Os meus gritos
São como uivos fúnebres
Dos lobos
Agourando ao luar
O meu toque
É o tato cego
Do insensível
Que não quer tocar
O meu olhar
É o já sem vida
O esvaido
Procurando pouso
Os meus passos
Claudicantes
Me derrubam
Tento levantar
E minhas mãos
Não se desprendem
Deste solo
Que tragou meu ser
E minha voz
Titubeante
Que murmura
O que eu não sei dizer
Se solta aos poucos
Vai ao ar
E voa
Em meio ao vento
E volta súbito
Em recusa
Inflige a mim
O tormento
Os estranhos sons
De tão confusos
Não sei
Distinguir
E momentaneamente
Minha mente
Insana
Me tenta a partir
E em frente
A linha limítrofe
Entre os mundos
Vivo e imortal
Baixo a cabeça
Me ajoelho
Sucumbido
Ante ao meu destino fatal
16/07/96