Com este frio a gelar-me o peito,
com esta angústia a travar-me a voz,
Atravessei as ruas da cidade,
Indiferente ao tempo a correr veloz.
E, no silêncio da noite morta,
Parei à porta onde te encontravas,
Para dizer ao sonho que criámos,
A razão da presença que lhe negavas.
Quando a madrugada nasceu,
Aconchegou-se mais a mim,
E, num murmúrio triste,
Disse-me: não te canses, desiste!
Apesar de tudo eu não morri