Quando o coração tornar-se solo infecundo,
Não mais arável por paixão de ressequido
E nada mais florescer nele, embrutecido,
Já não há mais motivos de achar-se neste mundo.
Quando na Vida se viver só por vivê-la
Acreditando estar sempre a mercê da sorte
Não há pensamento mais tenaz senão a Morte
Desejando a cada instante poder vê-la.
Despercebido a caminhar por muitas ruas
E fatigado de mendigar sentimentos,
Passados sóis a pino e mais funestas luas
Subnutrido de aconchego e de carinho
Eis um ser, assim, formado em mor tormento,
No meio de muitos a seguir sempre sozinho.