Chão

Foto de Carmen Lúcia

"A paz que há em mim"

Há uma paz dentro de mim...
Que me faz crer estar agindo certo,
Livrando-me de todos os decretos,
Mostrando-me uma luz sem fim...

Há uma paz dentro de mim...
Envolvendo todos meus sentimentos,
Deixando-os livres de discernimentos,
Levando-me até onde não consigo ir.

Há uma paz dentro de mim...
Que não dita regras... Paz é sempre assim...
Não impõe limites, tira-me do chão,
Leva-me a andar em nuvens de algodão.

Há uma paz dentro de mim
Que me deixa cônscia do dever cumprido
Que me impulsiona a caminhar assim
Sem ter ferido, desrespeitado um amigo.

Há muita paz dentro de mim...
A comprovar que estou certa assim.

Foto de Barzissima

Historia de Amor e Saudades -4

Curitiba, 07 de setembro de 2007 (data original que a carta foi escrita)

Meu amor!!!!
Ontem eu vi o eu carro no bairro de novo. Será que você me viu também? Ai querido. eu to tão desanimada com meu casamento..... acho que se continuar assim não vai durar muito mais.... Isso faz eu pensar muito,muito mais em você.... fico imaginando que se eu estivesse com vc eu estaria muito feliz.com alguém que realmente eu amo muito....... Acho que o fim esta muito mais perto agora... porque não quero mais tentar, porque sei que o meu grande amor não esta comigo... e eu tenho esperança, de um dia poder estar ao seu lado, te amando muito... Sabia que não chamo meu marido de amor? Nem ele me chama. Nos chamamos pelos nomes mesmo... sabe porque isso? porque não estou com meu amor de verdade.... Queria mesmo era poder te falar estas coisas pessoalmente.. com todo carinho do mundo..... será que você também tem pensado em mim? A minha amiga Ju conversou com seu primo sobre nós sabia... sobre nosso encontro no mercado, lembra? Cara a cara... nossa! que sensação eu tive naquela hora... meus pés sairam do chão... ainda bem q estava terminando minha compra, senão esqueceria o q tinha q levar... meu coração foi a mil por hora.... então... eles conversaram sobre esse encontro, e vc tb comentou com ele, ou com sua prima não sei, só sei que minha amiga me disse que vc tambem ficou mexido em me ver.... que fala em mim tambem, assim como eu... então eu acho que vc tambem pensa em mim... sabe, as vezes, eu sinto como se você estivesse muito perto de mim...... acho que nossas almas gritam uma pela outra....que lindo isso né.... mas acho que sim.... o desejo de ficarmos juntos é muito grande (pelo menos eu gostaria que fosse assim).... pena que uma serie de coisas nos separam... Hoje eu tenho quase uma certeza... você também sente o mesmo que eu....só não é certeza absoluta porque não ouvi isso de você....

Foto de CarmenCecilia

CORCEL NEGRO

VIDEOPOEMA
POESIA: CARMEN CECILIA
EDIÇÃO:CARMEN CECILIA

CORCEL NEGRO

Lá vem ele pelas pradarias todo garboso
Cavalgando com seu ar soberano e majestoso
Pelo lustroso como veludo negro
No seu trote ligeiro.

Com seus olhos grandes e vivos...Todo sacudido...
Pescoço musculoso e bem dirigido
Peito amplo e profundo e o dorso prolongando-se com a garupa
Sempre é o líder do seu grupo!

Tendões de aço! Aprumos excelentes! Um reprodutor!
Ciente da sua ascendência.
Já se vê na sua prole a procedência
Sabe da sua compleição. Perfeição!

