Blog de Carmen Vervloet

Foto de Carmen Vervloet

NASCIMENTO DE JESUS

E o Verbo se fez carne
Mas o homem não O reconheceu
Não percebeu o fremente alarme
E sua alma permaneceu envolta em breu.

Chegou o pequeno menino pobre
Nascido numa simples estrebaria
Mas seu coração rico e nobre
Pulsou amoroso nos braços de Maria.

Uma estrela no céu deu o sinal
um anjo anunciou aos pastores o nascimento
na rústica manjedoura, sem a pompa real,
nasce o Rei Salvador de todo o tormento.

Neste natal, dia vinte e cinco de dezembro
Festejaremos mais um seu aniversário
E nesta vida da qual somos passantes membros
O embate contra o egoísmo, maior adversário.

Nas nuances do nosso habitual dia a dia
Vamos volver os olhos atentos e complacentes
Para os sintomas do mundo com suas dores e anomalias
Mas com olhos de criança, plenos de alegria, confiança inocente.

Carmen Vervloet

Foto de Carmen Vervloet

PORQUÊ É NATAL

Na paisagem que vislumbro da janela de minha casa
Árvores enfeitadas com adornos de natal
Vibrações positivas que, à esperança, dão asas
E me fazem sonhar que o bem supera o mal.

A dúvida dissipada pela fé que tenho em Jesus
Acende a certeza num pisca-pisca de luz
Fazendo aumentar cada vez mais a distância
Daquela sombra negra, agora sem importância.

O afeto se propaga em ondas no coração
Parte a tristeza, a alegria ocupa seu lugar
É natal, o reflexo de Jesus invade cada lar.

De nós espera somente delicadeza e afeição,
Um olhar complacente ao nosso redor
Atitudes mais justas para um mundo melhor.

Carmen Vervloet

Foto de Carmen Vervloet

AS ESQUINAS DA ALMA

Alma, este fascinante universo cortado
por ruas em permanente mutação,
onde sentimentos se cruzam nas esquinas...
Emoções em movimento
que tangem a existência
e traçam caminhos...
Caminhos que podem ser
um jardim em flor
cultivado no amor
ou um jardim de espinhos
no ventre infértil do desamor.
A opção é somente nossa.
Eu particularmente prefiro
transitar pelas ruas onde
o sonho engravida a vontade
que se faz inspiração
e gera realização.

Carmen Vervloet

Foto de Carmen Vervloet

PROCURANDO ESTRELAS

Meus olhos insones perdidos no horizonte
tentando desvendar a ausência das estrelas
ancoram logo na primeira fonte
na ilusão de no espelho d’água vê-las.

Mas parece que a luz dorme cansada
coberta pelo negro manto da escuridão...
Meu olhar à deriva na água ondulada,
afoga na solidão, a breve inspiração.

Mas um anjo me viu nesse abandono
e nas suas asas de plumas trazendo aconchego
veio embalar mais uma vez meu sono
envolvendo-me em seus braços num doce chamego

Carmen Vervloet

Foto de Carmen Vervloet

BARCO SEM VOLTA

No jardim de outono, um triste ipê desfolha
No chão, longa e lenta, se arrasta a tristeza
Uma lágrima cristalina, o meu rosto molha
O adeus inesperado me pegou de surpresa.

O coração, uma igreja vazia e silenciosa
No crepúsculo de um longo casamento
Previu a separação súbita e dolorosa
Da união que se fragmentou no tempo.

Sou herdeira universal da ingratidão
O resumo perfeito do pranto e da solidão
Pego uma carona num barco sem volta
E levo comigo a dor que não me solta.

Carmen Vervloet.

Foto de Carmen Vervloet

RITMO DA VIDA

Na cidade cinza, um pálido corpo desfolha
No mistério, da morte, que se aproxima lento
A lágrima orvalhada o rosto molha
A tristeza se arrasta pelo frio calçamento...

Ao longe no horizonte o sol se recolhe
Para recompor a energia derramada no dia.
O vento gelado debruça-se sobre a prole
Que cerra com sete chaves a alegria...

