Blog de Carmen Lúcia

Foto de Carmen Lúcia

Viagem Alucinógena

Mergulho pelo incandescente
Transpasso o intransponível
Circundo horizontalmente
Resvalo o intermitente
Trafego o indescritível
Perpasso o infinitivo
Caminho pelo transcendente
Navego areia movediça
Enterro tudo o que atiça
Fecundo o improdutível
Vagueio pela mata virgem
Flamejo o que me dá vertigem
Floreio pedras e espinhos
Definho amarguradamente
Renasço para o onipotente

(Carmen Lúcia)

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A velha escadinha...

Aquela escadinha da velha varanda
onde se percebe incontáveis pisadas,
de tão desgastada, saltam-se adiante,
driblando perigos por se achar destroçada...

Os vasos de flores que ali descansavam
surtiam as cores ainda não vistas...
E os beija-flores, de longe, turistas,
roubavam-lhe beijos em meio a torpores...

E quando a escadinha se enchia de flores
exalava seu lastro de essências florais,
a uma distância a se perder de vista...
Sentia-se a primavera ali cirandar...

Aquela escadinha exultante de flores
guarda segredos de grandes amores...
Botinas de couro, sandálias e fitas,
chapéus, coronéis e moças bonitas.

Carmen Lúcia

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Minha prima Vera (in memoriam)

Outro inverno se foi...
Evaporou-se com o calor do sol;
precisa sair de cena, morrer noutro lugar...
Dar passagem à primavera
que já despontou pelo ar.

Ei-la que surge...
Emoldurando os lugares;
estação das fragrâncias,
exotismo, exuberância
de flores, matizes, amores...

É a primavera!
Que debruçava em minha janela
com todo seu porte e nobreza...
E hoje a vejo singela
envolta de certa tristeza...

Ainda que todas se juntem,
reunam-se as primaveras
e esnobem tamanha beleza...
A dor que meu peito sente
jamais irá se acabar...

Minha prima Vera,
tão bela, tão nobre, donzela,
não mais a verei à janela,
partiu, transformou-se em quimera
...e nunca mais florescerá...

Carmen Lúcia

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Não queria que fosse assim...

Não queria...
sofrer duras consequências,
atar-me de abstinências,
ter que roer os ossos,
captar dores e lamentos
meus, teus, nossos...

Não queria ...
ser tão incontingente,
rebelar-me com os problemas de toda gente,
ser um pouco mais complacente;
bradar alto o que sinto, o que sentes...

Não queria...
Ter esse sangue quente
que corre nas veias, borbulha inerente,
tropeça, recomeça
e segue sempre em frente.

Não queria...
Ser apenas uma voz ou porta-voz,
mas o coral de uma orquestra sinfônica
e em volume máximo deixar as pessoas atônitas.

Não queria que fosse assim...
Gentes se afastando,
amores se desgastando,
flores se fechando,
continentes se desagregando,
oceanos se revoltando,
planeta pedindo fim.

Não queria que fosse,
mas está sendo assim...
Aos poucos vão tragando
a vida que há em nós, em ti, em mim,
e toda a inconsciência se revela
nessa inconsequência que impera.

_Carmen Lúcia_

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A espera...

Esperarei por ti...
Fingirei desconhecer tuas aventuras,
tuas conquistas fáceis, tuas loucuras,
teus encontros triviais, paixões banais,
porque depois das desventuras é a mim que procuras...

Esperarei por ti...
Enquanto provas as delícias do mundo
e te sacias das fatias proibidas,
andando por aí, de déu em déu...
enquanto te aguardo com o néctar do céu.

Esperarei por ti...
Mesmo que o tempo termine
ou seja longa a espera...
Que passem os anos carregando a primavera;
estarei aqui para te dar guarida,
enxugar teu pranto, abrir-te a porta
da chegada...
...ou quem sabe, da partida.

Carmen Lúcia

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Sobre o Amor...

O amor gera a paz...
Em nome da paz, há guerra...
A guerra extermina...
O poder predomina...
A mente superior domina...
Mundo de ostentação...
Uma só visão...
Ambição!
Companheira da destruição,
parceira da discórdia...
Do ódio...
Da ganância...
Da morte...
Da dor...

