Amei... amei tanto...
E indagava como poderia caber tanto amor
no meu coração
amei a vida com entrega... paixão...
Amei sem limites... com fé... devoção...
Fotografei momentos... semeei jardins...
Vi florescer em cada flor a essência do amor
em cada sol de um novo alvorecer
a alegria, o brilho, a intensidade de sua cor...
Cheguei a pensar que, um dia, bem velhinha
ainda estaria envolvida nessa linha
que costurava emoções...
Fios de ouro que acreditava resistentes
pertinentes a que tudo sonhei
toda uma existência pautada nesta paixão pela vida
independente de algumas quedas e feridas...
Fui o retrato colorido da alegria,
a encarnação da alma viva,
de uma pretensa sabedoria...
Mas os fios nem eram tão resistentes assim...
Com o tempo foram se desgastando
e se desprendendo de mim...
Hoje estou solta neste imenso universo
perdida entre lembranças do passado
tomada por desilusão e dor
do lado inverso de tudo que acreditei.
Meus sonhos se transformando em versos
e eu um fragmento de puro diamante
estilhaçado por esse mundo perverso
coadjuvante num palco de insensatez
Carmen Vervloet