Pobre e crédula manhã
sempre a surgir invicta,
convicta do bem a ofertar…
Esbanja luz candente
sobre um mundo displicente
no esforço vão de o elucidar,
clarear caminhos que se atropelam
e por vias dúbias se desencadeiam
absortos por desvios que não vão chegar.
Manhã promissora e persistente,
não se cansa de amanhecer,
de se oferecer majestosa e iluminada
a quem só caminha sem ver nada
esnobando a magnitude de sua beleza,
desprezando o convite de abraçar o dia,
nova esperança embrulhada no presente,
estrada nova onde a vida principia.
Bendita manhã que morre e nasce
no afã do recomeço do amanhã…
Nada de novo sob o sol
a incendiar candeias de brilhos e poeiras
desperdiçadas onde transita o arrebol,
onde o horizonte rastreia a imensidão,
onde o homem se perde ante a visão
de sua finitude, desvario e reverso,
e se apavora ante a grandeza do universo.
(Carmen Lúcia)