O tempo passa e o meu caminho parece só meu.
O sonho de ser sempre feliz permanece meu.
Amanhece...
E se houvesse em mim uma só lembrança
de não tê-la amado, como o silêncio à chama,
como ama o vento ao veleiro e a monção ao cais,
nunca mais... Eu me deserdaria da tua dança,
dessa eterna trança tua de versos, com que vais
fazendo de tua sacada crida à luz um nicho,
e de mim um bicho sedento, sagaz,
perdulário de poesia e de estrelas distantes...
Tudo porque não houve um dia, um só dia
de não querê-la em um abraço toda, protegida...
E pois não há em vida
que me condene palavra válida,
nem que me acene com o irromper da crisálida
que trago no peito, nicho de Deus santo!
Sacrário insuspeito do corsário e do seu canto...
Tudo porque não houve um só dia...
(Itaipú,02/2010)