em busca de um amante,
Oh, anti-deusa!

Quem me dera nunca te ter amado,
De certo morreria mais feliz.

Moça carne cor de rosa
Verde jovem, formosa.
Moça dos céus vinda pelo espaço,
Moça; uma bomba atómica!

Moça branca...
Via lactea...
Nua, ante o brilho dos meus dentes.

Moça errante...
Cheiro de pimenta,
Cabeça no meu ombro.

Moça seios de arame
Que ostenta reclamando uma salada mista.
Moça um copo de sumo de tomate,
Meias de nylon
Andar de rumba
E uma colt quarenta e cinco.

Moça pernas entre as minhas,
Mil à hora por minuto.
Moça chifon
Pele de ganso
Channel e cartier.

Moça mercedes-benz
Sais de frutos
Moet e comida italiana.

Moça sapatos mocassim
Suéter elástico, e uma orquídea assexuada.
Moça coca-cola gelada,
Moça cheiro lilás.

O teu rosto lembra-me um templo...
Oh ângustia desvairada.
Amo-te como amigo
Numa diversa realidade,
Amo-te como amante
E com liberdade,
Com desejo maciço e permanente.

E de te amar assim tanto
É que em teu corpo de repente,
Hei de morrer por te amar mais do que pude.

Paulo Martins

Foto de paulobocaslobito

Esta distancia

A distancia separa
A distancia dói...
Mas, o destino é por nós traçado,
O destino, somos nós!

Nós e os nossos pensamentos
Nós nos nossos argumentos...
... Nós na vida
... Nós!

Alguns, choram por serem mais fortes
Outros por serem mais fracos
Outros nada sabem...

A distancia é o crime perfeito
Que nos mata aos poucos.

É uma vela de fogo acesa
Consumindo-nos a alma aos poucos
... E, o corpo.

A distancia sou eu
...Eu... sou tu!
Juntos a fizemos e lhe demos vida:
Juntos!

Sou e tu
Na escuridão
Da bela noite turva e imensa
Sonho de um momento passado
Estrelas cadentes de um céu em fogo
... E, fomos tão felizes!
E nos amamos tanto!
... Fomos livres!!!

E agora?
Porque choramos no tempo??
Porque choramos reclamando
A sua volta?

Hoje tão longe no tempo
No cheiro
Na emoção
No sabor
Na irrealidade...

Longe de tudo.
Do calor...
E do amor
Mas, seria um absurdo para-lo
(O tempo).

O tempo que já está tão velho
De tanto correr.
O tempo que corre
E corre...
E se esquece de nós!
Oh saudades!

... Quem vive sem sofrer
Não pode saborear a dor
Ou viver sem respirar,
Mas não nos leva a distancia
Não nos leva ao amor
Nem ao sonho...

Oh saudade
Prima do amor e da dor
Como "dóis",
Oh saudade.

Quanto te quis amor
Quanto amor sem fim
Quanto amor que não tive
Quanto dele não te dei!?

Será tarde?
Será tarde para te amar; ainda?

Porque choro de ter saudades tuas,
Porque choro...?
Não sei...

Paulo Martins

Foto de Rozinha Bruni

Thiago A.

Neste momento parei tudo o que estava fazendo porque pensei em você.
Lembrei do quanto você me faz sorrir e ser feliz.
Isso aconteceu no ano passado, mês restrasado, há quinze dias, essa semana, anteontem, ontem...
Nossa!!! Você já notou que está sempre me fazendo sorrir e ser feliz?
Que suas palavras de amor sempre chegam na hora certa??
Que quando mais preciso de incentivo, e penso em desistir de tudo, é você que me dá forças para continuar essa batalha?
Pois é...
Por tudo isso e muito mais é que estou sempre pensando em você.
Então resolvi escrever para agradecer seu carinho, seu amor, sua presença em meu mundo.
Agradecer a você que é poesia e ternura em minha vida.
A você que me ensinou a admirar as estrelas nas noites de dúvidas e incertezas.
A você que é presença e me oferece ajuda partilhando comigo momentos de dor, solidão, silêncio, prazer e alegria.
A você que me faz sentir muito especial e amada quando estou triste.
Agradecer por momentos em que foi paciente e justo.
Por me aturar em minhas crises.
Por me dar colo e atenção quando choro.
Agradeço todas as broncas dadas na hora certa.
Todo afago oferecido, todo respeito retribuído.
Agradeço a você por colocar a mão no meu coração e levar para a luz todas as coisas belas e verdadeiras que jamais alguém encontrou por não ter procurado tão fundo.
Agradeço a você por me amar e por me permitir te amar.
E agradeço mais que tudo por você ter feito mais do que qualquer um para me fazer feliz.
Thi amo...
Não apenas pelo ser humano maravilhoso que você é, mas também pelo que sou quando estou com você!!
Obrigada por existir em minha vida.
E obrigada por me fazer tão feliz!!

