A luz perdeu-se
ao fundo do longo corredor.
Corres agora ao meu encontro com medo de tropeçar no escuro.
As paredes altas a afligirem-te o peito
e os teus passos de menino
que os meus olhos esperam com tanto amor
cada vez mais espaçados.
A ausência de movimento segreda-me que escolheste parar
e o teu nome,
como um sol tatuado nos meus dias,
escapa-me à revelia
tal a vontade de te trazer a mim.
Recordo cheiros e imagens,
fragmentos guardados e esquecidos,
alguns que passaram despercebidos
outros sempre presentes
à espera de um braço para os puxar...
Há cheiros e silêncios teus espalhados por toda a casa.
E tu que não vens!
O próximo cada vez mais longe...
o distante uma sombra das nossas vontades
ainda imóveis,
por descobrir...
E o tempo tão curto!
Insuficiente...
para que te consiga entregar o calor dos gestos
para te pousar no ombro,
para me enroscar no teu rosto
e pintar-te de mil cores
o céu das tuas pálpebras fechadas.
Para que bebas da minha boca,
da minha alma...
E tu que não vens!
Porque escolheste parar
ao fundo do longo corredor
onde és ainda menino...
E os teus passos,
agora silenciosos,
segredam-me que paras porque tens medo
das paredes altas que te afligem o peito...