Blog de Carmen Lúcia

Foto de Carmen Lúcia

Ainda há tempo...

Ainda há tempo...

De realizar o que ainda não fiz...
Atitudes certas ou erradas
Que para sempre fiquem marcadas
No livro da vida, que hoje refiz...

Afinal, o que é o certo e o errado?
Em qual livro estará registrado
Que errei quando quis ser feliz,
Se acertei no que ainda não fiz?

Ainda há tempo...
De andar na contra-mão do tempo
De sorrir vendo a vida passar
E suavemente deixar-me levar
Sem correntes, sem querer relutar...
De morder a maçã proibida
E sentir sensação esquisita
Aguardar no que irá resultar...

Ainda há tempo...

De olhar violetas na janela,
Ver o raio de sol bater nelas
E num “insight”suas cores enxergar...
E quando me decepcionar,
Numa rede deitar, balançar
Ver no céu estrelas a piscar
Onde a lua me pede, atrevida
Que me apaixone de novo pela vida.

Ainda há tempo...

De me olhar ao espelho de frente
Desnudar minh’alma que a ele não mente,
Dilacerar a dor, livrar-me de um dilema
Ser poeta, escrever aquele poema
Onde os versos são todos de amor
Que mantive guardado em meu peito
E que não consigo mais segurar...

Ainda há tempo...
De querer ter um tempo de paz,
Amanhã poderá ser tarde demais...

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Até quando,Senhor?

Até quando, Senhor, conseguirei resistir?
Não quero perder a fé, se já não a perdi...
Não deixe que o mal prevaleça, que ele aconteça,
Não quero tornar-me fria diante do que vejo,
Diante do que sinto, sofro e desejo...
Preciso preservar meus sentimentos,
Que acredito serem bons...
E não os guardo em vão,
Desfazer-me de pressentimentos,
Mesmo quando esmoreço e fraquejo...

Ensina-me, Senhor, uma nova prece,
Esgotaram-se as que fiz e nada acontece...
Talvez não tenha dito as palavras certas,
Ou tenham se perdido por vias erradas
Soaram baixinho, não foram escutadas...

Senhor, suaviza, alivia a nossa sina,
Não deixe que a dor se torne rotina,
Não nos permita acostumar com ela,
Pois, caso torne-se rotineira,
O homem a fará sua companheira...
E todo o mal que ainda possa vir
Ele achará normal, não lutará para impedir...

Senhor ...que conhece minha verdade..
Lê a minha alma, vê meu coração...
Não me tire do meio dos bons...
Não me deixe ser covarde...
Ajuda-me...
...............em
....................minha
..............................missão!

Foto de Carmen Lúcia

Maravilhas...

Realidades irreais,
Que ultrapassaram limites,
Talvez haja quem duvide,
Que o homem fosse capaz!

Muito além de minhas rimas,
Na Grande Muralha da China
O homem se superou...
Visível no espaço sideral,
Universo repleto de versos,
Monumento colossal,
O sonho se realizou.

Por ordem de um mulçumano,
Romântico extremo, humano,
Construíram Taj Mahal,
Em memória de sua amada,
Vítima de doença fatal!
Monumento em mármore branco,
Que guarda a dor de seu pranto
Em sua beleza imortal.

Como glória do império romano,
Da mente do ser humano,
Do sonho à realidade,
Símbolo de júbilo e tormento,
Construiu-se o Coliseu...
Onde ainda ouve-se o brado
De quem vibrou e sofreu...
Permanecendo na história
Jogos, lutas, derrotas, vitórias.

Petra, cidade encantada,
Que abriga “O Tesouro”, seu ouro,
Templo helênico ...imponência...
Da Jordânia, maior atração,
Fruto de genialidade e inspiração,
Esculpido em pedra rosada
Cravada em sua fachada.

Chichén-Itzá, cidade pré-colombiana,
Dos maias, sítio sagrado,
Um lugar inusitado
Onde enorme pirâmide se ergueu...
Um espaço arquitetônico,
Centro político e econômico,
Templo de contemplação
De uma incrível civilização!

Machu Picchu, santuário,
Nas nuvens, um povoado,
Pelos incas resguardado,
E um dia abandonado...
Cidade perdida, exalando vida...
Nos Andes, velha montanha,
Um império... de grandes mistérios,
Sacrário que ninguém profana.

