Blog de Carmen Lúcia

Foto de Carmen Lúcia

A vida convida

Pisa o que ficou, segue adiante,
carrega consigo o que foi relevante.
Só! Algumas doces lembranças
que ainda não viraram pó
e registram a leveza dos fatos
não marcados pelo dó.

A vida sempre fica aberta
mas tem que se saber entrar…
Retomar a rota interrompida
ouvindo os sinais de alerta
ou errando para acertar.

Sonhar não tem hora certa,
sempre é tempo de sonhar…
embramar-se em fantasia
dar novo ensejo à alegria,
em nova estrada ver o sol brilhar.

Mas o tempo uma hora fecha,
não deixe o sonho se atrasar
que a porta pode se emperrar
deixando-o lá fora
por ter perdido a hora de chegar.

Sem a mala pesada que cansa
siga o curso que o amor alcança,
sem resquícios do que ficou pra trás.
Rupturas que não têm concerto,
que o tempo corrói e não refaz…

Nasce de novo, renova,
faça do coração o marco zero,
abraça a causa que lhe comova,
deixa a emoção povoar cada lugar…
É a vida convidando para amar.

_Carmen Lúcia_

Foto de Carmen Lúcia

A vida convida

Pisa o que ficou, segue adiante,
carrega consigo o que foi relevante.
Só! Algumas doces lembranças
que ainda não viraram pó
e registram a leveza dos fatos
não marcados pelo dó.

A vida sempre fica aberta
mas tem que se saber entrar…
Retomar a rota interrompida
ouvindo os sinais de alerta
ou errando para acertar.

Sonhar não tem hora certa,
sempre é tempo de sonhar…
embramar-se em fantasia
dar novo ensejo à alegria,
em nova estrada ver o sol brilhar.

Mas o tempo uma hora fecha,
não deixe o sonho se atrasar
que a porta pode se emperrar
deixando-o lá fora
por ter perdido a hora de chegar.

Sem a mala pesada que cansa
siga o curso que o amor alcança,
sem resquícios do que ficou pra trás.
Rupturas que não têm concerto,
que o tempo corrói e não refaz…

Nasce de novo, renova,
faça do coração o marco zero,
abraça a causa que lhe comova,
deixa a emoção povoar cada lugar…
É a vida convidando para amar.

_Carmen Lúcia_

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Medidas

O sempre é finito para se sonhar,
espaço ínfimo pra poder voar,
o longe é perto para se alcançar
razões que queiram me levar pra lá.

O tempo é escasso para se perder
e reencontrar o que se quer achar.
As horas não vão avisar
se vou sorrir, se vou chorar.

O muito é pouco para eu sentir
o quanto ainda deve estar por vir,
o tanto não sabe medir
a dimensão do amor que cabe em mim.

Cada emoção revela, por tabela,
se está ou não se aproximando o fim.
Só um tempinho mais pra se escrever
em tempo recorde, cores do entardecer.

É ano-luz e em segundos conduz
o sol que se prepara pra morrer
sem intervalo pra se recolher
palavras que possam descrever
a multidão de matizes que a voz embarga,
o tempo que passa depressa
sem perceber meu olhar que divaga
e tanta beleza atravessa.

(Carmen Lúcia)

Foto de Carmen Lúcia

Ver o tempo se perder

Ter que ficar querendo ir
sabendo que o tempo passa veloz
ou que velozes, por ele, passamos nós.
Nostálgica sensação de não ter sido,
não ter tido, não ter ido...
Em vida, morrido.
Querer voar tendo os pés plantados,
apenas idealizando um futuro
que já pertence ao passado.
Perdendo-me em irrealizações,
tempo longínquo arcado de esperas,
trazendo o presente carregado de quimeras.
Hoje, estrada curta pra tão longa caminhada,
aspirações tamanhas esboçadas
em avenidas traçadas rumo ao sol.
por tudo o que deveria ter andado
não fosse o peso das asas quebradas
arrastadas por dias ausentes de arrebol
e o arrependimento de não ter ousado,
não me ter ao mundo atirado,
não me ter perdido e me deslumbrado
sentindo as vibrações do inusitado,
vivendo a intensidade dos momentos
cabíveis aos sentimentos mais profundos.

_Carmen Lúcia_

Foto de Carmen Lúcia

Da janela...

Da janela vejo as folhas se entregarem
voando lentamente ao outono, com o vento,
buscando o alento de efêmeras moradas,
cumprindo a missão que lhes foi predestinada.

Da janela vejo o inverno incisivo
com seu poder decisivo de congelar e lacrar
jazigos onde folhas esquálidas repousam
pra renascerem quando a estação voltar.

