Quando vais
Nem um rasto deixas.
Levas no olhar
Um futuro fixo
Onde não apareço.
Depois,
Vais deixando pegadas,
Murmúrios já cansados,
Com medo que me esqueça
De Ti.
Para quê?
Onde estás
Eu não existo
E esforças-te
Por te lembrar
Que o tempo tem
Um passado
Onde gostas de te vir
Enroscar no futuro
De planos
Que só sonhas.
Do lado de lá
Não sou nem sombra.
O que dizes
É espuma que
Chega já morta.
Fica na onda,
Enrola e desaparece.
Sou um espectro
Que só volta
Sempre que
Atravessas a ponte
E o cinzento se veste
De cores.
Do lado de cá.
Nesta margem
Que Te divide,
Nem sabes bem
Se existe(s).
Dá-te prazer
Esta viagem.
Nunca saiste do País
Fazes turismo
De norte a sul,
Foges um pouco
Do que sabes de cor.
Mas, na verdade
É na outra margem
Que estás sepultado.
Para quê as flores
Deste lado?
Já perderam a cor,
Secaram.