Blog de Carmen Lúcia

Foto de Carmen Lúcia

Saber viver

Quero ver o sol sorrindo
abrir-se em raios amarelo-ouro
a circundar-me a luz de sua auréola
acariciando a alma, me aquecendo a pele.

Quero ver de perto a primavera
após a despedida do frio do inverno,
pra avaliar e apreciar o belo
e com ele, estabelecer um elo.

Quero banhos de cachoeira
sentindo o impacto de suas águas brancas
a energizar meu corpo, fazê-lo de remanso
e da mansidão da paz, eterna companheira.

Ver, nas tardes lânguidas de outono,
folhas caindo; alimentar meus sonhos
de imagens ricas que vão se formando
e quando concretizados, pensar que estou sonhando.

Quero andar de bem com a vida,
em harmonia com o ontem, hoje e amanhã...
fazer da dor uma aliada, não uma vilã;
despir-me de rancores, vestir todos amores.

(Carmen Lúcia)

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Revendo valores

Hoje revejo valores...
Conceitos e normas sem cabimento.
Preceitos a regularem procedimentos
que anos a fio insisti em preservar.
Perderam o significado, o quê de sagrado...
Tornaram-se fardo, aprisionando e aprisionados.
Guardados num cofre trancado
onde deposito o melhor de mim.

E o melhor de mim seria fruto
de conceitos padronizados?
Valores atemporais...Herança de ancestrais...

Fui palco de suas (im)posições;
platéia de suas (in)decisões.
enredo de suas (con)tradições,
curvando-me às suas (alien)ações.

Tornamos difíceis as fases da vida
sangrando expostas feridas,
quando a dor mais renhida
entra...sem bater.

Testemunhamos acontecimentos.
Os mais diversos e adversos.O viver!
Quando o embate conflitante faz prevalecer
a vontade de vencer...Ou se perder.

Hoje os vejo enfraquecidos,
desvalorizados, envelhecidos...
Perderam a garantia e por ironia
agora são espelhos a refletir legados...
por mim renegados.

Pobres valores desgastados pela vida
que não puderam acompanhar.
Ultrapassou-os a evolução do tempo
e hoje, sem tempo, coíbem o desejo de mudar.

Liberto-os e me liberto...
Que vão embora!
O tempo corre lá fora
e eu preciso o alcançar.

(Carmen Lúcia)

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Doces e amargas lembranças...

Doces e amargas lembranças

Invade-me suave nostalgia.
Não chega a ser saudade,
nem a ser doída.
Mescla de melancolia com vestígio de dor,
sequelas de história interrompida
não sei por quem, nem porquê.
Talvez pela própria vida.

Doces e amargas lembranças...
Tons de azul em dégradé
abrindo-se quais cortinas
esvoaçantes como a brisa,
revelando, de relance, seu olhar
que já não vê...que não me vê.
E que gravei pra sempre recordar.

Olhar fixo num horizonte perdido;
isento de brilho, da habitual sensualidade,
declaração febril de amor “eternidade”
que em silêncio, incandescia,
deixando-me estarrecida,
entregue ao torpor da vibração exercida.

Ainda ouço música no ar...
Agora, inexpressiva, sem emoção.
Inacabada...
Outrora, melodia que ensandecia;
ritmada,
em sintonia com o pulsar de coração.

Frágeis notas musicais
a derramar seus tristes ais
em gotas pálidas, delicados cristais...
Lágrimas fugazes que se esvaem
como o tempo que já não há mais.

Carmen Lúcia

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Nunca estarei só...

Nunca estarei só...

Ainda que a inóspita solidão
se faça presente em meio à multidão
querendo arrebatar-me a fantasia;
ainda que esteja só,
eu e mais ninguém,
mesmo assim sempre haverá alguém
comigo, lado a lado,
que por minh’alma será cultivado.

Enquanto feto...inspiração,
palavras em formação
gerando versos ainda perplexos,
buscando nexo durante a gestação,
sugando essência...maturação,
alimentando-se de emoção,
pulsando amor...Resolução.

E ao nascer...consagração;
Fruto da magia da imaginação.

Ouço, então, a minha própria voz
clamando-me a mais solícita poesia
parida pra dar vida à minha vida.

De poesia em poesia
descrevo a noite, desenho o dia...
De cada amanhecer recolho versos
esparramando-os em cada anoitecer
pra brilharem juntamente com as estrelas
que conversam com poetas, nas janelas,
enquanto me encanto com a poesia do luar.

Carmen Lúcia

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Mulher, da fragilidade à solidez...

Frágil como a luz que aquebranta
não sendo dia, nem sendo noite,
e nesse meio termo
peregrina pelo ar...
E, indefinida, espera calmamente pelo que virá.

Frágil como o orvalho que umedece as flores,
- tênue gotícula que as revigora-
chora ao realçar a flor que se abrirá
como se de sua alma nascesse a emoção;
beleza igual jamais existirá.

Frágil como os versos de um poema
sem métrica, sem rima, sem tema;
livres, vagando e divagando cantilenas,
pianíssimos sons que se diferem no clamor
e se unem na linguagem universal do amor.

Sólida como a rigidez de um rochedo
onde as águas batem, invadem e voltam
sem descobrirem o segredo
de tamanha solidez,
da rocha que não se desfez.

Sólida quando sangra
revelando a fragilidade
que a fertilidade estanca,
exaltando a sublimidade ...
Em teu ventre, a vida sacrossanta.

