1º Soneto de Amor

Foto de Oliveira Santos

Veneno, dote da serpente Amor,
que estranhamente me faz ter vertigens
e então sonhar-te nas minhas noites virgens.
Todas maculadas em teu louvor.

Dor, propriedade da peçonha ao peito,
que torce as fibras do meu sentimento.
De dor se passa à angústia, ódio e tormento.
Por fim a solidão no seu cruel efeito.

Amor, fonte da vida e de tudo que é bom
também um monstro alado da amargura,
que usurpa a voz, me faz gemer sem som.

E, então clamar teu nome, criatura,
da qual não recebi maravilhoso dom:
ter tua graça e dar-te toda minha candura.

12/07/96

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