Parecia que vinhas
Com as mãos cheias,
De um dia passado
Num campo de estrelas,
Tanto olhavas, admirada,
Para o fundo da concha
Que com elas formavas.
(Mal sabia, quem te via,
Que entre tuas mãos queimava
Uma saudade mal-curada,
Que a tua alma consumia.)
Parecia que cantavas,
E era tão doce a tua alegria,
Que à noite iluminavas,
Como o sol dá luz ao dia.
(Mal sabia, quem te ouvia,
Que era tristeza o que entoavas.
E, se tua voz era suave,
É porque a dor, sempre tem,
Algumas formalidades:
Primeiro dói,
Depois corrói,
Então vira enfermidade.).