Vou partir.
O comboio vai partir.
As paisagens vão suceder-se,
Sem separação entre realidades.
Não haverá enjoos
Nem dissabores.
As minhas viagens
São sempre felizes,
Talvez para esquecer
Os dias tristes
Que se vivem
E todo o mal do mundo.
Acordo a sorrir
E tenho Anjos
Que tomam conta de mim
E me contam anedotas.
Tiraram o curso de criativos
E são muito divertidos.
Vou.
De manhã, esperarei o sol
E a mensagem do meu Amor.
E que o dia corra
Como Deus
O escreveu,
Segundo a sua vontade.
Eu cá estarei
Para ficar ou partir,
Sem medo,
Com lucidez
À espera da minha vez
De atravessar o rio.
Enquanto isso,
Vou vivendo o dia,
A alegria, o Amor,
E tudo o resto
Que faz encobrir
O sol
E gelar-nos as veias,
Se for mais um dia
Em que nos calarão
A boca.
Pode ser
Que amanhâ
Nasça outro cravo
Não importa de que cor,
Nem importa qual a flor.