No haras detém o controle do seu harém.
E com tudo tem extrema habilidade.
É o rei do hipódromo...O de maior agilidade
Marcha elegantemente e segue sempre na frente

E lá vem o dia!
Do momento em que Prelúdio
Disputa o grande premio
Para ele nunca tem páreo

O treinador o preparou com exímia dedicação
E ele aluno aplicado, devotado
Nada teme e por todos é reverenciado
O jóquei segreda as últimas instruções
“Somos eu e você campeão”

É dada a largada!
E lá vai ele em disparada
Mas na última virada,
A meio corpo da chegada...

Um golpe traiçoeiro leva-o ao chão
Toda a arquibancada levanta-se então
Com o coração na mão!
Prelúdio campeão! Não vá embora não!

Mas o corcel negro na cabeça foi atingido
Aturdido meio que perdido
Em meio a poça de sangue.
Despede-se da multidão

Os anos passaram e Prelúdio virou lenda!
Em toda roda lembram da sua contenda
Das suas façanhas, seus inúmeros troféus
E dizem deve estar no céu!

Eu aqui fico calado
Com um nó na garganta e amargurado
Uma lágrima de saudade brota...
Dou meia volta e vou embora com minha revolta.

Em noites de lua cheia...
Uma brisa me toca o rosto
Volto-me para a colina meio que a contra gosto.
Onde pareço ouvir seu relinchar e ver seu vulto

E cheio de emoção
Ouço bem baixinho
Não fique assim não peão
Vim aqui só pra te avisar e sossegar
Pois um dia a gente vai se encontrar!

Carmen Cecília

Foto de Ricardo Barnabé

Agarras as minhas palavra

Levanta os teus braços
e abre as tuas mãos
agarra as minhas palavras
até que cada letra, te traga
tudo o que nunca conseguiste ver
Eu Dei-te tudo de mim
mostrei-te cada parte de mim
Despi-me dos meus medos
Sacrifiquei-me por ti
acabando por sofrer
ao até ao dia do meu fim
Nas tuas mãos fui apenas
o teu objecto de prazer
e tu nas minhas foste mundo que eu nunca vivi
Por tudo o que passei, um cinzento
das cores dos teus dias, tu o meu mundo acinzentaste
por tudo o que chorei, de preto da cor da tua sombra
de arrependimento por me perderes por culpa propria
isso também pintaste, as tuas lágrimas são o veneno
que eu em tempos bebi, agora é tarde, demasiado tarde
porque tudo o que eu sentia, destruiste com a dureza das
tuas palavras que em cada chão no meu caminho se atravessou
por isso

Abre as tuas mãos
Levanta os teus braços
agarra as minhas palavras
até que cada letra, te traga
tudo o que nunca conseguiste ver

Foto de Marcelo Souza

Dentro da mina de ouro

O mundo já não era mais o mesmo,
As portas eram cada vez menores,
As ruas menores,
E as calcadas mais baixas.
O alcance das minhas mãos mais alto, porém inexplicavelmente miúdo,
Ao ponto de não mais conter o mundo entre elas.
Meus olhos viam mais longe e as visões tornavam-se cada vez mais horrendas.
Os amigos mais distantes e os inimigos multiplicavam-se ao meu redor.

O vocabulário a ser decorado se tornara maior e mais difícil,
Ao passo que as mais simples e verdadeiras palavras ficavam impronunciáveis.
As famílias cada vez menores e as camas cada vez maiores,
Do tamanho do vazio em cada um dos corações.

O amor já era um desaparecido, senão desconhecido,
E as flores? Flores já não eram mais.
O céu de cinza já estava pintado e o chão com rios de sangue.
Verdadeiramente o mundo não era mais o mesmo,
O dinheiro havia tornado-se o seu único rei,
Tendo dona ganância como sua rainha,
A luxuria sua mais bela princesa,
E o ódio, o príncipe que haveria de herdar o trono.
Neste reino os calabouços estavam cheios de toda gama de bons sentimentos,
Estavam eles acorrentados e esquecidos ao longo de todo este tempo.
O mundo já não era mais o mesmo, era um mundo sem fé e sem salvação,
Um mundo sem esperança, pois esta há muito já havia sido expulsa dele.
Era um mundo que ria de tantos que antes choraram;
Sem saber o quanto ele mesmo ainda haveria de chorar.
Era um mundo envolto em trevas e que delas jamais escaparia.
Era este o mundo, um novo mundo,
Apenas uma sombra negra de outro mundo,
Mundo de outrora, mundo de ontem à noite.
Mundo sombrio, sem paz e que jaz,
Mundo diferente do meu mundo, o mundo em que antes eu vivia.

