No jantar falaste-me dos teus medos e desconfianças
Expus-te o meu desejo e o meu sentimento
Respondeste com preocupações e cautelas
Tranquilizei-te com palavras de apaziguamento
Ficas-te mais tranquila e descontraíste-te
E fizeste-me um chá de especiarias orientais
Enlacei forte a tua cintura com os braços e beijei-te
Libertaste-te de mim, olhaste-me e não foi preciso mais...
Mal entrei no quarto reconheci...
O teu, aquele vestido vermelho!
Acendeu-se em mim a chama do desejo
E, sem pensar em mais nada avancei para ti
Vi-me, de repente, com o vestido no meu punho fechado
A alfazema cheiravam os teus cabelos
De éleo de amêndoas estava polido o teu corpo
Entrei bem dentro de ti e despejei os meus sentimentos
Os teus gemidos foram melodia para os meus ouvidos
As tuas carícias, o meu corpo estremeceram
A tua língua com sabor a frutos tropicais secos
A que se misturou, o perfume de alfazema que exalava dos teus cabelos
E a noite tornou-se num dia claro e límpido
Enquanto de cima, no nosso voo, contemplávamos a paisagem
Nesse momento só existiamos nós no mundo
Nessa noite nós estavamos em viagem.
Samory de Castro Fernandes