Enfim, o que é o Amor?

Carmen Lúcia

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Medo...

De despir-me das vontades
e nua de desejos e ensejos
perder minha identidade...

De desistir dos sonhos
e imbuir-me de marasmos,
cultivando um amanhã enfadonho...

de mergulhar no vazio;
dele não conseguir sair
e por mais que eu tente, nele persistir...

de perder a inspiração
vítima da síndrome do papel em branco...
...e fragmentá-lo com meu pranto.

de que a sombra se interponha
e me impeça de ver a luz...
o belo, o arrebol, o sol...

De que pensamentos funestos
conspirem contra mim, no universo,
e me retornem ainda mais perversos...

de não encarar a verdade,
alienar-me à falsidade
e mesmo que muito me custe,
mascarar a realidade.

De não ter ousado,
não ter lutado,
não ter recomeçado,
não ter acertado,
mesmo tendo amado...

Medo de não perder o medo...

Carmen Lúcia

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Vejo-te!

Vejo-te...

Na luz diáfana de cada alvorecer
trazendo resquícios prata do luar,
que ainda não teve tempo de se apagar...

Vejo-te...
Na beleza da flor a se abrir,
na fragrância que exala ao florescer
trazendo teu sorriso a me sorrir...

Vejo-te...
Em meio às brumas do oceano... e te chamo,
nas lágrimas que por não te ver, derramo
a imaginar que podes estar lá, que vais voltar...

Vejo-te...
Nos beijos prolongados dos apaixonados
quando fecho os olhos, ofereço os lábios
e sinto os teus, juntos aos meus...

Vejo-te...
Sob os lençóis da cama, a saciar
os desejos insanos que a alma reclama
e que acorda só, pois não estavas lá.

Vejo-te...
Quando olho o céu em noite de luar
e percebo uma estrela a me brilhar...
E tenho a certeza:És tu quem lá estás!

Carmen Lúcia

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Morada da poesia...

Ainda não sabia de poesia...
E seus olhinhos percorriam a fantasia.
Tudo podia...
Estar aqui ou alcançar estrelas...
e sem nenhum esforço, conseguir detê-las...

Ainda não sabia de poesia...
E de seus passos, a mais linda coreografia...
De sua alma, a expressão que traduzia
naquela dança, a vida que em si surgia...

Ainda não sabia de poesia...
Fixava seus olhos no desabrochar da flor.
E a via pequena, gigante, de toda cor...
Nenhuma outra magia a tiraria desse torpor...

Ainda não sabia de poesia...
Seus pés descalços na água do mar
transformavam sal em açúcar;
E as ondas brancas, golfadas de algodão-doce,
batizavam seu corpo de menina e moça.

Percebeu a poesia...
Ao descobrir o descompasso de seu coração;
Pulsações irreverentes, batidas diferentes,
e no papel
registrou o que sentia...

Sentiu a poesia...
Descobriu sua morada...
Por todos os cantos, recantos,
encantos e desencantos...
Viu-se cercada...

E a poesia mora
na lágrima que rola,
no sorriso que esconde a dor,
no riso anunciando amor...
No botão que se transforma em flor...

Ela está por toda a parte...
Basta apenas perceber
e do estado latente,
fazê-la acontecer.

Carmen Lúcia

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O palco é seu...

Toma!O palco é seu...
Derrama sobre ele
todo o veneno infundado
e o mal que sempre escondeu,
roubando-lhe o sorriso guardado
que a vida não devolveu...

Destila o que há na alma,
o que guardou em segredo
e lhe queima as veias...
Um nó preso na garganta,
o soluço que não se abranda
na pele de uma personagem
vivendo sórdido enredo.

Não faça figuração...
Encarne a personagem
em toda a encenação...
Dá-lhe autenticidade,
aquela que ainda restou.
Solte as palavras às luzes dos refletores;
que elas reflitam, bem alto, as dores...
Segura as que calaram e perca as que se foram.

Tira a máscara que o sufoca;
a capa que os sentimentos tolhe...
Não ouça a música que toca...
Canto de sereia pra levá-lo de volta...
Sinta-se livre, respira o novo ar...
Seja protagonista de sua própria vida...
A do artista sempre o trai...

Carmen Lúcia

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