Acordo

Foto de Allan Dayvidson

O MEDO

"O medo é sem dúvida meu sentimento mais comum. Lembro-me de uma infância marcada por esse sentimento (ainda que basicamente se tratavam de medos próprios da fase). O medo tem por costume me imobilizar, mas nossa relação vem se transformando com o passar do tempo e posso dizer que agora estamos chegando a um consenso... Daí vem este poema."

O MEDO
=Allan Dayvidson=

O medo nem se esforça para me alcançar.
Eterno vigilante aonde quer que eu vá.
Armado até os dentes e pronto para atirar.
Trago o medo comigo e não hesito em usar.

Mas chega de becos escuros e sombrios sussurros,
ameaças veladas ou guerras declaradas.
O medo luta até o fim, mas não há escolha senão tentar...

E o medo luta até o fim, mas vou encarar,
mesmo morrendo de medo, inclusive de ganhar.
Ele faz do desconhecido seu aliado e da coleira um colar;
faz laços nas faixas de isolamento que marcam meu lugar.

Mas chega de velhos muros e versos duros,
agressões discretas ou violação direta,
O medo é um baita adversário e não há escolha se eu não tentar.
E chega de falsos alarmes e de apressar passos,
porque o medo tem lá seu charme quando entre meus braços.
Seu jeito é envolvente e não há escolha senão me entregar...

Então, um acordo acaba de ser estabelecido:
eu serei livre enquanto meu medo permanecer seduzido.

Foto de poetisando

Estou cansado

Quando acordo já estou cansado
Á noite ao deitar-me cansado estou
Cansado de tudo, de todos e de mim
Não sei porque tão cansado eu estou

O tempo a passar me deixa cansado
Tenho o corpo todo ele dormente
Cansado do que estou passando
Que não devia passar por a agente

Estou tão cansado quando acordo
Ainda mais quando me vou deitar
Cansado desta minha vida
Mais cansado de tanto penar

Estou cansado dos desencantos
Que tenho a cabeça toda dorida
Cansado de tanto chorar
Cansado da minha vida

Estou tão cansado de pensar
Cansado deste meu destino
A cabeça de estar tão cansada
Que já nem ela pensa com tino

Estou tão cansado de chorar
Até cansado estou de sorrir
Tão cansado desta vida
Cansado de não dormir

Estou cansado de mim
Cansado de estar cansado
Cansado do passado que não se vai
Cansado de não esquecer o passado

De: António Candeias

Foto de poetisando

Sonho com o meu amor virtual

Sonho contigo meu amor virtual
E fico sem vontade de acordar
Sonho que estou contigo em real
Sonho que te queria ter a vida inteira
Sonho que é muito bom
Sonho que não queria dele acordar
Sonho que tenho até ao amanhecer
Sonho que quando acordo me faz sofrer
Sonho que mas nunca te irei ter
Sonho contigo meu amor virtual
Sonho que tu és mesmo muito real
Sonho que me dói quando acordo
Sonho vejo que foi mesmo só um sonho
Sonho contigo quando estou a dormir
Sonho contigo mesmo estando acordado
Sonho que nunca será realizado
De: António Candeias

Foto de poetisando

Que dia lindo

Acordo ao romper do dia
Com a passarada a cantar
Mal o dia começa a clarear
Como é maravilhoso ouvi-los cantar

Como é bela a natureza
Ver a passarada a esvoaçar
Parece que me estão a dar os dias
A um novo dia que esta a começar

Muita vez me chego a perguntar
Porque o homem trata mal a natureza
Ela que nos purifica o ar e nos faz cá andar
Só pode ser por maldade concerteza

Vou sair para a rua e cantar
Fazer coro com a passarada
Dar-lhes também os bons dias
E á mãe natureza abençoada

Devíamos tratar todos bem dela
Só quem vive no meio da natureza
Sabe o que é acordar de manhã
Ouvir a passarada que beleza

Que lindo dia estou a viver
No meio de tanta cantata
Ver a natureza tão bela
Ouvir mais a passarada

