Não, já não amo mais os passarinhos
A quem, triste, contei tantos segredos
Nem amo as flores despertadas cedo
Pelo vento orvalhado dos caminhos.
Não amo mais as sombras do arvoredo
Em seu suave entardecer de ninhos
Nem amo receber outros carinhos
E até de amar a vida tenho medo.
Tenho medo de amar o que de cada
Coisa que der resulte empobrecida
A paixão do que se der à coisa amada
E que não sofra por desmerecida
Aquela que me deu tudo na vida
E que de mim só quer amor – mais nada.
Eu não tenho muito, meu bem, para te falar
ainda,
pois (há) pouco nos conhecemos
e quero aprender a te amar.
Me ensina então essa arte
tão linda.
Me diz como te abraçar
Esqueça o que dizem ir
sobre que o amor vem com o tempo,
pois o meu veio com o vento,
mas não foi embora com ele.
Não minta, não
me diga o que de verdade sente.
Sente-se ao meu lado e me conte
o seu sonho de noite.
Mas não esqueça, meu amor,
que o amor que sempre vem
nunca vai embora
como o dia de ontem,
agora guardado na memória.