Marcelo”thefox”Souza
Fortaleza, Novembro 2007

Foto de Dirceu Marcelino

ERAM DOIS AMIGOS INSEPARÁVEIS

Dois meninos.
Moradores da mesma cidade.
Um de olhos azul outro verdes.
Eram orgulhos da cor de seus olhos?
“_Ah! Meninos vaidosos”.
Falava nossa professora, Dona Marta.
Foram poucos os episódios de que um não participou na vida do outro.
Um deles ainda no “parque infantil”, neste ainda não haviam se encontrado.
Foi quando o de “olhos verdes” fora expulso da escola em face de se envolver em uma briga juntamente com seu irmão de três anos.
Não aceitaram a justificativa do menino de cinco anos e naquela época ele não sabia se defender.
Vamos pular vários episódios, pois, o objetivo deste conto é apenas justificar o porquê da carta-poesia postada aqui e endereçada ao primeiro depois de muitos anos.
Mas, tem fatos marcantes que precisam ser mencionados:
Tal como a apresentação para incorporação ao Exército Brasileiro.
Lembra-se: Todos nós bem arrumados. Você com um terno que parece que fora tirado do baú de seu pai, o mesmo com que ele viera da Espanha.
Eu, com uma roupa esporte.
Na rua um comboio de mais ou menos vinte caminhões do Exército Brasileiro e no ponto de ônibus do Mercado Municipal não parava de descer jovens cabeludos, muitos naquela época queriam imitar os “Beatles”.
Lembro-me que no momento de subir no caminhão meus cabelos longos caíram na testa e meu pai com os olhos lacrimejados dizia:
_ “Pare com isso. Você agora vai ser soldado!”.
Sinceramente, só fui entender isso depois que já estávamos na barbearia do quartel.
Justamente, quando via os que estavam na fila saírem de “coco pelado”.
Cerca de oitocentos jovens com dezoito anos de idade deixavam caídos ali no chão da barbearia madeixas de vários tipos de cabelo, dava-se para perceber que pouca era ruiva, outras loiras, mas a maior parte de cabelos negros e castanhos escuros.
Como os meus. Os seus eram loiros.
Quanta recordação poderia falar do quartel, ei!
Lembra-se daquele que ocorreu dias depois dos cortes de cabelos.
Sabe que como “cabo da guarda” soube por ele próprio que fora uma vingança, pois, não se conformava com o fato de lhe cortarem os cabelos.
Com ele aprendi que cadeia não regenera ninguém, o pior é que ele dando baixa do quartel, entrou em outra corporação importante e a desonrou, pois cometeu um crime maior: “latrocínio”. Justamente contra um industrial alemão que instalava uma indústria em nossa cidade. Esse não é assunto para comentarmos aqui. Muito grave.
Mas eu tenho que mencionar nossa viagem para aquela pequena cidade vizinha, onde participaríamos do desfile comemorativo de aniversário da municipalidade, quando um comboio de seis caminhões nos levou.
Você dirigia um deles e eu estava na carroceria.
Você teria com certeza condições de narrar melhor o acidente ocorrido, pois via a frente uma estradinha de terra batida, o aclive acentuado e a curva à esquerda. Eu na carroceria só pude ver e pressentir o caminhão que derrapava, empurrado pelo obus 105 mm, peça de artilharia muito pesada que ao mesmo tempo servisse para segurar o veículo não o deixando que caísse abruptamente o tombava, devagarinho, dando-me tempo de pressentir a metralhadora ponto 50, tombar e seus ganchos inferiores caírem sobre meu pescoço, mas eu o colocar como um “boxista” entre os ferros e evitar ser atingido.
Salvo desses fomos para o desfile.