De: António Candeias

Foto de João Victor Tavares Sampaio

Setembro - Capítulo 8

E o gueto seguia a sua sina. Agosto continuava. De um lado, haviam uns pobres-diabos, de sangue quente e ralo, fracos como sua carne. De outro, os de sangue frio, os nobres, os prostituídos. É impressionante como esse universo em que vivemos sempre apresenta dualidades. O bem e o mal, a ordem e o caos, o positivo e o negativo. A vida e a morte. O destino e a discórdia. Parece que a chave da nossa existência, consciente, até que prove o oposto, é o puro e estúpido conflito entre um lado e outro. Como o branco e o preto, o homem e a mulher, eu e você. O amor e o ódio. A indiferença... As aparências enganosas...
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Clarisse, puta e fresca, mandava e desmandava após a morte do déspota Justo. Ela o envenenara, diziam os mais ácidos. De todo jeito, exercia seu poder de forma objetiva, sem rodeios para punir ou matar. A fome crescia. As rixas entre uns e outros esquentavam a frieza da antítese coletiva do buraco onde estávamos. Os tons variavam, para Clarisse, cinza e vampiro, para o povo, vermelho e sombrio. As facções tomavam conta do que o poder não se importava. E a turba, tarada e convulsiva, cantava assim:

- Morte aos infiéis! Aos traidores da fé e radicais! Morte aos sujos, aos virais! Que Deus abençoe os puros de espírito e só eles!

Clarisse ouvia e fingia que não.

- Esse bando de idiotas... Pensam até que fazem alguma diferença no mundo...

Clarisse se enfeitara de todas as jóias, roupas, perucas e os mais escandalosos adornos. Maria Antonieta sentiria inveja dela, se hoje possuísse a cabeça no lugar. Ela fizera um acordo com os dominantes, que poderiam explorar o que e quem bem entendessem do gueto sem interferências, desde que mandassem o mínimo de dinheiro e suprimentos para baixo. Uma troca perfeita. Bugigangas por ouro. Espelhos, pentes, pelo Pau-Brasil. Água potável por celulares. Qualidade de vida pela favela, e por aí vai. Enfim, tudo ia calmo e sossegado, até que os seres superiores decidiram controlar o crescimento populacional do gueto. Seu plano era jogar cocaína nas fontes de beber aos babacas de sangue quente. Marginalizar, culpar, destruir. Mas o efeito que obtiveram foi muito diferente do esperado.
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Pois bem, um Belo dia os dominantes jogaram o pó na água:

- É o pagode!

E o povo continuava:

- É o pagode!

O mantra se espalhava como a sangria de um cordeiro indesejado. Barrabás sorria. O reino dos homem resplandecia em alegria e empolgação.

- É o pagode!

Os dominantes jogavam o pó, jorravam, Clarisse deixa o canibalismo rolar solto. A massa é burra. Mas por ser massa, é manipulável. Quero dizer, todos ali tinham vontade própria, mas podiam ser condicionados. Outra hora eu estava falando com o Skinner, e foi isso o que ele me disse. O Planck discordou, mas o Planck discorda até dele mesmo. Já o Zeca Pagodinho assinou embaixo. Eu gosto do Zeca. Ele é legal.

Não se sabe bem como, mas em determinado avanço do batuque, as macumbas se intensificaram e o fogo começou. Não sei se o fogo foi proposital, se foi um gaiato que tocou, ou se foi uma empreiteira. Eu só sei que a chama subiu pelas paredes, madeirites, celulares de tela plana. O fogo destruia os crediários, os baús da felicidade, as roupas de marca, toda a tristeza de barriga cheia que o gueto alimentava para continuar a receber esmolas. Uma pomba andava os telhados, indiferente à baderna, uma cabra vadia olhava a correria e nada entendia. Eu só sei que a favela pegava fogo e não queria ficar lá para pegar fogo também.
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Eu corria e a torta segurava a minha mão. Os colegas, apesar do amor que eu sentia por eles, tentavam me pisotear e jogar contra o fogo. A tragédia era mesmo anunciada. Clarisse tinha anunciado aos macumbeiros que não interrompessem seus rituais, ainda que fossem consumidos pelas labaredas. A torta me puxava e impedia que a tara de me matar se consumasse.

- Dimas, não deixa esses porcos te matarem!

Não sei bem porque, eu por uns três milésimos de segundo valorizei minha vida. Me imaginei bem e feliz, realizado, sem medo de porra nenhuma. Obedeci a mulher que me amava e segui em frente.
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O fogo carbonizava colegas que eu sabia o nome e que não sabia. a cena era muito feia. As pessoas não tinham onde ficar, crianças choravam, vigaristas encenavam uma tristeza de forçar um choro inexistente, catárticos e sadicos apreciavam a ruína. O lixão da novela parecia um cenário de ficção, se bem que o lixão da novela é um cenário de ficção mesmo. Uma voz de olhos laranjas paralizou a escapada que a torta havia pensado com tanto cuidado.

- Calma lá, seus condenados! Chegou a hora da queima de arquivo.