Feito de pedra-sabão,
Transbordante de emoção,
A todos Ele embala...
Braços abertos o tempo inteiro
Abençoando Rio de Janeiro,
Banhada pela Guanabara...
Jesus, o Redentor...
O Cristo, símbolo do Amor!

Foto de Carmen Lúcia

Quisera

Quisera eu ter o dom
De consolar os aflitos
Prevalecendo o perdão
E calar todos os gritos...
De dor, desamor, solidão...

Quisera eu levar paz
Aos corações em conflito
Acabar com a guerra fria
Aquela que trazem consigo
Fazer da mágoa, poesia
E da poesia, canção
Cantada em comunhão de amigos.

Quisera eu ter o dom
De devolver ao ente querido
O filho que não voltou
O pai que se perdeu na partida...
À mãe sofrida, o consolo
Pra sua dor mais condoída.

Quisera eu ter o dom
De invadir o universo
Com poemas, trovas e versos
E dispersar o que é perverso
Plantar sementes de amor
E de amor fortalecer a terra.

Quisera eu ter o dom
Da palavra que enxugue o pranto,
De levar esperança ao que creu
Mas que hoje lhe sangra a ferida
E que vive como quem morreu...
Ao desprezar a própria vida.
Se não posso ressuscitar os mortos,
Talvez consiga ressuscitar os vivos!

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Rompendo correntes

É inevitável que preciso mudar...
libertar-me de padrões que engoli,
com a garganta seca de ansiedade
de tabus apregoados, tatuados em mim...
bradando aos meus ouvidos inverdades,
liberar desejos engavetados, lacrados
que eu repudiei de maneira hipócrita...
com a vontade louca de ceder, me envolver, te devolver...
presa a preconceitos cravados em meu peito
que me impediam de ver,viver,querer,dar prazer...
Quero afastar a hipocrisia de meus atos,
e renascer,ser, fluir com meus anseios
e fazer parte de teus devaneios,
que também são meus...guardei-os em segredo
pra revelar agora..Talvez não seja tarde demais...
Não vais embora!Verás do que eu sou capaz!
Desfaze tuas malas, crê que eu mudei...
O medo já não há...de me entregar,de me doar...
E meus pudores, herança de ancestrais
Crendices abissais... não os carrego mais...
Recriarei meus sonhos...e alçaremos vôos
Ousando alcançar a plenitude desse nosso amor...
vitimado por um passado que abominei!
Fica!O tempo te dirá que eu mudei!

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O que eu gosto em você...

O que eu gosto em você...

É esse seu jeito de ser, meio maroto,
Pirraceando feito um garoto, a contragosto,
Zombeteando desse meu modo carente
E meio “careta”de lançar-lhe um flerte.

O que eu gosto em você...

É esse atrevimento em seu olhar,
Tentando me despir, me ver corar,
Olhos de “raio x”, a fim de descobrir
As minhas partes íntimas, o íntimo de meu ser,
E eu nem sei porquê...Elas são todas pra você!

O que eu gosto em você...

É querer ganhar-me facilmente,
Me arrepiando toda, indiscretamente,
Me deixar perdida, maliciosamente,
Me arrebatando o chão, impiedosamente,
E me levando à loucura, inconseqüentemente.

O que eu gosto em você...

É esse seu jeito imprevisível de ser,
É não saber se vem para ficar,
É não saber se vai pra não voltar.
E quando vem, é luz do dia,
E quando vai...noite sombria.

O que eu gosto em você...

É esse seu sorriso escancarado,
Qual porta aberta para o céu e o pecado,
É caminhar em direção ao infinito,
Por terra firme ou beira de precipício.

O que eu gosto em você...

É essa displicência, indiferença,
Quando de amor quero lhe falar
E num gesto sôfrego, me tapa a boca, me deixa louca,
Pra logo em seguida me beijar.

O que eu gosto em você...

São essas investidas tempestuosas
Gerando sensações voluptuosas...
Eu, frenesi do ápice da paixão,
Você, lava de vulcão em erupção!

O que eu gosto em você...

É ter-me ensinado, mesmo sem querer,
O lado gostoso do viver,
Um jeito tresloucado de querer,
Simples e complicado, calmo e agitado.