Você dirigindo aquele caminhão com a frente amassada e o vidro dianteiro quebrado e eu como sempre na carroceria, com mais dez soldados.
Lembro-me que conforme treinamento feito durante semanas no quartel todos os soldados deveriam descer e depois sob a ordem do comandante todos deveriam subir rapidamente, dando-se às mãos, o que lhes proporcionava subir com facilidade, mas eu, como sempre ficava isolado, sozinho, pois era o “cabo serra fila”.
A que dificuldade foi subir naquele caminhão, primeiro que me desconcentrei ao ver entre os assistentes que se acotovelam uma linda morena de “olhos verdes”.
Ela me olhava de tal modo que me atraía, me seguravam, me dominavam, mas acredito que quando ela percebeu que eu iria passar vergonha pois os caminhões já estavam sendo acionados, ela me liberou e então em movimento mágico pulei e não sei como já me vi segurando os guidões da metralhadora.
Sim. Espécie de guidões, semelhantes ao de uma bicicleta.
E, naquela posição o comboio circulou por toda a praça e ao retornar, novamente, eu vi ali defronte ao cinema, mas sobre a calçada da Praça Rodrigues de Abreu aquela musa.
Alguém poderá perguntar, mas como ele sabe o nome da praça se aquela era a primeira vez que tinham ido aquela cidade. Bem, aí é outra estória, a ser contada no capítulo II do “menino que queria ser maquinista de trem”.
Antes de perseguir o objetivo deste conto, ainda tenho de contar mais uma breve estória, pois ela está registrada nos anais da história do Brasil.
Refere-se ao período ditatorial, mas sobre um episódio no QG do II Exército época de subversão e quando alguém soltou da porta do ginásio de esportes do Ibirapuera um veículo carregado de bombas que adentrou pelo acesso do quartel semi-subterrâneo e explodiu espetacularmente, matando uma das sentinelas. Sua foto consta de arquivos da internet.
Com esse episódio o jovem de “olhos verdes” acabou sendo promovido a sargento.
Posteriormente, terminado o período do serviço militar obrigatório, nos separamos por vários anos, mas outra vez, o destino nos uniu.
Fomos nos encontrar em Campo Grande – MS.
Em uma academia e depois designados para trabalhar na região da tríplice fronteira entre os Estados de Mato Grosso do Sul, Paraná e Paraguai. Esta região ainda fazia fronteira com uma parte do Estado de São Paulo.
Sei que em contos não se devem por nomes. Mas o faço, pois é um conto baseado em fatos verdadeiros.
Verdadeiros mas desconhecidos das autoridades responsáveis, dos chefes, dos governantes.
Talvez, saibam eles de alguns dados estatísticos, do número de carros furtados que são levados para o Paraguai, interessante, ainda hoje da mesma forma que acontecia há vinte anos.
O “menino de olhos verdes” agora se transformara no Delegado Regional e o “menino de olhos azuis” no Delegado de Polícia da cidade mais importante da sub-região. Mas a deste ficava exatamente na confluência da tríplice fronteira.
Este episódio ocorreu em porto Caiuá, local onde estava sendo construída uma usina hidrelétrica no Rio Paraná e a estrada se delineava exatamente sobre a barreira de contenção.
A operação consistia na abordagem dos veículos suspeitos ainda sobre as balsas que faziam travessia dos veículos do Estado do Paraná para Mato Grosso do Sul.
Na primeira incursão foram apreendidos quatro carros, dois Del Rey e dois Monza, furtados na cidade de São Paulo, no dia anterior, cujos veículos eram conduzidos até as pequenas cidades do Paraná, e ali permaneciam aguardando o momento adequado para serem atravessados. Depois faltariam cerca de cem quilômetros para alcançar uma das inúmeras cidades fronteiriças “Del Paraguay”.
