Se não sou cega, nem surda
e inquiro tudo que está à minha volta
também não posso ser muda
e congelar num iceberg minha revolta.
Preciso gritar a dor que me sufoca
e não me deixa ser totalmente feliz
cutucar com poesia os monstros que dominam da toca
e ferem a ferro e fogo deixando profunda cicatriz.
Sangra meu coração vendo crianças esmolando
mãos estendidas nos semáforos das avenidas
e os monstros nosso dinheiro esbanjando
deixando ao descaso tantas e tantas vidas.
São botões de primavera que fenecem no alvorecer
que perdem a cor antes mesmo que a flor se abra
tantos talentos que ao país poderiam enobrecer
perdidos nos vícios nas ruas e nas calçadas.
Se o amor dessas pessoas é pouco ou insuficiente
e não vêem a precariedade de tanta gente
o povo precisa ser mais astuto e inteligente
e renovar nossos políticos, urgente.
Carmen Vervloet