Árvores

Foto de Ivanifs

Devaneio nº 01

Quando estiver chorando, procure lenços brancos para enxugar bem suas lágrimas, até eu chegar na sua casa e quebrar todos os seus móveis e depois dar risada dos seus pés.Então..sou assim mesmo, até nas alamedas de árvores verdinhas e em calçadas rodeadas de casas burguesas. Auxilio pra os meus planos numa emboscada perdida em turvas estradas, com meus sapatos furados de tanto andar atrás de nada...quem sabe pratico um crime por mera satisfação e saboreie os frutos do pecado, mas...se algum dia eu for até o infinito, posso dizer o que encontrei por lá....

Quando escrevi esse texto eu tinha 17 anos

13/08/1983

Foto de Sérgio Carapeto

Tenho saudades

Tenho saudades,
Das nuvens brancas,
Que percorrem o horizonte,
Do céu inacabado.

Tenho saudades do mar azul,
Onde um dia naveguei,
Sem nunca ter navegado.

Tenho saudades.
Das ilhas de desejos,
Por onde habitei.
Dos Deuses de loucuras,
A quem um dia amei.
Das árvores de paz,
Que me deram abrigo.
Das noites de luxúria,
Onde se esconde o perigo.

Tenho saudades de onde habitei,
Apesar de nunca ter sonhado,
Houve um dia que sonhei.

Foto de Diario de uma bruxa

Sonho

Sonhei que podia voar... Voava sobre as árvores, sobre os campos, sobre o mar. Sentia-me como um pássaro sem compromisso pra voltar.
Seguia um rumo incerto, seguindo apenas o instinto do ar. Voei pra muito longe, em lugares que nem se pode imaginar. Estava tão feliz, mas infelizmente tive que acordar. POEMA AS BRUXAS

Foto de Izaura N. Soares

GRITANDO PARA O AMOR

Gritando Para o Amor
Izaura N. Soares

Meus versos são para cantar o amor...
Gritar em seu louvor...
Lentamente despir-me, receber o calor
Do dia que com o sol aquece o meu corpo
Nu que deitara na terra fértil do amor.
E esses primeiros versos iluminaram
Minha vida que com um leve assopro voou
Pela magia ladeando os pequenos trechos do
Meu caminho, onde eu avistei um lindo sorriso
Daquele que um dia eu amei.
Meu céu ganhou as cores do arco-íris
Que nenhuma nuvem escura se atreveu a cobrir
Aquele lindo céu cor de anil.
Um dia, busquei no tempo o infinito
Que há muito já o perseguia nas horas de solidão
Em que meu coração não mais sentia.
Com uma busca insensata deixei-me levar
Perambulando pelo espaço como uma alma penada.
Sem esperança de encontrar o que tanto procurava,
Desiludi-me nessa estrada, pois procurava algo
Que julgava não significar nada.
Perseguindo o desconhecido conheci o que não queria.
Fugi de mim mesma, mas minha alma cansada
Buscava a sorte nesta árdua caminhada.
De branco, só a alma, pois o meu sofrer
Estava em cada pedacinho do meu ser.
Os versos que compus na primavera, as flores se
Encarregaram de colorir, mas com o calor do sol,
Algumas pétalas secaram, e o meu amor começou a
Sentir a secura daquele tempo árido que nenhuma vida
Fazia sentido para um coração que precisava sorrir.
Restou apenas a saudade tocando a canção que fiz pra ti.
A dor me seguia... Por onde passasse pressentia
Que eu buscava a cura para aquele mal que me afligia
E não entendia que minha alma também sofria.
Ninguém poderá dizer que eu não procurei a cura,
A cura do amor que aliviasse um pouco a minha angústia.
Comecei a cantar a música do outono para você.
Falei das árvores, das folhas que caiam...
Falei do meu amor que o vento assoprou...
Deixando a distância e ficando essa triste dor!
Ninguém poderá dizer que não procurei a cura
Para a saudade, a cura para a solidão que sofre de paixão.
Ninguém poderá dizer; que eu não busquei o seu amor!

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Respeite os direitos autorais do autor.
Autor: Izaura N. Soares

Foto de Fernanda Queiroz

Pedaços de infância

Lembranças que trás ainda mais recordação, deixando um soluço em nossos corações.