Logicamente, desconhecíamos no que consistia esse “momento adequado”.
Outro fato interessante, mas, por favor, não dêem risadas, más é verdade, os presos eram levados para a única cadeia da cidade e ela era de “madeira”. Aliás, a maioria das casas daquela cidade era de madeiras, naquela época. Não sei hoje.
Só viemos, a saber, na segunda operação, quando afoitos em realizar um trabalho maior escalamos doze policiais que deveriam agir em duplas.
O Delegado Regional chefiava, mas também fazia parte de uma dupla operacional, seu companheiro era um Agente de Telecomunicações. Este tinha a incumbência de se comunicar com os demais componentes e transmitir-lhes as ordens operacionais.
Mas que operação, pois, logo após a descida dos carros da balsa, quando tudo deveria estar concluído, o que vê o Delegado Regional, cada grupo de seus agentes, sim, perto dos carros apreendidos, mas aos seus lados, também, outros homens armados, desconhecidos e entre eles ainda teve a chance de reconhecer um famigerado bandido procurado justamente por ser famoso nesse tipo de tráfico de veículos.
O que restou ao delegado regional, ao ver aqueles homens armados caminhando em sua direção, a não ser, lembrar-se do brocardo:
-“Pernas para que te quero”.
Subir então no veículo que acabara de aprender, praticamente, obrigar o preso e o Agente de Telecomunicações a adentrarem no veículo, tomar o assento no banco de motorista, acelerá-lo e arrancar provocando muita poeira e deixar atrás de si uma nuvem.
Acredita que essa ação os deixou momentaneamente desorientados, pois já estava a uma distância de 40 ou 50 metros quando os viu subindo em suas camionetes, alguns na carroceria e começavam a acioná-las e em comboio a persegui-lo.
Poderia dizer que foi uma delícia, se não fosse trágico, mas lembra-se como se fosse agora do ronco acelerado do Monza, vermelho, lindo... “Vrrooouuummmmmmmmmmm” e o chiado dos pneus nos pedregulhos do chão de terra batida “tchuaaaaaaaaaaaaaa”.
A corrida do carro que batia a “Kart” e assoalho em algumas saliências irregulares da estrada que na verdade era a barreira da futura hidrelétrica.
Olhando para trás via que se formava uma nuvem de poeira que com certeza inviabilizava a perseguição dos bandidos e desse modo foi possível ao término da barreira, adentrar em solo pedregoso sem deixar rastros e desse modo adentrar num paiol e enfiar o veículo sob um monte de feno, que parece que ali fora adrede preparado para esconder o veículo como vemos nos filmes americanos.
O feno cobriu o veículo, desceu do mesmo cuspindo capim, o bandido com um monte enroscado em sua algema, o agente reclamando de estar sujando seus equipamentos.
O delegado regional puxou o preso pela algema, praticamente o arrastou e com palavras de ordem obrigava o agente de telecomunicações a segui-lo e assim subiram em um morro, onde em local alto e camuflado, se assentaram. Dali se podia ter uma visão geral da planície formada pelas margens do grande rio e da estrada que se descrevia agora sinuosa para o oeste.
Dentre os veículos perseguidores três camionetes Ford e duas de marcas Chevrolet, além de um Fiat 147.
