Artista

Foto de Carmen Vervloet

Entre Hortênsias e Lágrimas

Vida, esta caixinha de surpresas,
num dia oferece flores,
no outro oferece tristezas,
e traz junto uma carga de dores.
Nela se há de ser artista,
muitas vezes exímio alpinista,
desatar laços, remover pedras,
escalar montanhas,
retroceder às antigas êxedras,
engendrar inúmeras façanhas.
Mas há também de se cultivar hortênsias,
desfiar as tramas com paciência,
estar sempre aberto a recomeçar
tecendo com aptidão o amor
única fonte de luz, vibração e cor,
sentimento verdadeiramente aguçador.

Foto de João Victor Tavares Sampaio

Senso Comum - Parte 5

- Oi. Você continua infeliz?
- Não, eu estou bem.
- Eu jurava que você era infeliz. Você me parece tão estranho.
- Mas eu estou feliz, sério. Eu estou aproveitando o que a vida me deu de bom.
- Como assim, feliz? A sua vida é uma porcaria. Você não tem dinheiro. Sua mulher é feia, pode te trair e você está sem emprego. Você não é respeitado nem pela sua mãe. O que você diz, mesmo sendo do fundo do coração, não é escutado. Você é um artista e um homem horrível. Tudo que você faz dá errado. Você tem azar e não pode negar. Você não desfruta o que sobra para todos os outros. Você é um lixo. Você é o motivo de vergonha do seu pai. Eu realmente acho muito estranho que você esteja feliz.
- Eu estou feliz pois apesar de todos os meus problemas eu continuo sendo humilde e sincero, e por não tentar humilhar os outros para me sentir melhor como você.

E desse modo eu descobri que a vida da minha amiga que era uma droga.

Foto de Carmen Lúcia

Mãe é eterna

Da parede de meu quarto
cuida-me o teu retrato,
pintura à óleo, indescritível,
imagem que me fala,
imperceptível,
o que preciso ouvir,
sussurrando aos meus ouvidos
o canto de uma fada,
voz em mim gravada ao te ver partir...

Teu olhar a me seguir de onde tu estás,
aflito com o que faço,
com o que eu possa errar...
Acaricio o teu rosto, beijo tua face,
peço que me abençoes e venhas me brilhar...
És luz que me alivia, me induz a acertar.

Guardo teu sorriso meigo
e sem qualquer disfarce
deixo cair as lágrimas da dor que me quebranta
em meio às lembranças que permeiam os cantos
da casa onde agora o silêncio mora
velando teus encantos em forma de saudade
que ao mesmo tempo arde
e me revigora...

Mãe é para sempre, é amor eterno,
ser que não se acaba mesmo quando ausente,
mesmo quando cedo vai sem ir de nossa história
marcando com seus gestos, a nossa memória.
Presença radiosa a preencher vazios,
caminho que nos leva e traz de volta ao ninho.

Em cima da mesa a toalha bordada
por tuas mãos de artista, como era antes,
espalhando euforia dos dias de festa,
doravante, desses dias, é o que me resta.
Tua vigília sacrossanta nas noites de medo,
tua luz sempre acesa nas horas de escuro,
os carinhos que não esqueço, verdadeiro abrigo,
colo que abraço e beijo ao sonhar contigo.

_Carmen Lúcia_

Foto de Carmen Lúcia

Sobre nós

Nem um toque...
E por que toques
se te contacto no infinito de meu ser
e te vejo renascer
em cada gesto de carinho
trazido pela brisa do mar
a contornar tua boca
que me beija
e teu corpo que me abraça
e me deseja...

Nem uma palavra...
Só o silêncio.
E por que palavras
a quebrarem o fascínio do momento,
insano deslumbramento
de uma força tamanha
que nos atrai,
que nos alicia
e nos acaricia...
Palavras, falam nosso olhar.

Sobre nós não há o que dizer.
Não se pode descrever,
apenas sentir
e calar...
Não há como avaliar
o irreal, o surreal.
É algo imensurável
a se perder de vista...
É verdade,
é saudade,
é do sonho
a realidade
do artista.

_Carmen Lúcia_

Foto de Marilene Anacleto

Mulher de Hoje

A mulher ativa seu lado masculino
Enfrenta profissões de risco
Sem se descuidar dos filhos.

Administra obras e reformas,
Encanador, uma água, dinheiro,
Um cafezinho para animar pedreiro.

O material que não chega
Não lhe causa aborrecimento,
Nem o dinheiro escasso para o cimento.

Conversa, ensina, escuta,
Dos dias e meses, as tragédias,
E o perfume das floradas da terra.

Dias, semanas, meses, ano,
Suporta, mas em alguma hora,
O lado feminino chora.

