O céu anoitece e resplandece seu corpo
Vislumbres meticulosos em afagos infindáveis
Parado a olhar a escuridão daquela noite
Vejo-te a contemplar certas águas que lhe entorpecem
Seres míticos e aquáticos emergem no horizonte obscuro
Meus sorrisos tímidos entrelaçam o seu
Acredito ser fruto de paixões já vividas
Fica escrito na água, nos rastros do vento
Não há nada que mude um minuto desse tempo
Sinto meu corpo, de coração frio, se aquecer em beijos incandescentes
Na escuridão da madrugada percebo a constelação de seu olhar
Com maliciosos sorrisos, em transe me espera com o corpo já despido
O tempo parece correr competindo com velozes maratonistas
Em um momento a lua sorri, em outro já é engolida
Exautorado de meu posto, por seus beijos, por inúmeros corvos
E o canto da lua encanta meus contos... Na rua deserta me leva e guia
O calar da noite se quebra com as ondas de um rio-mar
E é em seu desejo que impera minha fome animalesca
Antropofagia incontrolável... É seu sangue que me sacia
Entrastes neste jogo, onde o prazer é o seu prêmio e o ritual a boemia.
(Melquizedeque de M. Alemão, 10 de maio de 2011)