Cegos

Foto de Marta Peres

Rua de Pedra

Me perco nas ruas
ruas de pedra
no ato mecânico de andar,
meus olhos estão cegos,
cegos de lágrimas,
vejo apenas vultos
e rostos esquálicos
envolvidos no pensar
angustiante de mais um dia
de vida.

Mas é um dia tão igual
tão sem ar, sem luz.
Uma agonia me toma de assalto,
um transeunte chama atenção,
chega devagar,
senta-se num vago,solitário banco,
perto da praça.

Parei, o ar me faltou
sim era ele, ele que estava ali
na minha frente olhando,
sem me ver.

Levanta-se num rompante.
Sai em passos errantes.
Uma agonia pulsa em meu peito
Alí nas ruas de pedras
passos largos e cansados
em meio a multidão de rostos
sai em sentido oposto
destino oposto
ao meu...
Marta Peres

Foto de dio

Sentidos

Para onde me levas pensamento?
Corres cansado em estado de loucura
A mente sã perde o alento
E não encontra o que procura

O amar à tempos era lindo
Via-se fome nos olhares
Hoje cegos vão indo
A lugar nenhum, seguem os seres

Nosso relacionamento afável
Perdeu-se já não existe
Nossa saliva, era beijo-mel
Via-se em te flor picante
Hoje sua fala cheira mal
Exala Sal

Não sentimos o soão
Ao nascer do sol
Nem escutamos o coração
Soando sol
Sim escutamos soar dó
De dor por não mas possuir
A visão , o paladar , o tato , a audição, o olfato
Amor por te, esta difícil de sentir.

Foto de jeffsom

O Nomad e a Lótus do deserto

Parte I

O Nomad e a Lótus do deserto

Esta poderia bem ser a historia de uma vida, ou apenas de um dia. Mas o que se aconteceu a este ser não se tem ao certo, falam que ele ainda vaga pelos desertos e que talvez ainda esteja a procura da sua amada lótus; mas todo que sabemos são apenas lendas.

Certa vez um Homem ao vagar pelo deserto encontra-se com uma raríssima e bela lótus, ser tão misticos em desertos arridos e totalmente sem chance de sobrivivencia para plantas ou até mesmo amimais ha não ser camelos, que o mesmo ficara impressionado, como uma simples e solitária lótus se mantinha tão bela naquele inóspito ambiente.

Mas o Nomad não se conteve em chegar perto, mesmo sabendo que só pelo fato de sua presença a lótus poderia quebra-se, ou simplesmente ir murchando até que ele fosse embora ou ela se acostuma-se a ele. O que não sabia o Nomad, e o fez um tremendo espanto; foi a lótus lhe pedir que fica-se por uns tempos. Lótus no deserto já eram raras, Lótus que falassem então; nem se diga.

A Lótus que havia solicitado a presença do mesmo, mas o nomad sabia que não teria suprimentos para mais que três à quatro meses ali... e sendo que nunca havia visto uma lótus antes na vida e sentindo-se muito maravilhado com a mesma decidiu continuar ali pelo tempo que lhe fosse possivél, mas no deserto não é facil viver é o mesmo sabendo disso continuo ali por mais de 7 meses, e seus suprimentos acabaram-se, mais isso muito antes de seis, cinco ou mesmo se quer quatro meses. A desesperança estava ali, e agora?, ele perguntava-se!!! o que fazer, visto que não havia outra saida, e que não conseguiria sobreviver mais assim, levantou-se e pois se a andar, a Lótus por sua vez ja estava murcha e quase a definhar-se nos últimos momentos juntos viu-se que não era a falta de sentimentos um pelo outro e sim a necessidade de sobrevivência, e assim havia uma unica alternativa.

Partindo então, Foi-se a Lótus, e a cada passo que dava para mais longe o Nomad sentia-se que perdia a parte mais significativa de sua pouca vida, e decidido a voltar foi o mais rapido que pode e voltou o mais certo que podia. Mas não encontrará a Lótus... Teria ela morrido nesses dias que se foi. Ou apenas não conseguira a reencontrar?, não sabemos ao certo se foi isto ou aquilo, mas neste momento ele olha para os céus joga tudo que pegará e diz: “fico aqui até achar novamente o que perdi”, mas vou sobreviver na mesma que ela, e da simples beleza que a de sua amada lótus sobrevivia enquanto ela estava ao meu lado. E assim partiu a procura de seu tesouro perdido, ou de ser ao menos o que aprendeu a ser enquanto estava na companhia de suas melhor parte, que lhe era e ainda é a mais preciosa.

Perdido no deserto, sem comida e sem agua. Jamais encontramos provas de que esteja vivo ou morto, só o que sabemos é que as vezes vêem-se passo e ouvem-se gritos de uma voz masculina que apenas pode-se entender como um nome “Lótus”...

Parte II

Carta do Nomad à Lótus
O Caminho dos Cegos

Perdidos na escuridão, já nascemos para não ver toda esta enorme corrupção. Ver é um dom ou somente uma maldição?. Vi e ouvi mas creio que jamais senti o que realmente devia.