O que eu gosto em você...
É tudo o que me faz sentir...
Achar que do Big Bang só restou nós dois,
E todo o universo se formou depois...
É ver no arco-íris a oitava cor,
Me entregar de vez a esse louco amor,
É ver o dia amanhecer...resplandecer...
Sem me importar com o que possa acontecer!

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Sou...e não sou

Sou arredia, um bicho acuado,
Que foge de carinho por não ser acostumado.
Sou o escárnio, o sarcasmo, o pútrido,
A queixa a se manifestar no púlpito.

Sou a esquina úmida e vazia,
A conseqüência da noite de euforia...
Sou o rio que nunca chega ao mar
E morre na praia sem saber amar.

Sou a dor que pulsa quando o amor se vai...
E a lágrima triste que rola e se esvai,
Sou o incesto que não foi amado
E o mistério jamais revelado.

Sou a tempestade que o barco afunda
O fantasma que surge da penumbra...
Da alma, a amargura...
Da vida,a desventura...

Tijolo podre de uma construção
A desabar em qualquer ocasião...
Dependente...carente...mal amada,
E mais que isso...Sou nada!

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Abstrato e Concreto

Tudo o que não revelo
Pelo bem de quem mais quero,
Por saber que não há retorno,
Para não causar-lhe transtorno
Ou algum constrangimento
Guardo trancado no peito...
Abstratos sentimentos,
Esmiuçados lamentos,
Eternizados momentos
Que me fizeram crescer,
Que me fazem viver,
Ou quem sabe morrer...

O que trago no peito
É muito abstrato...ninguém pode ver...
É muito querer... sem nada ter...
É tanto amor...sem nenhum calor...
É desejo, é carinho,
É sofrer em desatino...
Até transbordar...
Sair da abstração,
Revelar a paixão
E se concretizar...
Quando não há mais jeito
O amor sai do peito...
Se revela e apela,
Mostra a cara e encara
E com jeito, sem medo,
Tende a se materializar...

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Um olhar...

Optei pelo silêncio...
Não disse nada...
Mantive-me calada.
Mas, quem cala consente,
E jamais consenti
O seu pré- julgamento,
As palavras que ouvi,
O que tanto sofri
Sem direito à defesa,
Sentindo-me tão indefesa,
Sem poder reagir...
Preferi me calar
E falar com o olhar...
Que falou sobre tudo,
Sem palavras lançadas,
Embaraçadas, cortadas,
Apenas um olhar mudo...
Que disse tudo
E você nem notou,
Nem sequer se calou,
Nem sequer percebeu
O que aconteceu...
E que tudo acabou,
Que foi melhor assim,
Que meu olhar disse:Fim!

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Que seja sempre assim...

Que seja sempre assim...

Manhãs que se recolhem ao cair da tarde,
Noites que despontam a anunciar
Que o dia já termina pro amanhã recomeçar...
Acordes interrompidos, a pausa que prepara
Um novo som que virá...
É o movimento ondulante, constante, incessante...
Renovando a Vida!
Levando-me,enlevando-me, conduzindo-me.

Que seja sempre assim...

Basta um começo...leve arremesso...
Após o primeiro passo, outros surgirão,
Após a tempestade, novos tempos virão...
Depois da chuva o frescor
Levando embora o dissabor.
Tudo leva para o depois...
Como se o agora fosse uma passagem constante
Que me leva a seguir confiante
Conduzida por um cordão invisível
A desvendar o indizível, o imperceptível...
A curiosidade me move, me remove, me comove.
Eu vou.Impossível não ir.Todo dia partir...
E me entregar...e em partes, me doar...
Devolver o que já sou...
Vivo pra desvendar...
Manhãs recolhidas, tardes caídas,
Noites a anunciar...
Que o dia se foi...o amanhã irá chegar...
Dobrar esquinas, descobrir o que há de mais...
Esparramar partes de mim...não olhar para trás...
Estar sujeita a reformas...Há muito o que reformar!
Sentir a presença divina...fazer um poema...
De amor, gratidão, emoção...Rimas triviais!
Externar o que está dentro de mim...
Poetas são todos iguais!

Que seja sempre assim...

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