S2 THI AMO S2
S2 SEMPRE S2

Foto de solidão

Choro

Eu choro
Sem ele saber...

Tem uma hora que bate
Uma tristeza tão grande
Que eu não sei o que fazer
E nem pra onde ir
Há tanta coisa
Que eu queria dizer
Mas não tem ninguém pra ouvir

Então choro
Sem ninguém ver
Eu choro...choro

Faço o possível
Pra segurar a cabeça
Mas a emoção não quer
Que eu me desfaça
Ou então que eu esqueça
Do amor daquela homem

Então choro
Sem ele saber
Eu choro...choro

Choro por tudo
Que a gente não teve
Por tudo
Que a gente não realizou
Choro porque eu sei
Que ainda te amo
E você me amou
E ama
Choro por tudo
Se assim for preciso
Choro porque eu sei
Que ainda te quero
Choro por tudo
E por tudo lhe digo
Te espero
Te quero,te amo

Te espero, te quero
Te espero, te quero
Te amo

Foto de Joca

Paixão

Do riso e encanto
Ao choro e sofrimento
Surpresa e espanto
Num mesmo sentimento

Assim é a Paixão:
Amor Idealizado!
Que corta o coração
Do pobre enamorado

Pois nunca encontra
O sonho sonhado
Apenas a ilusão...

Fica assim o coração
Pra sempre condenado:
Morrer apaixonado!

Joca

Foto de paulobocaslobito

O grito da aflição

... Nem é má...
Nem é...
Esta ideia surgiu...
E abandonou-me.

Parou de chover...
Abriram-se os caminhos das cheias
Chegou a vitória
E as gentes cruzadas.

Perguntei-lhes nas barricadas
Se nas férreas-vias
Crescera erva daninha
Vicios e maldicência?

Ah
Mas todos partiram
Sem de mim ligarem
Se calhar
Tiveram medo
Medo!

E...
Assim me quedei
Morto nas horas do sul
Os meus restos falam
E os meus sonhos calam.

Sou a angustia
Que dói de ver
Sou soldado
Ao abandono.

Ninguem me ergue o olhar
De si
Nesta paisagem...
Todos fogem
De mim...

Choro
Ó choro
Choro por que me afliges
Porque partes a minha alma
Porque quebras a minha luz.

Porque me afliges assim?

Sou a angustia
Que dói de ver
E não mais te assim verei
Nas brisas fortuitas
Nem nas brisas prostituas
Dos meus sonhos.

Não...
Nem nas minhas ânsias
Proque me aflijo
Se partes?

Veio o sol
E o teu silencio
Embala-me.

A tua voz
É em mim
Uma ideia fingida
E faz-me navegar
Como um Apolo
Numa imensa lira de soar.

A tua voz
É a imensidão das sombras
Tristonhas
Que choram
Entre os prados
Murchos de cansar
Onde secou o teu olhar
E morreu o meu olhar.

Ah esta ideia aflitiva
De ver portos vazios
E sem navios...
Priva-me da razão
Que se acha finda.

Eis finda!
A calma ergue-se de novo
Sobre a saudade
E no abismo
Do alheamento
Os teus gestos
Não se apagam.

Não se apagam
Na minha alma ainda quente
Sou a angustia
Que dói de ver.

Ah o teu silencio
No meus seios oprimidos
E sem sentido.

Ah o teu silencio
No sonho de sermos
E não nos sermos mais.

Oh repiques de sinetas
De mim em delírios
Oh sinos
De mim aos desatinos.

O teu silencio é cego
É o sonho de te saber
... Tenho medo.

É medonho o teu silencio
De dito pelo fito
Do norte
Do sul
Da chuva
Do frio
Do destino
E da sorte...
Tenho medo.