Mulher...
És simultaneamente
realidade e fantasia,
força que nos conduz... És luz!
Suavidade que alivia;
amor e abnegação
a quebrar correntes da submissão...
Gravando tua marca sagrada
em cada palma de cada mão.

Carmen Lúcia

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Fim de tarde

Fim de tarde...
Infinitamente tarde.
Que faço do amor
que não se finda
com a tarde...
Como a tarde.
Dos sonhos que não se acabam
embrenhados na tarde que se vai,
sem alarde.
Sem piedade, sem aviso, ela sai
e a nostalgia que fere, cai.
Como fino punhal
trazendo o final.

Por toda parte
o amor invade...
Sem saber que já é tarde,
sem saber o quanto arde
quando é infinitamente tarde.
E a tarde finita e fria
se alastra pela noite
sem sonhos, sem poesia
e acaba vazia.

E pelos cantos o amor se anuncia
pensando que ainda é cedo,
que ainda é dia...
que ainda cabe no curto espaço de tempo,
que cabe à tarde
que se finda,
levando toda magia...

Carmen Lúcia

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Fama

Subiu os degraus da fama;
deu de si o que podia...
o que pensou ser seu melhor;
atropelou o bem que havia
bem ao seu redor...
deixou à revelia
valores que engrandeciam.
Sem ponderação, ultrapassou limites.
Sentir-se lá no alto, observar de cima,
ser cortejada, inflar a auto-estima,
era mais que um desejo.
Uma obstinação!

Foi manchete de jornais,
notícia de colunista,
capa de revista,
da mídia, a sensação...
Chegou ao topo
das camadas sociais.
Tornou-se a maior atração.

Esqueceu-se da essência,
quis viver de aparência,
mas tudo que é supérfluo
tende a se deteriorar,
dá vazão à turbulência
e todo glamour se esvai.

Começou a despencar
sem ter onde se amparar...
Percebeu que o sol se esconde,
perde-se no horizonte,
que toda luz se apaga
quando a alma não tem chama...
E desalmada reclama
os valores imateriais
que lhe foram banidos,
tirando o colorido
de sua forma existencial.

Hoje, da fama à lama,
do cimo ao chão...
Esquecida, ensandecida,
ainda vive de ilusão;
pensa ser uma estrela,
a mais brilhante
de qualquer constelação.

(Carmen Lúcia)

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Livre, leve, ilesa...

Confundir alhos com bugalhos?
Cansei!
Cair no conto do vigário?
Parei!
Ouvir estórias da Carochinha?
Conta-as pra tua vizinha!

Procura outra praia...
Que essa agora é só minha!
Queres, comigo, fazer hora?
O tempo é sagrado
e se não te agrado,
cai fora!

Relógio é quem trabalha de graça
e não faz pirraça...
Trapaça o tempo todo?Só pra bobo.
Um dia cai a máscara!
A verdade sempre aparece,
prevalece
e ninguém se compadece.
"E agora, José?"
Nossa história findou,
a fonte secou...
O que era pouco, acabou.

A lua está linda!
Vou andar pela rua,
livre, leve, ilesa...
Em toda esquina
há sempre uma surpresa.

_Carmen Lúcia_

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Não digas nada!

Não digas mais nada!
Teus olhos já disseram tudo.
Mudos, fizeram-me entender
o que tuas palavras sonoras
foram incapazes de dizer...
Perderam a força, a elocução
e na indecisão mudaram de rumo,
acovardaram-se perante a missão.
Nelas eu não iria acreditar.
Não me atingiriam tão fortemente
quanto teu olhar...
Esse sim, calou-me fundo...
Tiro certeiro, profundo,
que me fez cambalear,
perder o chão, rodar o mundo,
chorar.

Como descrer da crueza de um olhar?

Final inconsolável para quem ama
e se vê inesperadamente só,
sem mesmo o consolo da ilusão,
tendo a presença constante da solidão.
Dor inigualável ao ver fragmentados
os sonhos,
outrora tão sonhados...
Agora, farrapos atirados ao chão.

E os próximos passos
tornar-se-ão pesados, drásticos...
Deixar o tempo passar, tentar esquecer.
Tempo que não passa....
Teima em retroceder!
Achar motivo pra sorrir...
Como? Se a razão de meu riso
não está mais aqui?

Viver por viver...
Ou sobreviver.
É o que tento; o meu intento.
Sentindo na alma um frio gelado;
o coração pulsando fraco...
Vivendo dias sempre iguais,
que projetam no ar
um quê de "nunca mais..."

(Carmen Lúcia)

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"Sal doce"

Nem tudo são flores!
Nem só dissabores...
Os dias são desiguais;
há tempos de festas
e de temporais...

E rimos à toa,
a vida é tão boa
na proa de um barco
a navegar...
Tamanha alegria
reflete nas águas
de azul celestial.

E o mundo pequeno
parece ingênuo
pra tanta euforia...
E leva poesia
girando sereno,
transborda magia,
e a doce esperança
de poder sonhar...

De repente, muda o cenário;
e a felicidade,
de destinatário...

O dia escurece,
a vida entristece,
a lágrima salgada
retorna ao mar...
que leva a poesia
e toda magia
pra outro lugar...
salgando os sonhos,
pesando o ar!

E o mundo tão grande
esnoba a euforia
que vaga errante
na noite sombria;
sem ter companhia,
sem luz do luar.

Saibamos viver
com sabedoria,
regando os momentos
de amor e harmonia...
A felicidade
é um bem inconstante
que não faz morada,
eterna viajante...

Temperemos a vida...
Açúcar e sal,
na medida exata,
pra não fazer mal.

Carmen Lúcia

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