Ar

Foto de Arnault L. D.

Memória do tempo

Cada estrela, em memória, me acena
de um céu, que não é mais presente...
O tempo à este imenso infinito
perdeu... Para cada luz pequena.
Que vem dizer: Estou a sua frente,
existo, aos teus olhos habito...

Está aqui, nítida no agora.
Mesmo que a ciência diga finda,
ela no céu, ornando a visão,
aqui nós dois, na mesma hora.
Ela tão linda, ela é ainda,
a minha estrela e não ilusão.

A mesma nesta noite viceja
presa aos olhos, prova-se na imagem.
E a madrugada se torna insana,
se tento negar que o visto não esteja,
ou se pregar como uma miragem...
Se penso existo; então tudo se engana...

Estrelas são as memórias do céu,
que o tempo não alcança, a apagar.
Então, a lembrança vence o tempo.
Meu céu tem mil estrelas em papel,
outras, larguei ao ar, põe-se a brilhar,
luzindo vivas, a despeito ao tempo.

Foto de Carmen Lúcia

Saudade

Não mais a inocência estampada,
tatuada no rosto, no gosto, nos traços,
nos passos da ingenuidade, tenra idade,
quando a verdade feito um baluarte
sustentava a vida chamada Felicidade.

Não mais a magia do encanto,
do surpreendente rondando os cantos,
do inesperado sendo realizado,
da alegria num sorriso franco...

Não se escrevia...Via-se poesia!
Pintada num cenário surreal,
interpretada pela euforia de cada coração
onde a emoção brincava além das fronteiras
ultrapassando o ápice da abstração.

Não, agora não mais assim...
Nada acabou, tudo se transformou.
A ingenuidade vira maturidade,
a inocência chega ao fim.
Felicidade se reduz a momentos
poucos, parcos, finitos enfim...

A vida mostra uma outra face,
cara lavada, sem disfarces...
O mundo fica pesado, profundo,
o sorriso não sai espontâneo,
o encanto gera desencanto...

Ainda resta a poesia;
nada ou ninguém irá roubar.
Ela traz a primavera todo dia,
na janela...Bailando no ar!
Vibra a emoção adormecida
permeando sonhos que persistem
refletidos nas flores, nas cores,
nos amores que ainda existem,
vivos em lembranças que hoje
se chamam Saudade.

_Carmen Lúcia_

Foto de poetisando

Sol II

Que lindo estas hoje
Vens com um ar radioso
Mas já te conheço bem
Tu és muito manhoso
Vens com esse ar feliz
Para depois te esconderes
Atrás da nuvem cinzenta
Para eu não te poder ver
Já conheço as tuas manhas
Ficas com ar sorridente
Para ver se me enganas
Que lindo está hoje dia
Que dia mais maravilhoso
Assim chamam-te esse nome
Só pode ser mesmo por gozo
E tu dia logo nisso acreditas
Não vês que te dizem por gozo
E tu mesmo estando a chover
Acreditas que és maravilhoso
E nos dias que estás encoberto
Ou quando está a trovejar
Achas que és maravilhoso
Dizem-no porque de ti estão a precisar
De: António C.
Este poema é um trocadilho é só ler entre linhas e entendem porque falo em sol em vez de pessoas

Foto de Rosamares da Maia

DECÁLOGO DE UM AMOR NO DESERTO

DECÁLOGO DE UM AMOR NO DESERTO
Um amor que sobreviveu as diferenças e contradições.

I

Vivemos como o vento errante do deserto
Construindo, revolvendo e desfazendo as dunas.
O ar é quente, sufocante, irrequieto e apaixonante.
Desperta a minha emoção, tomando os meus sentidos.
Tocando-me por inteiro, arrebatou-me a alma,
Virou-me do avesso e colocou-me em sua palma.
Mas, era vento e partiu. Invadiu-me a solidão.
Eu, deserta e plena de ti, embora antítese do teu ser,
Das incertezas do desejo e medo de amar.
Pacifiquei meu ser, pois meu amor amava ao vento.

