Blog de Carmen Lúcia

Foto de Carmen Lúcia

Acalma meu coração

Acalma meu coração
Fala-me com jeitinho
Com todo o teu carinho
Envolve-me em tua emoção...
Leva-me em teus sonhos
Dorme comigo meu sono
Embala-me em tua canção...
Aperta-me junto a teu peito
Conforta-me com esse teu jeito
Me pega de jeito,no leito...
Liberta todos meus medos
Encosta teu corpo ao meu
Que vibra ao contato do teu...
Sinta minh’alma atrevida
Buscando a tua... que é minha
E juntas, suave combinação
Mistura de amor e paixão
Iremos os dois pela vida,
Nos seremos eterna guarida.

Foto de Carmen Lúcia

Ah...poeta!

Ah...poeta!

Que divagas pelo mundo
Desbravando almas,
A afagar feridas,
Resgatando a calma,
Construindo pontes
Sobre os abismos
Que o bem escondem...
Almas em retalhos
Salvas por atalhos
Por onde passastes
Por onde deixastes,
Como um peregrino,
Homem e menino,
Marcas registradas
Fé pré destinada.

Ah...poeta!

Que constróis guaritas,
És ancoradouro que o barco abriga
Alcanças o mais íntimo,
Inatingível sentimento,
Drenando sofrimentos,
Dispersando os lamentos,
Irrigando pensamentos
A florir em nosso eu...
Regados pelo teu dom
De enxergar o lado bom
Da vida, do desamor, da dor...

Ah...poeta!

É tua palavra
Bálsamo que alivia,
A fala de quem cala
O que está a sufocar,
Ao revelar o que é belo,
Tudo o que há de sincero...
Que todo o tempo é o de amar!

Poeta que canta as dores,
Encanta os amores...
És das cores, o matiz...
És o sábio e o aprendiz!
Tua alma imaculada
Morre e nasce a todo dia
Permanecendo imortalizada
Em tua poesia!

Foto de Carmen Lúcia

"Prima Vera"

O inverno se foi...
Levando sentimentos frios.
O sol despontou...
Acariciando folhas caídas
Que ganharam nova vida...
Ressuscitando pétalas mortas, vencidas.
Um suave aroma é soprado pela brisa
Que se espalha no ar feito canção, feito fusão
De essência de alfazema, lavanda, almíscar...

Borboletas desfilam suas cores
E disputam flores com os beija-flores...
Rastros verdejantes, o matiz das cores
Invadindo campos, despertando amores...
Abro a janela!Tão bela!É ela!
Veio com a primavera...
Como a primavera...
Minha prima Vera!
Exalando olores, toda a exuberância,
Porte e elegância, dignos da estação!
É ela!Tão bela!
Veio com a primavera!
...Minha
......prima
.........Vera!

Foto de Carmen Lúcia

Nunca é tarde

Quero consertar meus erros,
Livrar-me de culpas,
Mostrar arrependimento,
Sentimento verdadeiro,
Não apenas em palavras
Que voam ao vento,
Se perdem no tempo...
Mas através de atos
Que comprovem de fato
A transparente mudança...
Consertar o que estraguei...
O sorriso que não dei,
O carinho que neguei,
A palavra que não disse,
O silêncio que maldisse,
A esperança que não cri,
O consolo que omiti...
As lágrimas que não chorei,
A verdade que olvidei,
A alegria que contive,
A mágoa que mantive,
O perdão que não foi dado,
O beijo nunca roubado...
A primavera que não vi,
O inverno que não vivi,
Os sonhos que não sonhei,
Os passos que não andei,
O dever que não cumpri,
O amigo que não abracei,
O olhar que recusei,
O livro que não li...
Os frutos que não colhi,
A coragem que não ousei,
O amor que não partilhei,
O prazer que não senti,
A felicidade que perdi...