Nas ruas as luzes se acendem normalmente
Logo que as primeiras sombras se estendem
Os pirilampos tímidos cintilam no escuro
Sobre eras que tingem de verde os muros

Os céus parecem telhados iluminados
Inspirando, ardentes, os namorados
Envolvidos no manto doce do começo
Nas veredas que desconhecem o endereço

Os sonhos caminham por jardins orvalhados
Os pássaros fazem ninhos no beiral do telhado
O vento frio move as folhas em seu bailado
Enquanto os botões se abrem sossegados...

O poeta colhe na natureza a poesia
Pincela versos tingidos em estesia
Nos céus de luas prateadas
Que caem como raios nas calçadas.

Da janela ouve-se o gemido de um realejo
Tangem, na capelinha distante, os sinos
Enquanto a alegria dá um bocejo
A vida, isenta, entoa com ritmo seu hino.

Carmen Vervloet

Foto de Carmen Vervloet

POEMA ALADO

POESIA ALADA

Mesmo quando a vida
colocar em mim seu ponto final,
mesmo quando a morte meu corpo levar afinal
qual andorinha que fez seu ninho no beiral
e partiu cruzando o espaço abissal
minha alma voará pelo desconhecido
e misterioso caminho astral, mas
imortalizada no poema deixarei minha emoção
com asas de pássaro, com cheiro de alfazema
que por certo num velho livro amarelado
pousado numa página esquecida
tocará algum sensível coração
e nele florescerá qual miosótis orvalhado
fazendo renascer o momento
que ficou tão longe, no passado.

Carmen Vervloet

Foto de Carmen Vervloet

CANÇÃO DA ÁGUA

Já fui água cristalina
Fui pura qual menina
Que tem límpido coração

Sou a maior preciosidade
Sacio a sede da humanidade
Sacio a sede da plantação.

Sou água cor de diamante
Ando por lugares distantes
em busca de redenção

Meus braços insistentes
partem da minha nascente
Abraçando com toda afeição.

Já fui rio abundante
Refresquei calor escaldante
Vertendo sem violação

Hoje sou fio de esperança
Implorando a cada criança
Que me dêem sua proteção

Se eu for assassinada
Nem jardins, nem revoadas,
Só cinzas de civilização

Urge que eu tenha respeito
Pra correr límpida no leito
Para que bata meu co-ra-ção...

Carmen Vervloet

Foto de Carmen Vervloet

NOVO AMANHÃ

O ouro da aurora tão puro
Surgindo do espaço sideral
derrete um sentimento tão denso e duro
neste meu pranto torrencial.

Minha alma sombria evoca tédio mortal
Nas reticências de um lamento
Qual pássaro que emudeceu no beiral
Mas o sol põe um ponto final neste tormento

Meu eu profeta surge no compasso do verso
E cerca-se de ondas de inspiração
Capta os sinais sutis do universo
Com os olhos videntes do coração

Traz-me prenúncios de um novo destino
Pintado de sonhos cor de rosa
E neste meu desvelo repentino
Desabrocho qual delicada rosa.

E flor... espalho meu perfume
Nas sombras móveis do jardim
E faço da minha alegria um lume
Nas nuances de minhas pétalas carmins.

Carmen Vervloet

Foto de Carmen Vervloet

Reflexão (Por que os mineiros chilenos foram soterrados?)

A terra engoliu trinta e três seres viventes.
Guardou-os no seu útero, na escuridão.
Ninguém sabe se por algum motivo evidente
A terra os manteve debaixo de tanta pressão.

Deixou-os desesperançados e famintos...
Na incerteza se voltariam ao mundo,
Desesperados no seu restrito recinto
Nos seus corações um medo profundo.

O que a terra quis nos dizer eu não sei
Talvez quisesse mostrar o valor da vida
Mas por que trabalhadores cumpridores da lei?
Quem sabe quisesse muito longe se fazer ouvida...

No seu ventre guardou-os por sessenta e nove dias
Multiplicou-lhes a fé e a esperança nesta solitária gestação
E então lhes deu a luz com imensa alegria
Fazendo brotar amor, coragem, fraternidade e união.

Enquanto todo o planeta se dava as mãos em oração
Para o sucesso do resgate desses irmãos
A terra fazia brotar antigos valores em cada coração
E pedia que fosse feita profunda reflexão.

Carmen Vervloet

Páginas

Subscrever RSS - Blog de Carmen Vervloet