PAI, EU MUDEI
Meu pai dizia que eu era frágil.
Uma caravela solta no mar.
Ele temia que uma hora eu pudesse naufragar.
Creio que ele nem tinha noção da força que meu pequeno corpo consegue abrigar.
Meu pai dizia que eu era nervosa.
E bela como uma rosa.
Naquele tempo eu me deixava abalar.
Era de muito me agitar.
Vivia a lutar.
Mas depois de sua morte vi tanta coisa mudar.
O mundo conseguiu me serenizar.
Por tantas mais eu tive que passar.
Do rio agitado que eu era num lago tranqüilo fui me transformar.
São fases que precisamos provar.