II

Um perfume vem do deserto, está por todo o ar,
Nas dunas escaldantes por onde andas e transpiras,
Está o teu cheiro - o cheiro do meu homem.
No sussurrar do vento posso ouvir a tua voz.
Lembro o encontro da minha boca com a tua, de sonhar,
E a vida real? Somente promessas em território hostil.
Negando evidências, vivemos o que desejamos sentir.
Ignorando a verdade, tornamos surreal nossa vida.
Lembro a dor e da saudade, de sussurrar em oração.
Preces, solidão e areia quente - preces da tua boca ausente.

III

O vento trás de volta meu ar – o meu Califa.
O vento que em sua companhia fora guerrear,
Agora trás meu homem, mais moreno e magoado...
Vem curar suas feridas, recuperar o brilho do olhar.
Sonho e creio que finalmente voltou, agora é meu.
Amamos na areia quente, também em sua tenda,
Entre as almofadas, luxuria em panos de seda.
Inebriados pelo ópio, essências de mirra e benjoim,
Entre pétalas de rosas, tesouros em jóias pilhadas.
Serei eu somente mais uma entre suas as prendas?

IV

Soçobrou outra vez o vento do deserto – ele se foi.
No meio da noite, d’entre almofadas e sedas, roubou-me.
Dos meus braços partiu – Não podia! Era meu, só meu.
Amaldiçoei suas batalhas sem compreender as razões.
Neguei meu desejo, maldizendo a vida. Fiquei deserta.
Minh’alma não é mais minha, também parte, se esvai,
Galopa no dorso do seu árabe a minha vida - ao vento.
Deixo-a para morrer com ele, se tombar em batalha.
Não mais me pertence. Submeto à sua barbárie milenar
Meu frágil e multifacetado mundo ocidental, desmoronado.

V

Tudo que vivemos foge ao meu entendimento.
Seus cuidados, suas ordens, mesmo os seus carinhos,
De certo me quer cativa dentre os seus tesouros.
Como se cativa espontânea não fosse. Amo-o sem pudor.
Novamente ouço o vento que traz o odor das batalhas.
No espelho, vejo seus olhos negros, a mão brandindo a espada,
O semblante altivo de comando o torna cruel.
Seu mundo não é o meu, tudo nos confronta e agride.
Sinto frio e dor. Meu corpo tem o sangue das suas mãos.
Agasalhada em sua tenda, sufoco entre lagrimas e incensos.

VI

Pela manhã fujo, vago errante entre as dunas,
Quero sucumbir nas areias da tempestade anunciada
O sol é escaldante. Quem sabe uma serpente? – Deliro.
E delirando sinto o vento. É sua voz – quente.
Sinto a sua boca que me beija e chama – agonizo,
Na febre ultrapassei o portal de Alah - quero morrer.
Vejo-te em vestes ocidentais – como uma luva.
Olhando por uma janela, de horizonte perdido.
Não há delírio, não é morte – Desperto no Ocidente.
Reconheço-me neste ambiente – a mão para a luva.

VII

Aqui o vento é frio, sem motivos é inconseqüente.
À areia banha-se por mar fértil, de sol brando e casual.
Não brota a tâmara nos oásis, para colher a altura da mão.
Será fácil esquecer a claridade das dunas quentes?
Mirra e benjoim exalando, almofadas e panos de seda?
Não fazemos amor nas tendas, no sussurro do vento quente.
No Ocidente fazemos sexo em camas formais, monogâmicas.
Homens possuem concubinas ilícitas e, não é bom amar a todas.
Sempre há cheiro de sangue no ar, sem batalhas declaradas.
Não nos orientamos pelo sol ou estrelas – estamos perdidos.

