O sempre é finito para se sonhar,
espaço ínfimo pra poder voar,
o longe é perto para se alcançar
razões que queiram me levar pra lá.
O tempo é escasso para se perder
e reencontrar o que se quer achar.
As horas não vão avisar
se vou sorrir, se vou chorar.
O muito é pouco para eu sentir
o quanto ainda deve estar por vir,
o tanto não sabe medir
a dimensão do amor que cabe em mim.
Cada emoção revela, por tabela,
se está ou não se aproximando o fim.
Só um tempinho mais pra se escrever
em tempo recorde, cores do entardecer.
É ano-luz e em segundos conduz
o sol que se prepara pra morrer
sem intervalo pra se recolher
palavras que possam descrever
a multidão de matizes que a voz embarga,
o tempo que passa depressa
sem perceber meu olhar que divaga
e tanta beleza atravessa.
(Carmen Lúcia)