Ainda há tempo...
Nunca é tarde
Para o arrependimento...
Deixar falar o coração,
Voltar-se ao mundo e pedir perdão...

Vou atravessar as pontes,
Retratar o que não fiz...
Esquecer em cada canto
O bem que ainda resta em mim
Adormecido pelo desencanto...
Uma centelha de luz,
Que em meu ser ainda reluz...
Mostrar que consigo ser
Antes dos queixumes e da dor
Uma mistura bonita
De saudade, poema ...
...e amor!

Foto de Carmen Lúcia

Reminiscências

De repente bateu-me a saudade.
Viajei pelo túnel do tempo e me vi criança.Feliz, esperançosa, risonha, saudável.
Andava por um caminho ladeado de frondosas árvores.Altas, tão altas que alcançavam o céu.Circundavam-nas florinhas de todas as cores, todos os tamanhos, todas as fragrâncias.
O ranger de um carro-de-boi...e a expectativa de um passeio diferente para mim.Sonho realizado!Acomodei-me nele como se fora um carro-de-boi-alado.
Um riacho murmurava lânguidas canções que pareciam apaziguar o gado, que bem pertinho dali, pastava serenamente.Uma cachoeira despencava pelas montanhas, num festival de águas cristalinas, qual grinalda de noiva.
Pássaros, em grande profusão, ornamentavam o pequeno rincão e faziam algazarra; festa para os corações.Pousavam nos galhos e voavam pra todos os lugares, como se brincassem de esconde-esconde.
Quando passava por uma casinha branca de telhado quase grená, eu não resistia.O cheirinho de doce de cidra e de abóbora, anunciado pela fumacinha de uma chaminé, me fazia descer do carro-de-boi e pedir uma porção à doceira, pessoa que sempre me encantava com suas
histórias fantásticas de duendes,fadas e assombrações.Ali eu permanecia, deslumbrada pela magia de seus contos e saciada da vontade de seus deliciosos doces.
Ao soar o sino de uma capelinha de arquitetura rústica, construída no alto de uma colina, eu e todos os que habitavam o lugar, íamos, como em romaria, fazer nossas orações, pedir alento e agradecer a Deus por tudo que nos havia concedido.Eram momentos de graça.Hora da Ave-Maria.
Antes do sol se pôr, um berrante chamava o gado, que obedecia docilmente, parecendo estar cônscio de ter desempenhado sua função diária.E ia descansar lá no estábulo.
À noitinha, da janela de meu quarto, eu me sentia pertinho das estrelas, vendo-as mudar de lugar, chamando a atenção da lua, que sorria de suas traquinagens.
Na varanda, verdejante por samambaias em xaxins, sentados numa namoradeira, meus pais trocavam juras de eterno amor, iluminados pelo prata do luar.
Volto ao hoje.Tais lembranças adocicaram minha alma,apesar da realidade triste que reina no local do lindo rincão.
A tecnologia acabou com tudo, dando lugar à modernidade de fábricas poluentes,barulhos incessantes,pessoas irritadas, subordinadas a horários, regras, burocracias e competições descabidas.A luta desleal pelo poder.
A auto-destruição do homem.

Foto de Carmen Lúcia

Sem rumo

Oh, Deus! Será que enlouqueci?
Transgredi os limites da razão,
Fui além dos sonhos, das medidas da emoção,
E em meio a desequilíbrios e turbilhões
Nem sei quem sou, onde estou, pra onde vou...

Vesti e desvesti inúmeras fantasias...
Transvesti-me de sábia e aprendiz...
Na louca vida de encenação e ostentação,
Querendo ser eu mesma, fui atriz,
Onde ser verdadeira é mera ilusão.

Busquei no túnel escuro a flor do dia,
Para espantar meus medos, fiz poesia...
Subi ao pódio, sem ter vencido a luta,
Tentei me enganar e contornar os fatos,
Fui santa, fui puta...no decorrer dos atos.

