UMA CENTELHA DE AMOR
Meu coração menino descobriu uma centelha sob as cinzas.
Era um tempo em que o rio corria para o mar sem novidades.
Um tempo estagnado.
Ele sentiu algo novo...
Algo inédito.
Um pulsar diferente. De repente como ele se fez contente!
Meu coração descobriu uma chispa, uma pequena fagulha.
E permitiu que ela acendesse.
Deixou que acontecesse.
Aquilo foi tomando forma.
Foi se incendiando, o fogo aumentando, aumentando.
Era uma fornalha já.
E pensar que só uma centelha estava adormecida lá.
Ele não tinha mais domínio sobre o incêndio que se formava.
Porque todo seu ser dominava.
E aquilo o inebriava.
Então apareceu o tempo dizendo que não era hora.
Que não tinha dado ainda permissão.
Que estava sendo muito ousado aquele coração.
O fogo quis se apagar. Conseguiu de uma forma diminuir.
Mas não se deixou destruir.
Porque a centelha permaneceu ali.
Com o correr dos dias vinham tristezas e alegrias.
O peito forte batia, insistia. A chispa queria reacender.
Vinha o tempo e a conseguia conter.
Até que a mão do destino condoída do pobre coração
resolveu abrir mão da proibição.
Deixou que reacendesse a paixão.
Que o fogo se alastrasse, que seu ser se inebriasse...
Soninha