Olhando para esta chuva que do céu escoa,
eu lembro com saudade do meu passado,
meu pensamento, leve flutua, feito canoa,
num lago que eu guardei intato, puro e azulado.
São transparentes as águas deste lago
e nele mergulho sem nenhum medo...
Das profundezas surge um velho mago
que reconstrói em lembranças um doce enredo.
São cenas de uma infância livre e feliz
num lar construído com todo amor,
meu pai meu herói, tronco e raiz,
minha mãe meu aconchego, perfume e flor.
E no calor que emanava daquele abrigo,
feliz e tão segura eu me sentia,
guardada e protegida de todos os perigos,
com a felicidade em plena sintonia.
Olhando para esta chuva que do céu escoa
e bate como contas em minha vidraça
a saudade no meu peito seu canto entoa
lembrando que, com pressa, a vida passa.