Tudo na vida passa
até uva passa
só não passa se virar vinho
no coração
ficar somentes espinhos
no olhar
a tristeza de um menino
na sua frente
o desespero eminente
de não ser mais contente
sem fada dos dentes
de viver na solidão
sem amor em suas mãos
se lembrar do coração
que te tirou da escuridão
e ao se tocar
vai olhar e não achar
aquele que te deu um lar
na morada do conto de fadas
e vai notar
que o cavalo branco corre só
que a realidade faz o conto virar pó
sem castelo e sem rei
o tesouro se perdeu
o principe envelheceu
o amor enfim derreteu
o vermelho do peito de ferro
que nunca se fere
ao menor dos atos
como o de amar ou gostar
no sonho de cavalgar
com o branco e o azul
entre as nuvens do céu claro
o sol brilhará forte
como quem vem do norte
se chuva acontecer
o jardim vai florecer
no peito de quem um dia
irá adormecer
nos braços de quem
sempre existiria
nos contos de Gonçalves Dias.
Macaé, 14 de Setembro de 2009, "O branco e o azul" de Raphael Miranda.