Encare-me da enésima com esses olhos andarilhos
Diga adeus sua boca como se ainda um passaro cantasse na aurora
Porque querem partir essas mãos mornas sobre os quadris extasiadas
Nao há nada que eu celebre, nada mais que sentir a chuva cravando-me as faces
E o teu olhar assim fuzilante, mil golpes de navalha, inúmeras noites de estrelas
Volva-me sem piedade e esqueça-me com violência
Porque quero apagar os teus braços suados da alma
Porque a vida ebuliu no fogo da nossa presença
Nas horas que deixamos o tempo fluir como um candeiro aceso
Haja bruma e chuva, ondas frias em que os veleiros se perdem
E te levem nessa enchurada superflua
Para o mais longe dos cais
Crie a vida dolorosas fronteiras, de solidão e de tormenta
Para que recordes dos meus olhos rogando-te mil piedades
E teu peito calando e sumindo
Como a estrela derradeira da alva.
Comentários
verdade!
Escrevi esse poema com o coraçao nos dedos... foi uma coisa que eu vivi e que marcou tanto em minha vida.