Da janela vejo a vida ser mais bela,
o tempo de espera faz surgir a primavera
antes recolhida, adormecida sob a terra,
brotada das sementes, renascida em folhas verdes,
nas flores coloridas, perfumadas e singelas.

E as estações do ano nunca encerram suas lidas,
morrem e renascem retratando a própria vida...
Bailam pelo tempo em performances verdadeiras.
Terá a vida a mesma significação?
Da janela vejo a próxima estação...
Quantas mais verei até a derradeira?

_Carmen Lúcia_

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Bailarinas

Leves, tão leves, mais leves que a própria leveza,
comparadas a uma linha tênue, sutil,
levadas por um sopro, aragem febril,
girando sempre, eternamente, sem partir,
sem ferir,sem dissuadir, sem iludir,
sem realmente ir...
Asas invisíveis, voos indescritíveis,
provam a si mesmas
a não gravitação entre Terra e céu,
entre corpo e alma,
entre céu e léu,
entre tudo e céu...
mundo a parte que reparte
enlevo,entrega,beleza, o surreal...
Pisam sem pisar, lançam de mansinho
sentimentos a fluírem em suave virada,
chuva de prata, tamanha é a força da arte
que dança, alcança o tudo e o nada
povoando o vácuo com a postura
de quem sabe, quem inspira, quem lidera,
quem ganha altura,
quem espera o momento exato de descer
e tristemente encarar a vida
a girar sem rodopios,
a contundir a essência
da coreografia –ironia –
maculando as rimas, os versos
a sonoridade da melodia,
a poesia nascida das bailarinas.

_Carmen Lúcia_

Foto de Carmen Lúcia

Escrevo?

Escrevo...
a folha em branco me impele
provoca-me
convoca-me
remexe meus neurônios
os sentimentos à flor da pele
quer que me revele
que me rebele
trace recônditos da alma
a ansiedade que me transtorna
o momento em que me encontro.
Palavras se difundem
confundem as emoções
debatem-se em confronto
emudecem as razões.

Escrevo...
um emaranhado de letras
embargadas na mente,
de início, incoerentes,
mas que ganham sentido
de repente
à medida que descrevo
a verdade (in)contida
a palavra que não digo
o silêncio que consente
em calar o que sinto.

Escrevo...
no papel em branco
- meu cais-
onde aporto meu barco,
onde choro meus ais
onde volto e parto
e o branco do papel já não é mais
molhado e pardo
descreve a neblina
de pranto e de mágoa
expressa o que quero
o que grava a minha retina
mas que nunca revelo.

_Carmen Lúcia_

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Unicidade

Creio em Deus trino
que me fez una...
Insubstituível.
Só um caminho me é admissível
além dos desvios que lançam aos desafios...
Sou como o rio
que serpenteia, contorna rochas,
permeia pedras e as pisoteia.
Não se desnorteia
para chegar ao seu destino.

Entre o sagrado e o profano
sou o meio termo...
Nem pura, nem mundana.
Sou humana.
Não vacilo...
No entrelaço das incertezas
fico com a óbvia certeza
de que o bem prevalece.
Procuro a isenção das ambigüidades
que confundem e roubam a tranqüilidade.
Caminhos confusos,
trilhados pela dualidade....

E nessa unicidade em que vagueio
passeio em cores e versos,
meu eu manifesto
ao colher de cada dia
a poesia
que me lapida em gestos de amor
em busca da beleza interior.

Carmen Lúcia

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Chega um tempo...

Chega um tempo que não tem mais graça
olhar a vitrine, tomar um bom vinho, dançar uma valsa.
Andar por aí, curtir o que vier, sentar-se na praça.

Chega um tempo que não entusiasma tanto
vestir roupa nova, gritar o que choca
e dançar um tango.

Chega um tempo que é outro tempo
rápido, escasso, sem tempo
de olhar à janela, dobrar a esquina,
perder a cabeça, buscar outra sina.

Chega um tempo que o espelho embaça
a beleza das coisas que antes via
e que o próprio tempo oferecia…
Vista agora através da vidraça.

Chega um tempo desprovido de vaidade
cada espaço se enche de verdade
o supérfluo se perde com a ilusão
e a vida perde um pouco da graça
dando lugar à razão.

_Carmen Lúcia_

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Antes e depois

Vivo?
Resisto...
Já vivi antes dos vendavais
sob brancas nuvens clareando meus quintais.
Agora sobrevivo...
Após a devastação de sentimentos e raízes
plantados dentro de mim,
do extermínio de flores e matizes,
essências a compor meu ar, agora rarefeito,
fincando marcas indeléveis
do mau tempo...em meu peito.
Hoje simplesmente existo.
Ou inexisto?

_Carmen Lúcia_

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