A dureza da conquista,
A alegria da conquista,
Meio terapeuta, meio artista.

Depois vem a casa, a roupa,
O quintal, a comida na mesa,
Do amado, o abraço quando chega.

Aprende, sobretudo, a confiar,
Usar o coração sem egoísmo,
Aumentar seu magnetismo.

Inteira, doa-se à família e à sociedade,
Inteligente, feita de doçura e respeito,
Sem concorrer com homem ou mulher,
Seja por atenção, seja por dinheiro.

Foto de Kamael

Saudade

Saudades...

De uma noite de verão,
quando as flores abrem suas pétalas, unindo-se à brisa
Para num aplauso perfumado, receber a lua cheia
Que brinca no céu, ofuscando o brilho das estrelas.

De um lago perdido em algum canto da memória,
Do cheiro de terra molhada e capim amassado,
Arrepiando o corpo na volúpia da natureza.
Da explosão sensual de cores no horizonte,
Ao despertar do astro rei, repleto de luz e calor...

Das ondas quebrando no silencio da madrugada,
Esculpindo na rocha figuras fantásticas,
Talhadas pelo cinzel de misterioso e invisível artista.

Saudade...
De mistérios desvendados, criando enigmas ainda maiores.
Da poesia que se esconde em cada verso não composto,
porem, vivido e compartilhado.

Saudade que é a prece e também o milagre...
A água pura da fonte mais profunda,
Que tem no sabor o mistério da terra.

Saudade do escuro da mata, que hipnotiza e acalma...
Do silencio e do suspiro que escapa da noite,
Da procura e da resposta...
Saudade de você.

Carlili (Kamael)

Foto de Allan Sobral

Amor Literário

Como um poema camoniano,
atos heroicos, de alma classicista,
um amor "a la Platão", sobre-humano,
Amor sonetiado, em sonho acordeonista.

Como um sermão jesuíta,
mistérios e antíteses; homem paradoxal.
Amando por amor, ainda que altruísta,
Barroqueando um amor, agora divinal.

Como um nacionalista romântico,
Amor a filha da terra, a índia mais formosa,
Do pêssego tens a pele, das laranjeiras roubastes ao perfume da flor,
Olhos grandes, bela a jabuticabeira, de mim só roubastes o amor.

Mas com minha suprema dramaticidade,
ultra-romanticamente escrevi esse tal conto.
com um saudosismo, um amor fora de realidade,
cogitou-se a tristeza, que se fez como pesponto.

Amor Naturalista, realista,
uma bela Capitu, um amor de Bentinho.
Um amor, agora visível, carnal porem artista,
Um amor já com lágrimas, um amor com Carinho.

Mas por fim, fui modernista,
Quebrei as rimas, e o censo teocrático,
Amei-te "a la Mahatma", do poeta fiz cronista,
Dane-se o senso burocrático,
Amar por amar, sem muitas explicações,
Amar por sentir, sem precisar falar,
Cale-se as poesias, e gritem os abraços,
Ame na relatividade, por ser o que faço,
Sagrado é o que digo, e reto é o meu traço,
Amar sem ser amado, sem ter por meu amor o privilegiado,
Amo-te sem linha cronológica e sem coerência, amo-te sendo amado.

Amo por amar, vivo por viver.
Cada dia uma vitória, cada vitória um troféu,
Cada troféu seu sorriso, cada sorriso mais amor,
Amo-te sem medo de dor, amo por amor.

Allan Sobral

Foto de João Victor Tavares Sampaio

Graciele

Quando comecei com minha participação no site Poemas de Amor, graças ao meu amigo Caio Eduardo de Lima, a quem sou muito grato, não imaginava que o blogue faria parte da minha vida de maneira tão forte quanto hoje. No começo, eu colocava os textos mais para ter um lugar onde salvá-los sem os perder. Nunca tentei escrever com algum tipo de compromisso embora também nunca escondesse as opiniões que eu possuía. Assim meus textos alcançaram alguma repercussão.

Com essa repercussão, vieram as críticas. E elas eram especialmente feitas por Marcelo Rosembrock. Uma figura ainda mais polêmica, autor de poemas pornográficos. Eu estava em um momento em que mostrava mais a minha veia politizada nos meus escritos. O colega não gostou. Mandou-me um comentário depreciando meu texto. Fiquei realmente triste, mas o respondi sem rancor. Deu certo. Ele acabou advertido pela nossa administradora Fernanda Queiroz e com o tempo deixou de escrever no site. Naquela época que me incentivou a não desistir foi Graciele Gessner.