Lembranças de minhas chupetas, eram tantas, todas coloridas.
Não me bastava uma para sugar, sempre carregava mais duas, três, nas mãos, talvez para que elas não sentissem saudades de mim, ou eu em minha infinita insegurança já persistia que era chegado o momento delas partirem.

Meu pai me aconselhou a planta-las junto aos pés de rosas no jardim, por onde nasceriam lindos pés de chupetas coloridas, que seria sempre ornamentação.
Mas, nem mesmo a visão de um lindo e colorido pé de chupetas, venceram a imposição de vê-las soterradas, coibidas da liberdade.

Pensei no lago, poderiam ser mais que ornamento, poderia servir aos peixinhos, nas cores em profusão, mesmo sem ser alimentação, primaria pela diversão.
Já com cinco anos, em um domingo depois da missa, com a coração tão apertadas quanto, estava todas elas embrulhadas no meu pequenino lenço que revestia meus cabelos do sol forte do verão, sentamos no barco, papai e eu e fomos até o centro do lago, onde deveria se concentrar a maior parte da família aquática, que muitas vezes em tuas brincadeiras familiar, ultrapassavam a margem, como se este fosse exatamente o palco da festa.

Ainda posso sentir minhas mãos tateando a matéria plástica, companheira e amiga de todos os dias, que para provar que existia, deixaram minha fileira de "dentinhos, arrebitadinhos".

Razão óbvia pela qual gominhas coloridas enfeitaram minha adolescência de uma forma muito diferente, onde fios de metal era a mordaça que impunha restrição e decorava o riso, como uma cerca eletrificada, sem a placa “Perigo”.

O sol forte impôs urgência, e por mais que eu pensasse que elas ficariam bem, não conseguia imaginar como eu ficaria sem elas.

A voz terna e suave de papai, que sempre me inspirava confiança e bondade, como um afago nas mãos, preencheu minha mente, onde a coragem habitou e minhas mãos pequeninas, tremulas, deixaram que elas escorregassem, a caminho de teu novo lar.

Eram tantas... de todas as cores, eu gostava de segura-las as mãos alem de poder sentir teu paladar, era como se sempre poderia ter mais e mais ás mãos, sem medos ou receios de um dia não encontra-las.

Papai quieto assistia meu marasmo em deposita-las na água de cor amarelada pelas chuvas do verão.

Despejadas na saia rodada de meu vestido, elas pareciam quietas demais, como se estivessem imaginando qual seria a próxima e a próxima e a próxima, e eu indecisa tentava ser justa, depositando primeiro as mais gasta, que já havia passado mais tempo comigo, mesmo que isto não me trouxesse conforto algum, eram as minhas chupetas, minhas fiéis escudeiras dos tantos momentos que partilhamos, das tantas noites de tempestade, onde o vento açoitava fortes as árvores, os trovões ecoavam ensurdecedores, quando a casa toda dormia, e eu as tinha como companhia.

Pude sentir papai colocar teu grande chapéu de couro sobre minha cabeça para me protegendo sol forte, ficava olhando o remo, como se cada detalhe fosse de suprema importância, mas nós dois sabíamos que ele esperava pacientemente que se cumprisse à decisão gigante, que tua Pekena, (como ele me chamava carinhosamente) e grande garota.

Mesmo que fosse difícil e demorado, ele sabia que eu cumpriria com minha palavra, em deixar definitivamente as chupetas que me acompanharam por cinco felizes anos.
Por onde eu as deixava elas continuavam flutuantes, na sequência da trajetória leve do barco, se distanciavam um pouco, mas não o suficiente para eu perdê-las de vista.
Só me restava entre os dedinhos suados, a amarelinha de florzinha lilás, não era a mais recente, mas sem duvida alguma minha preferida, aquela que eu sempre achava primeiro quando todas outras pareciam estar brincando de pique - esconde.

Deixei que minha mão a acompanhasse, senti a água fresca e turva que em contraste ao sol forte parecia um bálsamo em repouso, senti que ela se desprendia de meus dedos e como as outras, ganhava dimensão no espaço que nos separava.
O remo acentuava a uniformes e fortes gestos de encontro às águas, e como pontinhos coloridos elas foram se perdendo na visão, sem que eu pudesse ter certeza que ela faria do fundo do lago, junto a milhões de peixinhos coloridos tua nova residência.

