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Foto de P.H.Rodrigues

Bater de Asas

Escoria corrompida
Que sustenta uma história contorcida
De uma penumbra dominante.

Inercia constante
De vontades irrelevantes
A não ser para si mesmo.

Atada, mas em sua vontade
Não nas mãos.
Dotada, de uma vazia "apaziguidade"
Em seu "intranslucido" coração.

Alma vagante acorrentada,
Pensas ser livre,
Mas a cada dia, cria um novo limite,
Triste fim terá, qualquer alma conformada.

Foto de Arnault L. D.

O sabor da tempestade

Foi durante uma tempestade,
o mundo, louco, em turbilhão
fazendo das coisas brinquedo
e mais difusa a realidade.
Se abrigo, ou prisão, sim e não,
a buscar tudo e tendo medo.

O que foi luz, ou relâmpago?
O que foi palavra, ou trovão?
O toque; um corpo, ou vento?
E o gosto que a boca trago,
um beijo...? Talvez, uma ilusão.
Tudo em meio ao tormento.

Nossa vida, a se encolher,
a um passo ao próximo passo.
Chuva nos retém dentro de nós.
Para longe, os pés querem correr
e pouco penso, apenas faço.
Sou instinto... e reflito após...

Busquei calor, algum abrigo
e seu tocar foi bom, e morno...
Aconchego que encontramos.
Lá fora, chuva e perigo.
O horizonte era seu contorno,
um território que nos damos.

E foi assim, numa tormenta
de encontros sem perceber,
temporal a envolver e tomar,
corpo molhado, alma sedenta,
sem saber, ver o que eu viver,
sem entender, ou sequer parar.

Agora, o céu limpo e claro
e o sol arde em meu rosto.
A chuva se foi, virou rumor,
mas, algo marcou, reparo,
na boca, molhada... um gosto...
de chuva, ou beijo... o sabor...

Foto de Fernanda Queiroz

Poeta eu?

Não, não sou poeta, apenas descrevo fielmente o sentimento que fez nascer em mim a tua partida.
Fernanda Queiroz
Direitos Autorais Reservados*

Foto de Siby

Nós e as estrelas

Em um espaço infinito,
Muitas estrelas a brilhar,
Corpos celestes a rodear,
Fazendo um céu tão bonito.

Muitos mistérios a desvendar,
Pelos estudos da astronomia,
Também é inspiração para poesia,
Para toda beleza em palavras exaltar.

É lindo o céu estrelado,
Onde cada um tem seu lugar,
Um espaço seu para brilhar,
Por cada ser almejado.

Nós também queremos brilhar,
Como as estrelas no espaço,
Também queremos nosso espaço,
Para nosso brilho ostentar.
(Siby)

Foto de Cumplicidade

Namastê

Esse é um recado para o casal. Que sejam felizes. Sou egoísta demais, por isso perdoo.Esse é um egoísmo necessário à boa saúde física e mental. Já não lhes desejo mal. E para ele, só não lhe desejo mais. Mas lhes desejo paz!

Cumplicidade

Foto de carlosmustang

'DOVE'

Disse tanto, tantos corações encantasse
Em minhas verdades, propaguei encantos
coração duro, não vive doente
Nem decentemente espera a morte

Encantem de emoções, contrariem
Com razão me formei neanderthal
Do fundo do quintal, misantropo
Vivendo emoções, castiguei

Amei até encantar
Desejei em acabar
Fundi no ser que inhã

Esfriei metabolicamente
Chorei intrinsecamente
Desapeguei eternamente.

Foto de João Victor Tavares Sampaio

Vida

O que é a Vida?
Vou tentar esclarecer...

A Vida é uma mulher louquinha;
Não se explica
Muito
E simplesmente acontece;
Ela é ao mesmo tempo muito bonita
E ao mesmo tempo muito feia;
A Vida tem muitas caras
Mais de mil
Mais de sete bilhões
Mais que as galáxias
Onde ela se esconde
Como um segredo que a gente gosta de saber

Mais do que tudo
Mais do que eu mesmo
Eu te amo, Vida
E é tudo o que tenho pra dizer

Foto de João Victor Tavares Sampaio

Stalker

Você quer me humilhar?
Pois bem
É o que eu vou lhe dar
Se esse é o mal que te convém

Se você tanto reclama
Só porque um homem te ama
Então vou me resguardar
Pra não te incomodar

Só porque ama você
Mesmo quando não te vê
Vai querer ignorar
Em dizer não se importar

E pra mal te acostumar
Outra vez vou me inspirar
Outra vez vou fazer drama
Inventar mais uma trama

Pra não perder o costume
Mesmo sem o seu perfume
Logo vou finalizar
Outra vez em poetar:

Eu vou me declarar
Quantas vezes precisar

Eu vou me declarar
E não vou me melindrar

Eu vou me declarar
E isso tem uma resposta

Eu vou me declarar
Porque eu sei que você gosta

Foto de João Victor Tavares Sampaio

Setembro - Capítulo Final

Amanheceu e chegou setembro. E quando setembro chega, por essas bandas do hemisfério sul, a primavera se faz presente e espalha as suas flores de plástico que não morrem, as pessoas ficam felizes, elas renascem das angústias e amansam seus ímpetos, elas colocam enfeites nas janelas, esperam a banda passar, alçam os pensamentos ao mais alto Parnaso e para a mais verdejante Arcádia. Os corpos se aqueciam, como se um forno tivesse sido aceso na sua mais adequada temperatura. Tudo parecia lindo.
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A turma do pastoreio gritava em sonoros brados:

- Baco! Dionísio!