VIII

Eis meu mundo que corre de encontro ao teu,
Desdenha das diferenças, da antítese de nossas culturas.
De Oriente e Ocidente, da brisa do mar e do vento do deserto
Teu amor violentou as tradições para devolver-me a vida.
Aqui também estas ao sol, mas tua pele morena é contradição.
Há perfumes sofisticados, frutas, panos e almofadas de seda.
Não há o trotar do teu árabe, vigoroso, mas a ti cativo,
A mirra e o beijoim não cheiram como em tua tenda.
As tâmaras são secas e raras. Não está a altura da mão nos oásis
Meu amor violentou tuas tradições – em ti, a vida se esvai.

IX

Teus olhos vivem em busca de um horizonte distante,
Perdem o brilho do guerreiro que fazia amor nas areias.
Ama-me com um amor ocidental, sem paixão, comedido e frio,
Não há paladar da fruta madura em tua boca, ou o frescor da seda,
Tua alma quer o vento quente do deserto, escaramuças e batalhas.
Muitas esposas entre almofadas e sedas - o mercado das caravanas.
Aqui existem muitos desertos de concreto, janelas inexpugnáveis,
Batalhas invisíveis e diárias, nem sempre com armas nas mãos.
Mas a língua dá golpes certeiros, tiros de preconceitos mortais.
Meu amor em ti morre, sucumbe ao vento frio da tua solidão.

X

Teu amor ensinou-me a ser livre. Como negar o vento do deserto?
Aprendi a ter a companhia das dunas, sempre mudando de lugar,
O deserto deu-me um homem para amar nas tendas nômades,
Mostrou-me a lógica das batalhas e como perguntar por e ele ao vento.
Ensinou-me a sorrir com o brilho dos seus olhos simples e negros,
Meu corpo está acostumado com o toque quente da sua pele morena.
Novamente fugi - do meu deserto. Temi tempestades e serpentes,
Supliquei a Alah, para que em sua misericórdia houvesse vida,
No ar, um doce perfume de benjoim, na pele, o delicado toque da seda,
Meu Califa ama-me com o gosto das tâmaras maduras – e vai guerrear.

Rosamares da Maia
2005/ JAN/2006

Foto de Gabriela Bedalti

-Quem sou eu?-

Numa belíssima tarde de verão
Me lembro como se fosse hoje.
O céu estava repleto de mansidão
E os belos pássaros voavam ao longe.

Abrí meu olhos e descobri
Havia nascido com um certo fim
Cumpriria uma missão e assim
Num instante fui feliz.

Porém ainda não sabia
De onde eu vinha, para onde eu ia
Tudo era novo naquele lugar
mas com vários amigos apesar

Vivíamos dentro de uma bolsa
Voávamos nas costas e entre as asas do anjo
Esperávamos o lindo dia chegar
em que ele ia nos soltar.

E assim pelo ar, chegou o meu dia
e à luz do luar, um jovem eu via,
entre a multidão que seguia.
As mãos do cupido me pegou
de dentro do arco me soltou
e eu voei!

Percebi minhas forças, o meu amar.
Era tão bom voar, ao luar
E foi assim que de repente...

De repente, sob a luz do luar
acertei levianinho e devagarinho
o coração sonhador do jovenzinho
que dantes lá do arco, eu via.

E da felicidade que eu sentia,
vi, notei o doce, o perfume que escorria
do coração acertado
sua vida mudado.

Foi naquele momento, ao luar
naquela noite, alegre noite
que os olhos depararam
em uma bela, linda fronte.
A fronte da jovem mais prazenteira
mais alegre, mais certeira
ele viu.

O sentido sumiu, eu era algo novo
que lhe tinha chegado -o que era?-
Perguntava -como chegara?
Como ao luar me achara?

E entre a multidão que seguia,
essas perguntas surgia, ao jovem
homem, acertado, arrastado
pela moça que ao luar lhe aparecia.

No passe da paixão
uma mãozinha lhe toca
Ele se levanta e volta
Então lhe olha... nos olhos...
É ela!