Sabia que papai me observava atentamente, casa gesto, cada movimento, eu não iria chorar, eu sempre queria ser forte como o papai, como aqueles braços que agora me levantava e depositava em teu colo, trazendo minhas mãozinhas para se juntar ás tuas em volta do remo, onde teu rosto bem barbeado e bonito acariciava meus cabelos que impregnados de gotículas de suor grudava na face, debaixo daquele chapéu enorme.

Foi assim que chegamos na trilha que nos daria acesso mais fácil para retornar para casa, sem ter que percorrer mais meio milha até o embarcadouro da fazenda.
Muito tempo se passou, eu voltei muitas e muitas vezes pela beira do rio, ou simplesmente me assustava e voltava completamente ao deparar com algo colorido boiando nas águas daquela nascente tão amada, por onde passei minha infância.

Nunca chorei, foi um momento de uma difícil decisão, e por mais que eu tentasse mudar, era o único caminho a seguir, aprendi isto com meu pai, metas identificadas, metas tomadas, mesmo que pudesse doer, sempre seria melhor ser coerente e persistente, adiar só nos levaria a prolongar decisões que poderia com o passar do tempo, nos machucar ainda mais.

Também nunca tocamos no assunto, daquela manhã de sol forte, onde a amizade e coragem prevaleceram, nasceu uma frase... uma frase que me acompanhou por toda minha adolescência, que era uma forma delicada de papai perguntar se eu estava triste, uma frase que mais forte que os trovões em noites de tempestade, desliza suava pelos meus ouvidos em um som forte de uma voz que carinhosamente dava conotação a uma indagação... sempre que eu chegava de cabeça baixa, sandálias pelas mãos e calça arregaçada á altura do joelho... Procurando pelas chupetas, Pekena?

Fernanda Queiroz
Direitos Autorais Resernados

Foto de Graciele Gessner

Lembrando da Infância. (Graciele_Gessner)







A infância é algo a ser lembrado para sempre. Época gostosa, época que não precisava se preocupar com nada. Não tinha contas para pagar, não precisava acordar cedo, não precisava ir trabalhar.

O mundinho da infância era fantástico! Criavam-se histórias com as bonecas, o simples carinho ganhava sonorização vocal, inventava-se dinheiro com as folhas das árvores. Lembrar da infância é recordar das brincadeiras saudáveis: pega-pega, esconde-esconde, ir à procura da mina de ouro, andar de bicicleta... Quantas brincadeiras!

Não tínhamos a tecnologia e nem estes brinquedos eletrônicos. Tudo girava em torno da criação, do artesanato, da imaginação. Penso que esta infância criou gente criativa capaz de nos apresentar muitas ideias.

Lembrar da infância não poderia deixar de mencionar os finais de semanas em que os primos se juntavam na casa da avó e faziam aquela algazarra. À noite, na varanda tinha o baile imaginário, tinha o telefone sem fio, ou aquela brincadeira de passar o anel e adivinhar com quem estivesse.

Às vezes, me pego perguntando onde ficou tudo isso? É difícil de acreditar que muitas crianças nem saibam o que é realmente uma infância, por vezes estão trabalhando, sendo exploradas e perdendo o seu direito de ser criança.


12.02.2010

Escrito por Graciele Gessner.


*Se copiar, favor mencionar a devida autoria. Obrigada!

Foto de Carmen Lúcia

Outono e saudade

O outono já me fez feliz...
Quando no tapete de folhas douradas
eu corria atrás do tempo
que quase se deixava pegar
pra me fazer acreditar
que apenas queria brincar...
quebrando a seriedade que lhe cabia,
senhor da razão, feitor de marcas e feridas,
e mostrar quão dourada era a vida,

O meu rosto confiante resplandecia
e todo meu corpo estremecia,
hipnotizado pelo reflexo do ouro
trazido pelos raios de sol
numa fusão com a cor da estação,
dando a impressão de que cada arrebol
era prenúncio de chegadas, sem despedidas.

Hoje o outono é saudade...
Não vejo o tapete de folhas,
só a cor destoada,
e encaro a verdade...
o vazio de árvores peladas,
lágrimas vertidas e amareladas.
Vêem o vento roubando-lhes as folhas
que tristonhas se enroscam no tempo
pedindo que as deixem ficar...
e assim eu me sinto...
perdida a vagar...