Sorte que coube aos dois ocupantes do Fiat fazer a verificação neste paiol, onde o Monza estava escondido. Negligentes os bandidos, deram uma espiada e sequer tiveram o cuidado de cutucar com varas o monte de feno. Depois de alguns minutos também seguiram para o Oeste.
E, nós ali.
Passadas cerca de seis horas viu-se ao longe sobre a barreira o ônibus interestadual que se dirigia para a cidade sede da sub-região, dando tempo de escrever, em uma caixa de bala CBC, um bilhete pedindo ajuda.
Entre as dobras da caixa colocou o Delegado Regional outro bilhete, que teve tempo de redigir, afinal ficou ali várias horas.
Depois de mais algumas horas chegou o reforço, o pior, que entre eles retornavam alguns dos mesmos policiais que tinham participado da nefasta operação.
Mas agiam como se nada tivesse acontecido.
Posicionou-se o Delegado Regional adequadamente de modo que pudesse reagir com armas, mas logo percebeu que tudo aparentava certa normalidade, iria fazer o jogo deles, talvez fosse naquele instante a estratégia adequada.
E, assim, retornaram para a sede.
O “bandido” foi autuado por receptação. Presidiu o flagrante o Assistente do Delegado Regional que foi o condutor.
Ah! Que trabalho em vão, o “cidadão” autuado, no dia seguinte foi posto em liberdade por ordem judicial.
Mas, tudo isso se repetiria depois, quando convidado para uma pescaria o ingênuo Delegado Regional foi e lá depois de ter pescado um grande “serubim”, que ajudou a limpar, no momento de saboreá-lo começaram a lhe contar a estória do “Delegado Bigode”.
Bem, esta estória, será narrada em outro conto, talvez, até o término do concurso, logicamente, se esta for bem recebida.
Ah! Sim.
Vocês querem saber por que contei tudo isso.
É simples.
Só quis justificar porque não entreguei a poesia ao amigo ODAIR ANTONIO ORTIZ, diretamente a ele e naquela época.
Justamente, porque, ela a carta-poesia, fora o bilhete que escrevera em um papel de revestimento de maço de cigarros e a introduziu, entre as frestas da “caixinha de balas CBC”. A mesma caixinha e papel que tem guardada em seus arquivos.
Normalmente, esqueço-me do teor das poesias que escrevi horas antes.
Aconteceu recentemente.
Escrevi para “baianinha” e perdi em meus escritos no próprio computador.
Espero encontrá-la. Mas ainda ontem quando não conseguia revisar este texto, em razão de erro de formatação, reescrevi a poesia “Baininha”, mas exatamente, no momento em que falava com ela pelo MSN.
Amigo com tudo isto estou lhe querendo dizer, que da mesma forma que tenho amigas, musas, você foi uma pessoa importante na minha vida, veja, fiz uma poesia, pensando que iria morrer.
Imaginava que você continuasse naquele Estado, como outros de nossos colegas continuaram.
Mas o destino não quis assim, outra vez nos encontramos aqui em nosso Estado, trabalhamos novamente juntos, divertimos em alguns momentos, trocamos nossas confidências e até fomos confundidos com buques de flores que mandamos.
Finalizando, para corroborar nossas brincadeiras, veja como fiz para você tomar conhecimento da poesia que ainda tenho aqui guardada em casa, no papel celofane, revestimento do maço de cigarros e da caixa de balas CBC, que a recuperei, pois afinal. Eu era o Delegado Regional. E, finalmente, desejo lhe dizer que tivemos a oportunidade de acabarmos com Defensores, pois sempre quis sê-lo, como quis quando tinha apenas quatro anos de idade e não conseguia dizer à minha Diretora que agira em “legítima defesa de terceiro” de meu irmão que contava apenas três anos e eu mais velho: cinco.

