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Por que queres saber meu tudo?
Para transformá-lo em nada?
Andarei em estado desnuda,
Descalça na dolorida estrada?
Há coisas muito escondidas
Contar a alguém impossível
Guardadas a sete chaves
Em um caderno invisível.
O que sou, eu mesma nem lembro,
Devo estar num arquivo perdido.
Não sei do atalho, perdi a senha,
Sou de mim mesma esquecida.
Meu sangue flui com as águas,
Pulsa o coração nas estrelas,
Suor são as minhas lágrimas:
Só em gotas posso tê-las.
Sou a luz do alvorecer,
Sou diamantes no lago,
A lua do anoitecer,
Despedida do dia cansado.
Encontrei o amor verdade
Por mãos de belas mensagens.
Perdi-me em meio a encantos
De luz e felicidade.
Por que queres saber algo
De alguém indecifrável?
Marilene Anacleto