Os tambores ressoavam o vento dos leques, os Miami Bass dos moleques, os maculelês dos pivetes. Sonos eram interrompidos pela festa popular. Num determinado momento, dois ou três já desfilavam sem roupa. Quando a balbúrdia foi notada, os ditos dominantes trocavam de pele na rua. Não se obedecia a nenhuma hierarquia estabelecida. As pessoas nasciam e morriam no torpor da natureza humana, viva e bruta como a de qualquer outro animal, os instintos eram deflagrados, nem Freud e nem Jung eram mais uns reprimidos. Lembrava em certo ponto até o Brasil.

- As flores! Não se esqueçam nunca das flores!

Os miseráveis eram coroados e os nobres decapitados, mas ninguém deixava de ser alegre. Um tarja preta virtual assegurava a plena satisfação dos envolvidos na comédia. O paradeiro de muito era desconhecido. O que importava isso agora? Me diz? É dia de rock, bebê. Se você não entende a sensação de atravessar a Sapucaí e repetir o batuque da bateria, então vá embora, o seu lugar não é aqui. Dona Clarisse, com seu erro ortográfico e seu rosto reconfigurado, até arriscava uma derradeira conclusão.

- Eu nunca mais quero acordar desse sonho...
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Luís Maurício, que não havia se manifestado até então, pede a palavra:

- Amigos, é chegada a hora da reconciliação. A hora em que seremos livres de todas as nossas culpas e arrependimentos. Eu declaro anistia geral! Constituiremos desde já uma nova república, uma democracia quase que direta, uma pátria do Arco-Íris e do pote de ouro, um paraíso na Terra, um novo Éden, a Canaã que deu certo!

Clarisse recosta-se ao palanque improvisado.

- Eu posso ficar...? - Silaba.

- Evidente.

- Que sim ou não?

Feito isso, ela coloca-se para se despedir de Dimas.
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Um homem estava parado no meio da multidão. Ele dava alguns passos para trás, com o devido cuidado de não deixar nenhum folião o encochar. Ele andava de lado, como quem ia para fora. Clarisse o viu perto do portão pelo qual se sai para sempre da Sociedade.

- Espere... Eu tenho que te falar mais algumas coisas...

- Diz.

- Eu não te amo e nunca vou te amar um único segundo da minha vida.

- Eu sempre soube e nunca me iludi do contrário.

Tânia, incógnita até então, não se sabe observando de longe ou entretida com outra orgia, puxa o lixo pelo braço e faz cara de que se estivesse com ciúmes.

- Ele é meu, ouviu? Meu! Dá o fora logo sua vaca! Vai procurar o homem dos outros! Ele já tem a quem comer, tá, queridinha! E não adianta dizer que ele tá te querendo, que se você tentar alguma coisa, eu mato os dois! Sua puta, sua piranha! Você não me conhece! Não sabe o que sou capaz de fazer! Eu sou mulher de verdade, sua vagabunda! Rapa fora daqui!

Dimas sorriu, e por um exato milésimo de segundo sentiu-se amado de verdade. Clarisse debochou com a mão, engoliu a tragédia de ter desperdiçado o único sentimento cristalino que já havia presenciado e deu suas costas, andando tropegamente de volta ao seu destino. Uma lágrima furtiva caiu sobre seu cenho? Procurou a corda mais próxima? Não saberemos, e nunca vamos saber. Ela disse que não se importava, e esta ficará sendo a versão oficial. Se falarem alguma coisa sobre o que aconteceu com ela ou então comigo é mentira, o que vale é o que está registrado nessas linhas. Enfim, temos um final.
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- Vamos, amor, ser felizes para sempre?

Tânia e Dimas atravessaram o portal daquele mundo.

Ao que se sabe, não existiriam mais pessoas de sangue frio ou quente naquela realidade. Apenas pessoas, Tudo aconteceria conforme o planejado, por todas as eras, e nunca mais mudaria, pois não era necessário.

O casal apaixonado corria nu pelos prados. Correram até não aguentar mais, até um lugar que parecia longe o distante para que fizessem amor pela eternidade. A tarde caia, e com ela o pulsar atingia seu auge. Tânia e Dimas se abraçaram e deitaram na relva, um beijo selaria a felicidade interminável consagrada naquela união.

- Eu te amo e pra sempre vou te amar! - a Torta nunca fora tão reta na sua declaração.

E ela foi sincera como poucas vezes se viu em toda a existência.

Até que um dia sua pele começou a descascar...

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