És o meu desespero
Que não ignoro
Para não perde-lo
Porque no mundo
Assim aos sobressaltos
Me alevanto e caminho
Eu
Soldado ao abandono.

O teu silencio
É a minha cegueira
O meu sonho inerte
... Que aberto
Seria o mais belo
... Tão belo
Tão belo.

Não reparei nas horas
Que ainda cá estou
Nem o tempo que cá fiquei...
Calaram-se as tuas mãos
Sobre o meu peito
Murcharam os silencios de nós eleitos
E os meus sonhos
Não têm fim.

No ar os sorrisos gozam
O teu tédio
De me seres loucamente infinita
Ó soubessem
Soubessem nesse teu pueril horizonte
Quantas virtudes guardas
Ó soubessem!

Soubessem eles
No alheamento
E à força
Que em ti se erguem
Gementes
Crisântemos perfumados...
Soubessem!

Como me confunde o teu silencio
Como me desalegra
E ao mesmo tempo
Não existem no mesmo mundo
Sorrisos como os teus.

Ó é tarde
E a noite espreita
Arriscando-se a entrar.

Já não chove
E o céu
É imperfeito.

O céu bordado de nuvens
Anuncia mais um vendaval...

Estou triste!
A minha consciência está triste
Que raios é a minha consciência?
Que raios é
Se de ti não oiço preces
De amor
E és uma flor murcha
No meu pensamento
No meu peito
Que raios é a consciência?

Ah se fossemos um só...
Que tortura...
Sou medonho
Funesto nesta dor
Nesta unica dor
Que me dói!

Sou o cansaço
O meu ódio
Sem forças
Para te chorar.

O meu ódio corrompe a alma
De sentimentalismos
Como se uma nau desgovernada
Não achasse um bom porto
Para se acalmar
Para gritar
Berrar
Uma glória
Numa só bandeira
Duma só bandeira...
Vitória!

Ah mas eu sou a própria alma
Para além dos sonhos
Num porto
Sem navios.
E não sei se sou do norte
Ou do sul...

O teu silencio faz-me chorar
E gozam as virgens o meu tédio
Ó soubessem elas!

Soubessem elas a tua morte
..... Sim.......
..... Salva-me meu amor...
Da furia da minha ira.

Salva-me
Dos homens
Da dor
Da fome e da guerra
Leva-me contigo
Não sei viver sem ti
Minha amada.
Mostra-me o caminho
Que farei sozinho
... Salva-me.

Não me abandones nesse teu silencio
Que na hora da morte
... É morto
E eu já não sou quem era
Salva-me.

Soubessem elas
Não
Não, não
Não...................................
........................................
........................................
Porquê?
Que estranha é a alma.

Esse teu silencio
Deposto em meu peito
De sonhos aflitivo
E é morto
No infinito
E é sombrio
E é o sonho
Que se ergue
Como um muro
Na calma
Por dentro da alma
Que no fundo
Arde
Na vida que passa
E não sei quem eu sonho
Mas a vida passa.

E entra em mim
E passa
E ilumina-se
Em cada vela acesa
Purissima como o fogo
Que bate e aquece a vidraça
Para logo ouvir a chuva
Da chuva em vida
E no seu esplendor.

Que pena não poder
Através da janela
Olhar a chuva que cai sobre o meu altar
Num canto de coro latino
Que se sente chorar
Se não houver choros.

E passa o teu nome como um padre
Esta missa serena
Onde encontrar-te
É perder-me nos teus braços.

Apagaram-se as luzes
É o fim
E de repente
Escureceu!

O tempo é um abismo
Em hoje ser um dia triste
E nele te escrevo versos
Com esta pena
Que em todo o meu ser se esmaga
Numa infinita tortura
Ao som da tinta e do tinteiro
Onde o rejubilar do papel
É feliz.

E
Por onde escrevo
Os nossos olhares
Se cruzam.

E
Surge imensa a alegria
Difusa de mim...
Penso...
Tudo para...
Surges-me
Ao longe
Sobre os meus olhos fechados
Dentro de mim.

... Alguém sacode esta hora
Invadindo-nos de prazer
E sob os meus dedos
As minhas mãos
São vazias
E tristes na música que corre
Estamos em todos os lugares
Sorrio...
Pois esqueço-me das horas
E eu sou a própria alma
Para além dos sonhos.

Paulo Martins

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