Dona Clarisse queria nos mandar para o micro-ondas.

Foto de Allan Dayvidson

DERROTA HONROSA

‎"Minha nova leva de poemas se chama 'CARETAS' e o primeiro poema é sobre este estranho sentimento (temporário como todo sentimento) de não fazer planos por hora, de me entregar a instabilidade, de me desconstruir sem previsão de reconstrução..."

DERROTA HONROSA
=Allan Dayvidson=

Abdico da pretensão cotidiana
e de toda e qualquer certeza cartesiana.

Eu tentei, me esforcei e agora... exijo respeito,
enquanto entrego minhas armas a meu adversário favorito.

É minha carta de desistência,
minha rendição ao incontrolável.
É o fim da última resistência,
minha entrega ao indomesticável.

Liberto-me da obrigação de sempre entender
e do orgulho de dar ou não o braço a torcer.

Ajustei, contorci, mas agora... rejeito expectativas.
Eu corri, me perdi, e por hora... não há caminhos ou perspectivas.

É meu agradecimento num bilhete,
meu adeus num buquê de rosas.
É meu retorno a fonte,
minha volta para casa...

Cheguei tão longe e o mais perto possível.
Fui resolvendo enigmas em nome do desejo impositivo.
Eu briguei, me dediquei e agora... tratarei dos ferimentos
enquanto minhas mãos permanecem banhadas em desprendimento.

É meu anúncio de rendição,
minha derrota honrosa.
Um acordo tácito com o desconhecido,
minha libertação corajosa.

Foto de Louizetjs

Não ti tenho mais

Todos os dias acordo
E você não mais está aqui...
Mais talvez seja melhor assim

TALVEZ SEJA BOM PRA MIM

QUANDO VENCER NEM ADIANTA CORRER

SEREI FORTE
VOCÊ VAI VER! !!
VOU VENCER!!!!

Louize Caroline Rodrigues

Foto de elcio josé de moraes

INDO E VINDO

Eu acordo, o dia está lindo!
Levanto sorrindo,
Vou logo saindo,
Que felicidade.

E vejo nas ruas surgindo,
Adultos, menino,
Num indo e vindo,
Enfeitando a cidade.

E eu perdido,
Em meus pensamentos,
Vou tendo momentos,
Momentos tão lindos!

Num indo e vindo,
E assim vou sentindo,
O dia partindo,
Deixando saudades...

Elciomoraes

Foto de bruabrantes

Meu amor eterno

Meu amor eterno
Minha felicidade é ter você
Todo dia que acordo eu te amo
Você é meu amor, paixão boa
Veio na hora certa pra me amar
Todo o segundo que não passo com você
É pensando em você
Cada palavra linda existente
Te digo sem hesitar
Pois só o que quero é te conquistar
Você é meu amor, paixão boa
Me deixo a vida toda boa
Você é meu remédio sem fim
Meu amor eterno

Foto de Maria silvania dos santos

HOMENAGEM A MEU QUERIDO PRIMO, ROGÉRIO! A ENERGIA POSITIVA ME FAZ SENTIR, CHORAR E ATÉ SORRIR.

_ O meu querido primo, eu não consigo definir, nem explicar o que é isto, mas em meu
peito a uma força que, às vezes me faz conseguir sentir sua energia, penso em você
todos os dias, te desejo toda a alegria, eu consigo às vezes de longe sentir sua
tristeza, mas também sua beleza interior, o seu grande valor, sua alegria que presa está. Com você eu sempre sonho, acordo as madrugada, oro, por você e as vezes choro.
Quero te pedir que não desanime você não está só.
DEUS está em seu controle, você as vezes chama por ele, e ate pensa não ser ouvido, você que a benção sem demora, mas ainda não é a ora ,o pai tem a hora dele , ele sabe qual será a sua vez. não sinta fraco, não sinta só , busca energia, acima de tudo tem um poderoso pai que nos fortalece, e nos guia, e vai trazer sua alegria ,sua vitória vai chegar, DEUS está a te olhar. Vamos caminhar. Por você vou sempre orar.
E o meu consolo e carinho de prima quero te dar, mas você vive a afastar.
Onde for que eu estiver, onde for que você esteja, de você com DEUS eu vou falar. E sua benção DEUS vai enviar. E desde antes no meu coração, você sempre está e sempre estará, e nem precisa eu mais falar, se precisar é só procurar, eu quero te ajudar, e meu abraço lhe dar. Por favor, aceita sem reclamar!!!

AUTORA; Maria Silvania dos Santos. EMAIL; Silvania1974@oi.com.br

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