Lótus...

Não uso a minha cegueira atual para disfarçar nada, nem mesmo a falta que me fazes; mas ver que a cada dia me sinto menos dolorido ao menos tempo que me faz mais feliz me deixa mais triste!!!, será que existe meio termo quanto a falta e a presença de você em mim?.

Se alguém tiver a resposta a esta pergunta que me digas. Olhar para este deserto só me torna mais impetuoso com o que possa passar na minhas frente... Já lhe procurava a mais de 20 anos, e nestes sete meses que passei ao seu lado senti a força que é ter um verdadeiro e puro sentimento, pena que eu esteja a perde-lo embora vá passar a minha vida procurando te reencontrar.

Não sei se sabes, e se souberes ira me esperar nesta longa eternidade que teremos para nos amar, sinto que a cada dia chego mais perto de você mais que a cada dia lhe perco um pouco mais; que sentimento é este que me faz sentir-me um perdedor que esta à vencer?, falo do que sinto é não do que vejo. Pois se disse-se o que vejo já teria definhando e morrido a séculos, nem mesmo teria nascido.

Nomad,
Ainda te procuro minha amada Lótus.
Se um dia encontrares esta carta responda-me...

Continua...

Foto de José Brás

(des)encontros (completo)

Encontrámo-nos por aí, caminhando por cima das horas incontáveis, quando o tempo parece feito apenas para prolongar o vazio do nosso que-fazer.
Um olhar!
Um olhar não é mais que isso, tantas vezes.
As palavras!
E as palavras, quase sempre, não mais que o som delas.
Seremos surdos, todos, e cegos, porque passamos tão perto e não nos ouvimos nem vemos, cada um fazendo o seu caminho, prolongando-se apenas a si próprio.
Ainda assim falamos, juntamos sons sem atinar na sinfonia exacta que nos desentre, que marque no outro o eu que nos julgamos.
O eu? O tu? O nós?
Eu, de mim, estou cheio. Respiro e respiro-me sozinho em permanência, julgando que te respiro a ti… e em ti os eus todos de sonhar outros.
Quer dizer!
Na verdade, o mundo é só um. E como dizes (provas), sendo um, apenas, determinista e inexorável, não nos deixa senão a busca da multiplicidade.
Nascemos para ser deuses. Não há vedações que nos cerquem o desejo de o ser. Apenas há caminho, caminhos, veredas e auto-estradas.
Bifurcações que nos consomem o tempo e gastam os pés antes do encontro.
E tudo podia ser tão fácil!
Dizer quero-te, por exemplo. Dizer quero-te, olhar no fundo dos teus olhos e encher-me da emoção que a palavra por si própria deveria carregar, por vir de ti, sonora, ainda antes que a diga eu.
Ou nem dizer nada. Olhar apenas, mergulharem-se os olhos numa eloquência de expressão que nenhum som de palavra possa imitar.
Dirás tu (como dizes): -então, e a dor?
A morte não existe porque não tem tempo. Era e já foi.
A vida não existe porque é apenas o agora, milhões de agoras que se sorvem por instinto
E tens razão. De que valem à nossa morte de amanhã os beijos que poderíamos ter dado ontem, se os tivéssemos dado (não demos?)?
De que valem ao nosso agora os beijos que poderemos vir a dar, se os dermos amanhã?
Imaginemos agora o amanhã… e ele existe!
O ontem poderia apenas ter existido.
Tentemos!

Foto de José Brás

(Des)encontros

Encontrámo-nos por aí, caminhando por cima das horas incontáveis, quando o tempo parece feito apenas para prolongar o vazio do nosso que-fazer.
Um olhar!
Um olhar não é mais que isso, tantas vezes.
As palavras!
E as palavras, quase sempre, não mais que o som delas.
Seremos surdos, todos, e cegos, porque passamos tão perto e não nos ouvimos nem vemos, cada um fazendo o seu caminho, prolongando-se apenas a si próprio.
Ainda assim falamos, juntamos sons sem atinar na sinfonia exacta que nos desentre, que marque no outro o eu que nos julgamos.
O eu? O tu? O nós?
Eu, de mim, estou cheio. Respiro e respiro-me sozinho em permanência, julgando que te respiro a ti… e em ti os eus todos de sonhar outros.
Quer dizer!
Na verdade, o mundo é só um. E como dizes (provas), sendo um, apenas, determinista e inexorável, não nos deixa senão a busca da multiplicidade.
Nascemos para ser deuses. Não há vedações que nos cerquem o desejo de o ser. Apenas há caminho, caminhos, veredas e auto-estradas.
Bifurcações que nos consomem o tempo e gastam os pés antes do encontro.
E tudo podia ser tão fácil!
Dizer quero-te, por exemplo. Dizer quero-te, olhar no fundo dos teus olhos e encher-me da emoção que a palavra por si própria deveria carregar, por vir de ti, sonora, ainda antes que a diga eu.
Ou nem dizer nada. Olhar apenas, mergulharem-se os olhos numa eloquência de expressão que nenhum som de palavra possa imitar.
Dirás tu (como dizes): -então, e a dor?
A morte não existe porque não tem tempo. Era e já foi.
A vida não existe porque é apenas o agora, milhões de agoras que se sorvem por instinto
E tens razão. De que valem à nossa morte de amanhã os beijos que poderíamos ter dado ontem, se os tivéssemos dado (não demos?)?
De que valem ao nosso agora os beijos que poderemos vir a dar, se os dermos amanhã?
Imaginemos agora o amanhã… e ele existe!
O ontem poderia apenas ter existido.
Tentemos!