Foto de Carmen Lúcia

Diante dos fatos, não há argumentos...

Tentei arrastar-me até a cama...
A nossa cama...irremediavelmente gélida,
Sair do chão, secar as lágrimas...tétricas.
A escuridão da noite, soturna, penetrava o local,
As cortinas acenavam um triste adeus mortal,
Denunciando janelas ainda abertas. desertas...
Um sopro de brisa tocava meu corpo,
Tênue como eu, fraco como eu, triste como eu...
Há quanto tempo ali permanecera?
Minutos, horas, dias? Por que esmorecera?
Aos poucos, as últimas cenas ressurgiam...
Como as de um filme registrado em minha mente
Transtornada pelo eco de palavras eloqüentes
A me acusar, me reprovar, me condenar...
Levantei-me e acendi a luz...Titubeei...
Dentro de mim o negrume de um breu sem fim...Cambaleei...
Relutei para afastar as marcas do que houvera,
De meus rastros pelo chão ao implorar perdão...
De seu fatídico não, olhar de condenação:
-Quem ama não trai! Imperdoável a traição!
Fui fraca, volúvel, não mereço perdão!
Agora... secar o pranto, estancar a ferida,
Encarar de novo a vida,
Recomeçar do ponto de partida.
Retirar dos destroços uma lição vivida!

Foto de Sentimento sublime

Ser Feliz! Osvania Souza

Ser Feliz!

Para sermos felizes.
Não precisamos de muito.
Precisamos sim de Um Pouco.
Um pouco de carinho.
Um pouco de atenção.
Um pouco de amor.
Um pouco de reciprocidade.
Um pouco de palavras suaves.
Um pouco de flores na janela.
Um pouco de pipoca na tigela.
Um pouco de chocolate feito por ele ou por ela.
Um pouco de mar para sorrir, para amar.
Um pouco de chão para plantar e semear.
Um pouco de vinho para sermos calientes.
Um pouco de perfume para sermos envolventes.
Um pouco de luz para iluminar nossas mentes.
Um pouco de sol para aquecer nosso inverno.
Um pouco de frio para amenizar o calor.
Um pouco de você para aumentar meu amor.
Enfim!
Precisamos de tudo um pouco
Para que sejamos felizes.
Osvania

Foto de Emerson Mattos

O Momento

Autor: Emerson
Data: 17/07/05

Na minha felicidade
A brisa é amizade
O sopro é a bondade
Da minha simplicidade

Na minha pessoalidade
Às vezes tranqüilidade
Às vezes só vaidade
Mostrando voracidade
Com muita velocidade

Com travessura vou indo
Movendo muito o moinho
Bornais no redemoinho
Deixados pelo caminho

Na minha descontração
Eu brinco com atenção
Papéis pro alto irão
Pra muitos lados se vão
Alguns caindo no chão

Na minha ira vai ver
Ciclone aparecer
Do furacão vão correr
De medo vão se esconder
De frio irão tremer
Poeira nos olhos vão ter

As casas vou derrubar
As árvores, arrancar
Os fios, arrebentar
E tudo vou carregar
Logo depois vou parar

Foto de Cecília Santos

MEDITAÇÃO

MEDITAÇÃO
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Hora de meditar, cerro as cortinas
Preparo calmamente, meu canto.
Incensos com olor de mirra, velas perfumadas,
de cravo e canela, queimam suavemente.
Melodia suave, emana um som relaxante.
De cantos de pássaros e cachoeira cantando.
Sento-me no chão, fecho meus olhos.
Pouco à pouco vou me desligando do que se
encontra ao meu redor.
Flutuo, me elevo às alturas, deslizo nas nuvens.
Passeio entre as cores de um lindo arco-íris.
O azul me acalma.
O amarelo emana luz, e energia.
O verde me traz a relva macia, onde meus
pés afundam ao meu caminhar.
No branco tudo é paz, calmaria.
Caminho sem pressa por longas veredas,
de todas as cores, cada qual com seu benefício.
Prolongo ao máximo esse desligamento reconfortante.
O tempo passa rápido quando estou à meditar,
logo tenho que voltar.
Lentamente vou abrindo meus olhos!
Estou leve como uma pluma solta no ar.
E tranqüila, pra enfrentar o mundo real,
de todos os dias, de todas as horas...

Direitos reservados*
Cecilia-SP/11/08*

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