Em todo âmago
do sinistro abismo que nos separa,
não cabem os gritos de saudade.
Com todos os sons mais altos,
ainda assim,
não são abalados
os sussurros mudos,
as noites frias,
em que você não veio.
Não vieram,
nem mesmo tuas vestes
ou teus olhos assombrados,
ou teu sorriso abusado,
ou teu sarcasmo deslavado.
Tu,que em teus braços,
tens abrigo e segurança.
Mas seus braços,
são os mesmos abismos,
que nos empurram,
que nos desmoronam,
que nos traem,
que nos entristecem,
E que nos levam a crer
que o fim do abismo,
é somente o início de uma longa queda.
Que começa com três palavras,
que nem mesmo o dicionário define,
nem um longo texto exprime,
não traduzem nada,
e ao mesmo tempo,
traduzem tudo.
As palavras do fim.
E do começo do mundo.
“Eu te amo”.
Flávia S. Rodrigues
Todos direitos reservados
Comentários
Flávia Simplicio/Fernanda Queiroz
Flávia
Que poema lindo e triste
"que o fim do abismo,
é somente o início de uma longa queda."
Intensamente profundo, uma frase daquelas que uma vez lida, jamais esquecida.
Quando leio algo assim de um poeta, quero acreditar em Fernando Pessoa.
O poeta é um fingidor. Finge tão completamente Que chega a fingir que é dor A dor que deveras sente....
Grande abraço.
Fernanda Queiroz
Grande abraço.
Fernanda Queiroz