Ela que lhe encantou
e que sob a luz do luar
na ponta de uma flexa do cupido
lhe acertou. Sua vida mudou.

Então nos lábios que se tocaram
nos prazeres que se chegaram
nos hálitos que se trocaram;

A pergunta que ao luar
se havia surgido, no pensamento do jovem
ali se respondeu
-Quem sou eu?-
A flexa que o cupido soltou
e à luz do luar voou
do arco ao virgem coração
com vontade, com fervor
enorme emoção...eu sou o amor...

(2008)

Foto de vânia frança flores

fazendo amor..

Gosto de sentir seu corpo junto ao meu
Das caricias ousadas
Das palavras profanas e tapas de amor.
Gosto quando me chama de Sua Gostosa.
Beija minha boca.
Fico lembrando das inúmeras vezes em que fiz amor...
Na verdade, eu não amava...mas, mesmo assim buscava desesperadamente, sentir o prazer de um orgasmo...
Hoje, quando fazemos amor, é que eu sinto o quanto eu não tive...
Pois cada toque seu, me faz estremecer e delirar antes mesmo que esteja em mim...
è maravilhoso te sentir me tocando, me descobrindo, buscando em mim os sussurros e gemidos que nem um outro jamais ouviu...
Entre gemidos e sussurros
Ardentes e profundos
Explode nosso desejo
Agora esquecidos do mundo
Corpos suados e cansados
Molhados com o suor da paixão
Tão exaustos e ofegantes
De quando perdemos a razão...
Nos deixamos envolver
Pelo silêncio do momento
Sentindo o amor ainda no ar
E da paz que pra nós é alimento..

Foto de Bel Souza

Boa noite, coração!

Respira ar puro, respira azul, amarelo, coral,...respira e solta o arco-iris que você insiste em cultivar!

Foto de Maria silvania dos santos

Renovada de esperança!

Renovada de esperança!

A cada dia uma nova fantasia, o que fazer com esta agonia?
A ansiedade toma conta da minha realidade, o que fazer para matar minha saudade?
De tempos em tempos, sonhos renovados, me encontro no tempo paralisada.
O que fazer para me desperta, é que eu só quero um amor de verdade para me amar.
No ar , sinto-me flutuar, é que renovada de esperança sinto-me como uma criança!

Autora; Maria silvania dos santos

Foto de Rosamares da Maia

Voo Duplo

Voo Duplo

Tenho medo, muito medo de altura,
Tenho tonturas, sempre me falta o ar.
Mas se voar é fobia, insano é constatar,
Que só a vertigem me faz te alcançar.

Então experimento a sensação de ousar
Arrisco por necessidade de viver a emoção.
De saber que só teu amor me faz decolar.

De olhos fechados, a beira do pânico,
Aperto com força as tuas mãos.
Meu corpo não tem peso nem a cabeça razão,
O mundo roda, ainda assim, abro as asas e vou.

Voo e exponho toda a minha fragilidade,
Desço num looping vertiginoso, desatinado,
Mas medo não é o bastante para me impedir
Você é minha razão para tentar e voar... e tentar

O vento fustiga, faz biruta de nossos corpos,
Impõe-se a ousadia, corta, mas sei que posso,
Porque teu amor é o que me faz decolar.

Bem no alto, por sobre as montanhas,
O ar é rarefeito, pesa e o coração explode,
Não consigo pensar, sequer respirar.
Mas você me ensinou a planar e aterrissar.

Do platô novamente saltamos em voo duplo,
Assustados, cruzamos a linha do horizonte.
Ousamos, mergulhamos e tornamos a flutuar.
Por amor,... um amor que nos faz decolar.

Rosamares da Maia – 06.09.2012

Foto de Diario de uma bruxa

Fora do ar.

‎"São as canções que me deixam assim... Fora do ar"

Deby N. M. (Poema as Bruxas)

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