Graciele, a moça de Timbó. Escritora de primeira grandeza. Seu estilo é de uma qualidade invejável, sem contar no rigor com o qual aplica as regras da nossa língua. Ela, mesmo distante mais de setecentos quilômetros da capital paulista, esteve presente na minha vida como pouca gente antes. Graciele usa a internet para disseminar cultura, informação, solidariedade. Logo é impossível não admirá-la. Ela não só me ajudou como contribuiu para que o Allan Sobral e a minha mãe Alexandra Lopumo viessem a exibir suas excelentes criações ao criarem seus próprios blogues. Conheci o texto de outras pessoas fantásticas, como a Marilene Anacleto e a Josi Rebouças. Mas a Graciele sempre foi quem me arrebatou e quem sempre me serviu de exemplo para melhorar meus escritos. Não sei se o resultado foi o melhor, já que eu não me policio e muita vezes exagero entrando por caminhos onde não devo. De qualquer forma acho que vale a tentativa. Tenho certeza que a minha referência é inigualável.

Recentemente, Graciele foi mãe. Diminuiu a freqüência de suas postagens, o que é evidente, mas os poucos textos que ela publicava revelavam que ela passava por dificuldades. Quanto a elas, digo que a mãe de um príncipe só pode ser uma rainha. Graciele, em seus comentários, me chama de ‘Nobre Cronista’, um título que aceito sem nenhum jeito, já que seria muito mais bem aplicado a ela. Eu queria escrever igual à Graciele. Falo isso para a minha mãe, para a minha namorada Tereza, para o “rebelde” João Hesed que não toma coragem e coloca seus textos no site, enfim, para o mundo

todo. Não tenho a menor vergonha de admitir. Graciele é a pessoa com mais talento que conheci na minha vida.

Nunca estive pessoalmente com ela, e acho que nunca vou estar. Mas por quantas vezes eu puder vou homenageá-la. Graciele é a prova viva de que existem pessoas de valor nesse pequeno e conturbado planeta. Tornam-se desnecessárias as citações, diante de seu brilho como artista. Obrigado por tudo, Graciele, você merece toda a felicidade que houver.

Eis o meu singelo agradecimento.

Foto de João Victor Tavares Sampaio

Minha Elis – Parte 3

Elis Regina Carvalho Costa. Cantora brasileira. Mesmo morta é mais importante que um bocado de vivos que eu conheço sem os querer ofender. Elis deixou a herança de seu talento até no sangue de seus filhos. Todos os três trabalham com música. Pedro Mariano é cantor. Maria Rita também. O primogênito João Marcello, que fora pai recentemente, é um produtor e crítico de mão cheia. Quando as revistas e os jornais se referem ao seu pequeno nascido como o ‘filho da Eliana’, fico um tanto desconfortável. Quero dizer, sem meias palavras, eu fico é puto mesmo! A criança é filha de Eliana, sim, que é uma apresentadora competente e que tem todo o direito de aproveitar sua maternidade. Agora, que seria muito importante recordar-nos de seu parentesco com a saudosa gaúcha, isso sim, seria bom. Mais do que ser ‘filho da Eliana’, essa criança deve ser apontada também como o ‘neto da Elis Regina’, uma das maiores cantoras que já tivemos, senão a maior. Fica aqui o meu singelo protesto. Mas não desejo me ater a essa discussão mais apaixonada do que pertinente.

O álbum mais famoso de Elis Regina é o Falso Brilhante, de 1976. O disco contava com músicas presentes no show homônimo, um espetáculo que juntava teatro, dança e canto numa apresentação memorável. O show locado no Teatro Brigadeiro teve 180 mil espectadores, o que o coloca como maior êxito da carreira da cantora e prova incontestável de sua popularidade e relevância no cenário da nossa arte. Quanto ao espetáculo, nunca o assisti seu vídeo completo. Mas o disco, não apenas pelas suas canções de maior sucesso, a citar, ‘Como Nossos Pais’ e ‘Fascinação’, marcou época. No auge do regime militar, que começava a ensaiar uma tímida abertura, o Falso Brilhante significou exatamente essa possibilidade, já que, ainda que veladamente, a crítica e a denúncia se faziam presentes na concepção da obra. O país vivia um declínio econômico considerável, a ditadura apesar de consolidada se encontrava desgastada e a incerteza, somada com o acobertamento sobre os desmandos realizados pelo então poder instituído tornavam a realidade brasileira numa situação difícil e pouco encorajadora. Valendo-se da brecha política, Elis remou contra a maré. Ainda que o Falso Brilhante seja um disco imerso na melancolia, sua mensagem final passa um fio de esperança durante a tempestade de seu tempo, um brando sopro de vida na austeridade de um país fechado, um suspiro diante das lágrimas causadas não somente pela violência como também pela miséria que tais circunstâncias trouxeram ao Brasil. Elis provou seu talento. E sua iniciativa ficou para o futuro, como marco da retomada da arte nacional como objeto de expressão dos anseios populares e de opinião.

