E o vento levou
Cai á noite, a chuva paira no ar, e por aqui se latejam as minhas dores de parto, dores oprimindo-me como um rato. Um prisioneiro ansiando por liberdade, um consciente benéfico repleto de maldade.
Á noite ainda permanece me atordoando, continua ainda me sufocando e me deixando cada vez mais desiludido de presenciar um novo amanhecer, não preciso dessa vida, tudo que preciso é viver.
Para que o tempo e o clima não me apavorem, á eles darei ordem para que a si mesmos ignorem. Que fujam pelos céus, que lutem uns contra outros, que se faça uma guerra, para que assim valorizem e não incomodem os habitantes da terra.
Que sumam, que desapareçam, isso um dia irá acontecer, a terra se abrirá e será que suas obras o farão lembrar de você? Quem se recordará de suas malícias, de seus egoísmos se não os céus? O jugo?...
Quem é você que me abisma e me faz flutuar em imaginações férteis e improváveis? Mas certo estou de que irei te esquecer, de que será um dia como nunca a tivesse conhecido, mesmo que para isso eu saia deteriorado e um vivo com o coração endurecido.
A chuva molha, você me olha, o dia irradia e você com seu jeito me enche de alegria, você é tudo e eu sem você nada sou, e tudo que sonhávamos juntos em solidão, lixo virou, o tempo soprou e o vento levou!
Glangel de Almeida