AMARAMA
Amar é arte dos contrários,
Do querer pelo avesso,
Com a mão canhota, na contramão.
É relógio que gira anti-horário,
É despertar amarrotada pela manhã,
Ser surpreendida de chinelo, sem batom,
Combinar camisa xadrez e calças listradas,
E ainda assim agradar.
É rir da barba que arranha e machuca,
Mas que te pega, esfrega e assanha,
Amar é encaixar, quando não se é côncavo nem convexo.
Amar é não ter fórmula para amar,
Porque o amor não precisa de nexo.
Não se faz necessário definir,
Cabem, porém, precauções:
Devemos manter aquecidos dois corações,
Antes e depois do sexo, abrir o abraço,
Em doses homeopáticas, passo a passo,
E por osmose, encontrar um espaço,
Para no peito do outro se aconchegar.
Rosamares da Maia