Carmen Lúcia

Foto de Fernando Vieira

O Passarinho e o poeta

Da minha mesa de trabalho
Enxergo através da vidraça
Um passarinho tão bonito
Um Bem-te-vi cheio de graça

Parece ser tão solitário
Pois aparece sempre só
Acho ele tão engraçado
E ao mesmo tempo sinto dó

O Bem-te-vi da sempre as caras
Procurando sua alimentação
Voa, caminha... Caminha e voa
Sobre o sol quente do verão

E olha que o sol na minha cidade
É um sol daqueles de rachar
Enquanto o pobre passarinho
Vai tentando se alimentar

Ele é tão bonitinho
Com seu peitoral amarelo
Um ser tão pequenininho
Bicando atrás de algum farelo

Em meio ao concreto da cidade
Vejo a natureza florescer
Na avenida belas árvores
Que até dá gosto de se vê

E o passarinho com certeza
Fez seu ninho em uma delas
É tão bonita a natureza
Não existe então coisa mais bela

Eu sei que eu vi o passarinho
E o Bem-te-vi também me viu
Ele voou para o seu ninho
Tão solitário ele partiu

E agora sempre que eu o ver
Vou me lembrar desse poema
Não importa o que acontecer
Vou escrever, pois vale a pena

Falando de um fato isolado
Ou situações cotidianas
Falando desse passarinho
Que pousa sempre na varanda

Foto de Ana Botelho

NATAL PERMANENTE

Que não só nesta noite única,
Mas também, durante o ano inteiro
Todos tenhamos a suave presença
Do Anjo lindo e cristalino do Natal
Assim, o nosso deserto mais árido
Reverdecerá, a cada manhãzinha,
E o afago tranquilo do amor,
Cantará a sua eterna canção matinal
Aí, pediremos ao Anjo, toda vez
Que passar pela Terra, que nos abrace
E nos balsamize com a sua essência salutar
Alegrando os corações por igual
E que a solidão quando chegar,
Não seja importante, nem dure,
Porque Ele em nós sempre estará
Construindo um gesto universal,
Pautado na grande delicadeza,
Do vento, aliviador das agonias,
Que cochicha por entre as árvores
Toda a sua musicalidade habitual.
Seja em quaisquer momentos,
Desde o seco farfalhar das folhas,
Até o pesado murmurar das ondas,
Vencedoras dos recifes em coral,
A fim de que os pesos não arrebentem
Os nossos frágeis e doridos ombros,
Receberemos tão somente os ingredientes
Para temperar, na medida do nosso sal,
Durante os atos rotineiros que praticarmos
Porque eles serão o nosso eterno cartão
Para nos apresentar em qualquer situação
Terão o registro das nossas marcas individuais,
Pois arrastamos o que somos, e seremos,
O acúmulo de tudo o que pensarmos,
Fizermos e desejarmos ao outro, regatos
Perenes, em seus grandiosos mananciais
Que renascem e crescem a cada estímulo,
Onde todo o universo se completa
Entre vidas e sobrevidas intermináveis
Dos nossos preciosos projetos imortais.

Foto de Sergio Bispo de Oliveira

Como eu te vejo....

Como eu te vejo...

Eu quero dizer
em poucas palavras
como eu te vejo....

Olho dentro de mim
e vejo flores num campo lindo
onde a calma e a paz estão cada dia mais
fortalecidos...

Vejo nesse meu interior
que o sol brilha e a sombra que
as belas árvores me oferecem
me faz descansar de forma tranqüila

Breve vem a noite...
E vejo que dentro mim
algumas estrelas que brilham
como se fosse o seu olhar

Essa luz que ilumina meu caminho
que me faz decidir
que me faz ajudar, me doar, sorrir e chorar
são oriundas dessas estrelas que brilham

E quando vem o sono
Já bem a noite, quase à meia noite
Deito em uma cama...sozinho....
Apago a luz e vejo as estrelas sorrirem para mim...

Ao passar das horas as estrelas desaparecem...
Começo a sonhar algo que quase sempre não me lembro
Mas a sensação que me passa que alguém me abraça
O tempo passa....e breve é o amanhecer...

Olho para dentro de mim...
E me sinto confortado...
pois mesmo que você não está lá...
Você me fez sonhar....

Me fez sorrir,
Me deu carinho....e emprestou-me a sua imagem
Para que eu pudesse guardar dentro de mim
Aqui...do lado esquerdo do meu peito...

É assim...que eu te vejo.

Autor: Sergio Bispo de Oliveira
Mestre de cerimônias, Contador especialista e professor
sbispol@hotmail.com

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