Blog de Lorena Luiza Fernandes
A poesia que já me pertenceu fugiu de meus braços, foi chorar seus prantos em outra freguesia. O lirismo que me preenchia se instalou em alguma outra pele macia, que não a minha. Tudo aquilo que já foi tão meu, todo aquele sentimentalismo que me pertenceu, escapou por entre meus dedos, eu não pude evitar. A inspiração que tinha entrelaçada comigo todos os dias, de repente não me quer mais, preferiu procurar outra paz e se encontrou em palavras que por mim nunca foram ditas. A melodia que costumava soar apenas em meus ouvidos, depois de tudo, só me tem se fico na plateia, pois cansou de sussurrar suas notas nada silenciosas em meus ouvidos, enquanto afagava meus cabelos. Mais parece que tudo me fugiu, mais parece que o porto seguro se mudou. As coisas não deviam ser assim, essas lembranças deviam esquecer de mim...
Eu tenho tantas pombinhas, juntando todas não tenho mãos suficientes pra segurar... Eu tenho tanto de mim espalhado pelo mundo, sem um lugar fixo. Eu prego tanto a minha liberdade e me sinto bem em oferecer, o problema é que tem gente que não quer liberdade, tem gente que quer sufoco, não suporta solidão. Assim, acabo deixando tantas pombinhas se perderem do meu pombal, mesmo sem ter vontade de que a pomba vá embora, deixo ela partir sem ressentimento. Talvez o tamanho da liberdade que eu ofereça, seja equivalente ao tamanho do sentimento que guardo, porque quero sentir gosto de ser ligada a alguém por meios transcendentais, gosto da ligação de pensamento, de coincidências, coisas do destino... Dos fluxos que se encontram na vida, sem a necessidade de cobranças e pressões. Quero que todo mundo que guardo em mim seja livre, mas que saibam que a todo instante estou pronta para receber quem foi de volta, de braços bem abertos. Mas enquanto às pombas não voltam? Espero, sempre há tempo. E sei que tudo no final da certo, ainda não deu certo? É porque ainda não acabou. Já dizia o Sabino, não sou ninguém pra discutir.
Se eu soubesse que aquela seria a última vez, que aquele seria o último beijo. Não deixaria a nossa paixão escapar por entre meus dedos, eu desafiaria meu medo e te diria tudo o que eu sinto, bateria de frente com meu orgulho e me jogaria a teus pés, eu gritaria seu nome diria que você não foi qualquer homem, qualquer rapaz, você foi aquele que invadiu meus sonhos, revirou meus pensamentos e me fez te amar. Eu ia te fazer entender em apenas um olhar o quanto eu queria que você ficasse, daria um suspiro para que você entendesse o quando eu queria que tudo voltasse, te daria o melhor beijo e pediria para que você me amasse. Você entenderia o quanto mudou minha vida,talvez você nem percebeu. Eu te quis corpo e alma. Eu não conseguiria falar tão alto o seu nome, mais eu pediria para que ficasse, para que me tocasse. E que pelo menos só por aquele instante que você me amasse e não pensasse em me dizer adeus.
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