Todavia, meu disco predileto da cantora não é o Falso Brilhante. Saudade do Brasil, um disco de 1980, pode ser considerada a obra definitiva de sua carreira. Não exclusivamente por ser seu último LP, Saudade do Brasil, que foi lançado em dois volumes, apresenta todo o desenvolvimento de Elis como artista. Numa estrutura seqüencial que de tão coesa chega a até se aproximar de algo conceitual, no sentido de se montar uma narrativa ao invés de se amontoar canção após canção, como que relatando o contexto histórico e social no qual se incidiam os brasileiros àquelas décadas, dando preferência a uma abordagem jornalística em detrimento do universalismo pessoal e intransferível nas artes gerais que encontramos desde então do final do golpe militar. Sem contar a gravação contou com uma quantidade de recursos muito maior para sua execução, o que elevou em muito sua qualidade, dando a cantora e seu repertório uma roupagem atual, destoante da imagem elitista e retrógrada atribuída para Elis antes desse trabalho. Elis, firme e ousada como nunca antes, decidira conduzir sua turnê de maneira até então inédita no país. Seu espetáculo seria montado em circos, para facilitar a mobilidade do show e reduzir seu preço. Ou seja, Elis queria levar sua arte aos mais pobres. Diante da negativa dos governos em obter uma autorização para o seu projeto, com toda a certeza surgira uma grande tristeza e amargura no âmago da cantora. Isso facilitou o processo que a levou à morte, pelo vício em remédios e drogas. Isso facilitou para enfraquecer a cultura nacional, tão restrita aos mais ricos, que temerosos de perder sua posição sempre pressionaram o desestímulo com a educação, a distribuição de renda e a justiça social, que em longo prazo causam mais do que prejuízos, causam o sofrimento de uma vida inteira de humilhações para nossos entes queridos, mal que conhecemos tão bem.

Minha mãe tinha doze anos quando Elis morreu. E certa vez, num desses especiais de televisão, passava a cantora, justamente num cenário que reproduzia um circo, justamente interpretando o repertório desse disco. Ela chorava, não somente pelo ídolo que Elis representa, mas pela realidade em que ela viveu e pelo plano de fundo em que calcava seu pensamento, nada mais que o desejo de paz e felicidade sempre cerceado aos mais simples. Foi ali que eu entendi o que era ser gente e ser artista de verdade. Foi ali que eu entendi que deveria não me abalar diante das dificuldades da vida, por maiores que elas sejam. E se Elis não viveu para ver suas expectativas suprimidas, esse é tributo que devemos ter com ela, que é o tributo de não nos conformarmos com a consternação, de tornarmos o Brasil um lugar onde a dignidade se faz presente, e onde o amor vale mais do que tudo.

Foto de vadowisa

Amar é uma arte

Me disseram que amar é uma arte.Desejei então incorporar todos os oficios da arte para mostrar o quanto te amo.
Queria ter arte da musica e cantar sobre nossa historia sobre o meu amor, numa noite estrelada tendo voce e a lua como ouvintes dessa canção.
Queria ter a arte das letras me transformar num poeta e decompor o meu amor, reconstruindo-o na forma de um poema simples em suas palavras,mas cheio de emoção e de carinho, e que essa humilde poesia revela-se como é rico o meu sentimento.
Queria ter a arte da arquitetura para criar um monumento mais belo que qualquer estrutura feita pelo homem para homenagiar sua pessoa
 Tal monumento seria como um templo onde eu exerceria a devoção do meu amor a voce.
Queria ter arte da pintura para pintar um quadro que mostrasse o meu amor.
Seria com certeza um quadro abstrato,daquele que todo mundo olha e não entende critica fala mal
 Por que são poucos que entendem de arte 
E para aqueles que apreciam, nosso quadro emocionaria pois nele esta retratada a pureza do meu amor
 Queria ter a arte da dança para dançar num ritual de sedução e com movimentos sensuais envolver seu coração 
Mas infelizmente eu não nasci artista sou um trabalhador braçal de poucos recursos
 Mas fui abençoado por poder amar a maior das obras de arte feita em peça unica, rica em detalhes formosa em beleza.
Feita pelo artista divino e enviada aqui para terra esta obra de arte tem o nome de Wisa Carla
 E como me disseram amar é uma arte,uma arte feita por Deus que é arte da vida,vida que habita dentro de voce meu amor 
Vida que eu aprendi a admirar a respeitar a amar 
Peço a Deus que continue a criar suas obras de arte e que proteja uma em especial pois dentre todas as suas obras é a que eu mais gosto 
Ela esta guardada dentro do meu coraçao e com a sua escrita meu Deus
''Wisa Carla obra da arte divina''


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