Resolvi colocar fora meus textos, alguns pequenos textos de escritores que eu admiro. Esse cara agora que vou falar, escreveu as cartas de amor mais ridículas e mais intensas do mundo, na minha opinião. Esse poema dele, ponteia um pensamento meu também que não necessariamente você precise estar inserido naquele contexto que você tá descrevendo. Mas, que inevitalvelmente um pouco de nós sempre vai estar lá.
AUTOPSICOGRAFIA
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas da roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama o coração.
Fernando Pessoa - 1/4/1931