TALVEZ... TALVEZ
Talvez amanhã ou depois eu possa tropeçar numa pedra pontiaguda.
Talvez eu fique muda.
Talvez haja espinhos.
Como já houve tantos.
A vida é feita de risos e prantos.
Talvez amanhã o badalar do sino desperte as borboletas.
E elas esvoaçando rabisquem traços no ar.
Talvez eu que tanto gosto de versejar, possa me calar.
Não sei do amanhã.
Nem sabemos se vai chegar.
Talvez a cisterna vá secar.
E o jardineiro, a roseira mais bonita, não possa mais regar.
A rosa vermelha talvez desabe.
Talvez o mundo acabe.
Talvez...
Quantos talvez.
Posso conjeturar.
Cismar, pensar.
Este mundo é sonho.
E é tão bom sonhar.
Se soubéssemos do amanhã ele só serviria para nos atormentar.
Quantos castelos criamos no nosso imaginar!
Talvez venham ventos.
Talvez o mais lindo castelo possa desabar.
Mas podemos construir outros no nosso pensar.
Talvez... talvez...