Ando com a solidão
Pelas ruas nuas, pelas ruas vagas,
Pelas noites escuras, pelas noites claras,
Pelos cantos sujos, pelos cantos limpos,
Sem o ar da graça pela imunda praça.
Na chuva fria, canto alegre;
Observo-a lavar as calçadas,
Formar no chão lindas poças d'água,
Correr de uma esquina à outra
E depois de cansada tornar-se garoa.
Tremo com a roupa molhada.
Passo de bairro em bairro, bato de porta em porta,
Como o que me dão, um pouco de sobras.
Adormeço em um banco qualquer.
Durmo sem um: Boa noite!
Acordo sem um: Bom dia!
Bate forte o sol no rosto,
Da pra dar um sorriso.
Não preciso de cômico nem de circo,
Só a fé em Jesus Cristo.
Sob a noite estrelada elevo a prece,
Voa como águia, sobe como foguete,
Chega como trovão, humildemente.
Lá no alto há quem escute a voz de um mendigo,
É o Deus da Gente!
*Autor: Chácara Sales