Foto de HELDER-DUARTE

Alma minha

E falei-lhes assim:
Alma minha! Meu espirito, sem fim!
Meu corpo; meu ser!...
Se sobre vós, não ousou chover!

Como então! Perante meu fado,
E meu tanto enfado...
Sobre nós, então, buscar ides!
Águas, para destes cegos olhos, lágrimas sair verdes?!

Então me disseram:
Eis que sobre tu e nós!
Águas que são, serão e eram...

Aliviam esta tormenta...
Que continua veloz...
Porque são águas fortes, como sete vezes setenta!...

Helder Duarte

Foto de Joice Lagos

Para meu amor Edu

Meu amor...

Um dia me encontrei sentada à beira mar, meus olhos perdidos no horizonte, meu coração pulsava como as ondas do mar.

Naquele instante meu coração ansiava pelo amor, não o carnal, mas aquele que vai além de dois corpos unidos, aquele que nada absorve do ser amado, mas a ele acrescenta.

Mas apesar do desejo de ser amada, o medo me fazia companhia...
...Medo de jamais encontrar este sentimento, de nunca poder senti-lo.
Incrédula vagava pelo mundo, com o coração em chamas, sem poder viver o amor contido em meu coração.

Quando te vi pela primeira vez foi como se todos os meus anseios cegos, tivessem chegado ao fim, desejei como nunca estar ao seu lado e deixar crescer aquele sentimento que começava a tomar conta de mim.
Mas o medo mais uma vez me fez covarde, fugi como um gato acuado, não me dando conta de não havia lugar onde me escondesse.

Foram longos os conflitos no meu coração, dias se arrastaram até que dentro de mim se travasse uma batalha, em intervalos de trégua, você surgia na escuridão de meu ser, e trazia com a sua imagem momentos de grande alegria e desejo.

Até que um dia o medo foi abandonado a guerra, permitindo que amor tomasse conta de mim, meus olhos viam tua imagem e meu coração mandava-me a mensagem de nunca deixá-lo.

Era um presente do destino, não havia fuga, não havia escapatória, estava feito, foi então que permite sua presença em minha vida, e conheci a verdadeira felicidade.

Hoje se me sentasse à beira do mar, meus olhos perdidos no horizonte, só encontrariam o teu porto seguro, onde me abrigo pra fugir da maré.

Amo-te muito...

Foto de Observador.Pensador

Noites vazias

É com o meu coração batendo forte
que saiu a te procurar...

ludibriado com a alquimia moderna
de um whisky com energético...
...caio no abraços das noites solitárias

Olhos abertos
Fechados
Cegos...

Beijos sortidos numa única boca

Bocas sem nomes
lábios sem gosto
com gosto de antes
com sabor de depois...

Gosto sem gosto nenhum...

Queria eu... te procurar em outros lugares
Em outros rostos
Outras bocas

Mas meus olhos já serrados
não mais encontram o caminho....

Perdido... sem mais saber...
qual lábio beijar
em que olho te procurar...

Fico só

Pena...
Que um dia alguém quis...
Com os meus olhos olhar

Pena
que não viu direito

E dando-se por sabida
ficou perdida na ilusão
de um cenário montado

Cortesã para sempre
Do achar...
...pensar...
e imaginar...

Foto de Mitchell Pinheiro

Olhos afogados

Olhos surdos na janela
Não há mais som
Olhos mudos
Não há mais voz
Olhos cegos
Não há mais paisagem
Olhos vazios
Não há mais duas faces na moeda
Olhos abandonados
Não há mais nós
Olhos que só enxergam o passado
Olhos esperando um futuro melhor
Olhos molhados
Olhos afogados.

Foto de Adeilton Marcelos

Angel

A cada vôo, a cada batida de minhas asas...uma pena cai...estou ficando fraco...perdendo meu poder...estou voltando a ser mais um simples mortal...voltando a ser como outros do cotidiano! Vou recolher-me...ficar quietinho..fortalecer-me no encanto da minha magnitude e força vital! Vou aparecer com minha áurea coberta de luz e com minha asas na penumbra de um abismo...para que todos os meus inimigos e falsos anfitriões possam tentar enxergar-me no meio de tanta luz e ficarem cegos com o clarão que os ofuscará para todo o sempre! Estarei sempre a todo o momento te protegendo com minhas táticas e armas...estarei ao seu lado...de dentro e de fora...para que nenhum mal desça sobre a sua carne...estarei com minha foice amolada para que todos que tentarem de alguma forma te atingir sintam seu sangue escorrendo por entre meus dedos sem misericórida...

Te amo...

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