Levanto o pano vermelho, me olho no espelho...
Frinéia ou Messalina, Pompadour ou Marie...?
E tenho a sensação de que nunca me vi...
Desconheço-me...Silêncio contemplativo...
E permaneço no gerúndio, perdendo-me no infinitivo.

Enfim, a quem recorrer, senão a Ti?
Quando tudo esmorece, ainda resta a prece...
E a esperança de um dia Te ouvir...
Santa, puta, demente...ou carente...
A verdadeira alma a Ti eu esculpi!

Foto de Carmen Lúcia

Adeus

Se eu chorar, disfarça...
Finge que não viu...
O que é uma lágrima
Ante a chuva que desaba,
Ante a dor que não acaba...
Que devassa e alastra,
Levando os sentimentos meus,
Lavando as marcas de um amor
Que não vingou, que não calou, que não ficou...
Ah...uma lágrima!...Diante de tudo que passou!
Se eu sorrir, não creia...
É só pra disfarçar meu sofrimento,
Sorriso que esconde meu lamento,
Riso pra sufocar meu pranto
Preso na garganta, como um grito
Calado, contido, reprimido, sofrido...
Prestes a desencadear, a detonar!
Se eu pedir que fique, vai...
Pra que prolongar sua partida,
Se já matou todos os sonhos meus?
No amor também existe despedida
E o mais triste e doloroso adeus!

Foto de Carmen Lúcia

Melhor assim

Deixei que o tempo passasse e me deixasse
Ancorada em mim mesma,arrebatada
Pela vida que eu não soube nem viver,
Pela coragem que jamais cheguei a ter.

Deixei,simplesmente deixei...
E vi tudo passar e nada fiz...
Por mim mesma,por tudo que mais quis,
Pelos sonhos que eu tanto almejei.

Fui covarde,fui pacata,não ousei...
Deixei que a sorte batesse em outra porta,
E os meus sonhos escapassem pelos vãos...
Sou um vazio,espaço frio,semi-morta,
Melhor assim...sem ter você,o que importa?

Foto de Carmen Lúcia

Esse meu poema...

Esse meu poema...

Corre para os mares,sobe pelos ares,
Se transforma em nuvens,
Em gotas de chuva, só pra te banhar...

Esse meu poema...

Qual poeira cósmica pra te energizar,
Cruza o horizonte,onde o sol se esconde...
Pra te encontrar...

Esse meu poema...

Gira pelo mundo,faz em um segundo
Esse amor profundo em riso transformar...
Pra te encantar...

Esse meu poema...

Rouba do arco íris, as cores marcantes,
Bem insinuantes,festa pros amantes...
Pra te enfeitiçar...

Esse meu poema...

Anda pelas ruas, madrugada e luas
Feito serenata,
Pra te inebriar...

Esse meu poema...

Brilha com as estrelas e junto com elas,
Muda de lugar...
Pra te ver sonhar...

Esse meu poema ...

É mais do que palavras,
É essência...
Traça o meu dilema,te fazer me amar...

Esse meu poema...

Singelo,um flagelo...mas sincero,
Sai do coração...
Pra te emocionar!

Foto de Carmen Lúcia

Ah...saudade!

Ah...saudade!Não fosse ela...
Como sorrir ao relembrar o passado?
Ou chorar um grande amor inacabado?
Como ouvir nossas canções enluaradas?
E sob o luar...dançar ...voar...imaginar...?

Ah...saudade!Veio ocupar o seu lugar...
Preencher as lacunas em meu coração,
A pulsar vazio,sem nenhuma emoção,
Velar meu sono,colocar-te em meu sonho,
Fazer-me pensar que tudo pode voltar,
E eu ...acreditar...e sonhar...e desejar...

Ah,saudade!Doce companheira!
Que dói e sopra as feridas...
Que amarga e adoça a vida...
Que sempre fica quando existe a partida
E que parte quando a hora é derradeira!

Carmen Lúcia

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